Vladinir Putin ou Lionel Messi são apenas dois exemplos da extensa lista de chefes de Estado e celebridades internacionais que participaram em esquemas de fuga fiscal e que agora foram denunciados por uma investigação internacional de jornalistas, a Panama Papers.
A fuga de informação de grande dimensão surge a partir de uma sociedade de advogados do Panamá, a Mossack Fonseca, que tinha dados de mais de 200.000 entidades "offshore" que serviam de cobertura às finanças de centenas de pessoas em mais de 200 países.
O escândalo internacional, que resulta de investigação durante um ano sobre um esquema global de ocultação de património e dinheiro por parte de líderes mundiais, chefes de Estado e figuras públicas, foi denunciado este domingo, em exclusivo pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ na versão inglesa) - e que em Portugal inclui o Expresso.
A lista dos nomes e os cargos que aparecem em cerca de 11,5 milhões de ficheiros é extensa e antiga, remontando a 1977 e incluindo palavras históricas com o "Watergate".
A movimentação ilegal de dinheiro através de sociedades "offshores" esconde esquemas de branqueamento de capitais, corrupção política, proveitos de crimes de sangue, droga, terrorismo, fuga ao fisco, de acordo com a investigação feita por 370 jornalistas de 76 países.
Segundo o ICIJ, os ficheiros contêm novos detalhes sobre diversos escândalos, desde o roubo de ouro no Reino Unido aos casos de lavagem de dinheiro e corrupção no Brasil e na FIFA. Segundo o The Guardian, o UBS e o HSBC foram dois dos bancos que ajudaram os seus clientes a esconder dinheiro nestas "offshore".
A Mossack FonsecaA Mossack Fonseca, que está no epicentro deste caso, é uma firma de serviços jurídicos sedeada no Panamá que é especialista em incorporar empresas em regimes "offshore". É a quarta maior do mundo nesta actividade, emprega cerca de 600 pessoas e está presente em 42 países.
A companhia, segundo a Lusa, já negou à agência espanhola Efe qualquer vinculação a delitos que possam ter cometido centenas de milhares de clientes. Segundo a imprensa, a empresa comunicou aos seus clientes que foi alvo de um ataque informático e que os seus dados poderão ter sido afetados.
A Lista do Panama Papers, segundo o Jornal de Negócios
CHEFES DE ESTADO
Mauricio Macri, Presidente da Argentina
Bidzina Ivanishvili, ex-primeiro-ministro da Georgia
Sigmundur Davíð Gunnlaugsson, primeiro-ministro da Islândia
Ayad Allawi, ex-primeiro-ministro do Iraque
Ali Abu al-Ragheb, ex-primeiro-ministro da Jordânia
Hamad bin Jassim bin Jaber Al Thani , Antigo primeiro-ministro do Qatar
Hamad bin Khalifa Al Thani, ex-emir do Qatar
Salman bin Abdulaziz bin Abdulrahman Al Saud, Rei da Arábia Saudita
Ahmad Ali al-Mirghani, ex-presidente do Sudão
Khalifa bin Zayed bin Sultan Al Nahyan, Presidente dos Emirados Árabes Unidos
Pavlo Lazarenko, ex-primeiro-ministro da Ucrânia
Petro Poroshenko, Presidente da Ucrânia
PESSOAS COM LIGAÇÕES A CHEFES DE ESTADO
Família do primeiro-ministro do Azerbeijão, Ilham Aliyev
Li Xiaolin, filha do primeiro-ministro chinês, Li Peng
Arkady e Boris Rotenberg, amigos de infância do presidente russo, Vladimir Putin
Sergey Roldugin, amigo do presidente russo, Vladimir Putin
Rami e Hafez Makhlouf, primos do presidente da Síria, Bashar Assad
Ian Cameron, pai do primeiro-ministro britânico, David Cameron
Alaa Mubarak, filho do antigo president do Egipto
Mounir Majidi, secretário pessoal do rei de Marrocos, Mohammed VI
Mariam Safdar, Hasan e Hussain Nawaz Sharif, filhos do primeiro-ministro do Paquistão
John Addo Kufuor, filho do ex-presidente de Gana
Mohd Nazifuddin bin Mohd Najib, filho do primeiro ministro da Malásia
Daniel Muñoz, assessor dos ex-presidentes argentinos Kirchner
Juan Armando Hinojosa, "empreiteiro favorito" do presidente do México, Enrique Peña Nieto
Pilar de Borbón, irmã do rei da Espanha, Juan Carlos
Clive Khulubuse Zuma, sobrinho do presidente sul-africano, Jacob Zuma
Mamadie Touré, viúva do ex-ditador da Guiné, Lansana Conte
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