O regresso ao confinamento geral não está a ser fácil, sobretudo numa altura em que a fadiga pandémica é uma realidade, com a população a acusar sinais de cansaço, stress e ansiedade. Mas este é, simultaneamente, o momento determinante no combate à Covid-19, sendo por isso importante fazer um esforço invidual (e também coletivo) para cumprir as regras e travar o pico de contágios no país. Para isso, é importante motivar as pessoas a enfrentar este momento de crise.
O jornal Público reuniu um conjunto de 13 princípios para uma comunicação mais eficaz na pandemia, publicados num artigo na revista científica European Review of Social Psychology, e que podem encorajar as pessoas a seguirem as normas voluntariamente, apelando à sua motivação mais autónoma. Na prática, as pessoas têm de sentir que devem fazê-lo porque é importante, porque é útil para elas e para a comunidade, e porque esse comportamento vai ter um impacto positivo e efetivo na realidade atual. Estas são as linhas mestras:
- É preciso explicar as regras
Será necessário não apenas explicar as regras, mas fundamentá-las. A publicação dá o exemplo do distanciamento: será preciso recomendá-lo, mas também referir quais as vantagens e benefícios de acatar esta regra, e o que é que pode acontecer caso não seja cumprido.
- As pessoas são agentes responsáveis e devem ser tratadas assim
Diz este princípio que as pessoas devem ser tratadas como agentes ativos, responsáveis e informados. Na prática, apela-se à necessidade de cada um assumir que irá cumprir a sua parte, com sentido de confiança.
- Linguagem informativa, mas não controladora
Deve evitar-se uma linguagem que induza pressão e culpa, nomeadamente através de frases controladoras que podem motivar estados de resistência por parte das pessoas.
- Apelar aos valores pessoais
Neste caso, tornar-se importante destacar o valor de proteger todas as pessoas, nomeadamente as mais vulneráveis – todos conhecemos alguem numa situação mais frágil, com quem nos preocupamos.
- Mostrar vários caminhos
É importante mostrar diferentes alternativas sobre como seguir as restrições. Por exemplo, ser claro sobre os tipos de atividades que podem fazer-se ao ar livre, como a prática de exercício físico, encorajando aulas virtuais como solução e “outro caminho” para colmatar esta necessidade.
- Dar instruções objetivas
Este princípio diz ser necessário oferecer às pessoas orientações sobre o comportamento que é necessário ter ou alterar, bem como instruções concretas sobre esse comportamente. Exemplos: utilização da máscara, higiene das mãos, etc..
- Dar feedback
É fundamental dar conta dos progressos às pessoas. Isto é, de que forma os seus comportamentos estão a desempenhar um papel positivo no combate à pandemia, nomeadamente no número de infetados e internados.
- Falar sobre os obstáculos
Ao mesmo tempo que é importante definir regras, é essencial dar dicas de como superá-las, caso haja algum tipo de barreira à mudança. Por exemplo, se é importante usar máscara, então deve-se providenciar ajuda ou financiamento a quem tem dificuldades financeiras.
- Empatia
Reconhecer perspetivas, sentimentos e potenciais conflitos é essencial. Ou seja, reconhecer os sacrifícios das pessoas, procurando perceber quais os efeitos colaterais das medidas nas suas vidas.
- Enfatizar o sentimento de partilha
É muito importante passar a mensagem de que “estamos todos juntos” nesta luta contra a pandemia. Ou seja, as pessoas devem ser relembradas que a crise afeta cada um de nós, seja de que maneira for.
- Criar confiança
A confiança resultará de uma comunicação transparente e aberta, sobre todos os riscos e incertezas.
- Identificar mensageiros
É importante identificar pessoas credíveis dentro de diferentes grupos e comunidades que possam reforçar a mensagem e as recomendações, atuando como vozes que legitimam a necessidade de se adotarem as regras.
- Apelar à entreajuda
Apelar ao sentimento de entreajuda é fundamental. Ajudar os outros é uma motivação poderosa que pode fazer a diferença.
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