
As mais recentes estimativas dos economistas do Banco Central Europeu (BCE) apontam para que a taxa de juro neutra (que não restringe, nem estimula a atividade) possa estar entre 1,75% e 2,25%. Isto quer dizer que, com a taxa de referência atualmente nos 2,75%, o regulador europeu tem margem para avançar com novos cortes dos juros. Já a Reserva Federal (Fed) norte-americana está preparada para manter os juros inalterados por enquanto.
Os economistas do BCE Claus Brand, Noëmie Lisack e Falk Mazelis estimam que, após um aumento modesto no pós-pandemia, o intervalo atualizado de estimativas da taxa de juro natural real para a área do euro "permaneceu praticamente inalterado desde o final de 2023". Até o final de 2024, as estimativas de intervalo mais recentes "variam entre 1,7% e 2,25%”.
Mas os mesmos especialistas alertam, desde logo, que "estes intervalos [da taxa de juro neutra] devem ser considerados meramente indicativos". A incerteza envolta dos indicadores económicos, como a inflação e o PIB, acabam por “limitar a utilidade das estimativas de taxa natural disponíveis para a condução da política monetária em tempo real”, explicam.
O próprio vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, observou que, embora seja um conceito académico interessante, a taxa de juro neutra "não é muito útil do ponto de vista da formulação de políticas". Na sua visão, os dados sobre empréstimos bancários acabam por ser um indicador muito melhor sobre o grau de aperto da política monetária.
De qualquer forma, o consenso atual do mercado é que o BCE vai reduzir os juros mais uma vez na próxima reunião de 6 de março. Mas as opiniões dividem-se sobre o número e intensidade de cortes dos juros ao longo de 2025: alguns acreditam que os juros vão ficar em 2% e outros em 1,75%.
Tudo dependerá da evolução da economia europeia – que está fraca –, da inflação que está ameaçada com as novas tarifas alfandegárias de Donald Trump, presidente dos EUA. O BCE liderado por Christine Lagarde também está de olho no desenvolvimento dos conflitos armados na Ucrânia e no Médio Oriente, bem como nas decisões da Fed dos EUA, que tocam as taxas de câmbio e os investimentos.
Fed dos EUA sem pressa para descer taxas de juro

A Fed norte-americana está preparada para manter a sua taxa de juro inalterada por enquanto, uma vez que a inflação continua elevada e o mercado laboral está sólido, disse o presidente do banco central esta terça-feira, dia 11 de fevereiro.
"Não precisamos de ter pressa para ajustar a nossa política", declarou Jerome Powell, numa audição na comissão de Assuntos Bancários do Senado destinada a apresentar o relatório de política monetária da Fed.
Recorde-se que na sua última reunião em janeiro, a Fed decidiu deixar a taxa de juro diretora inalterada, depois de ter começado o ciclo de descidas em setembro. A decisão foi tomada por unanimidade, depois de várias declarações do Presidente norte-americano, Donald Trump, a defender uma descida. A taxa dos fundos federais está atualmente entre 4,25% e 4,50%.
Dois dias depois da reunião, foram divulgados novos dados que mostraram uma aceleração da inflação para 2,6% em dezembro, contra 2,4% no mês anterior, de acordo com o índice PCE, que é o mais seguido pela Fed. Segundo Powell, a inflação aproximou-se do objetivo de 2% a longo prazo, mas ainda permanece elevada.
O presidente da Fed reiterou que reduzir as taxas de juro com demasiada rapidez "pode dificultar os progressos em matéria de inflação", enquanto uma descida muito lenta pode "debilitar indevidamente a atividade económica e o emprego". Hoje, as condições do mercado laboral são sólidas e parecem ter estabilizado, disse ainda.
"À medida que a economia vai evoluindo, ajustaremos a nossa política de forma a promover melhor os nossos objetivos de pleno emprego e estabilidade de preços", salientou. A Fed está atenta aos riscos em matéria de evolução dos preços e de emprego e a sua política está "bem posicionada para enfrentar as incertezas", indicou Powell, sem mencionar as tarifas anunciadas por Trump para as importações ou outras mudanças políticas.
*Com Lusa e Europa Press
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