Trata-se de uma recomendação da Iniciativa Liberal que foi aprovada pela Assembleia Municipal de Lisboa.
Comentários: 0
Prédios devolutos em Lisboa com IMI reduzido
Imagem de Olaf por Pixabay
Lusa
Lusa

A Assembleia Municipal de Lisboa aprovou esta terça-feira (22 de novembro de 2022) uma recomendação da Iniciativa Liberal (IL) para que a câmara proceda à suspensão automática do agravamento do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) sobre prédios devolutos em ruínas que aguardam resposta ao pedido de licenciamento de obra.

A recomendação do grupo municipal da IL sugere à Câmara Municipal de Lisboa que “altere o regime aplicável ao agravamento do IMI sobre prédios devolutos com insuficiências de condições de habitabilidade e/ou em ruínas, de modo a introduzir a suspensão automática do agravamento do imposto a esses imóveis sempre que der entrada na câmara o respetivo pedido de licenciamento de obra, regressando o imposto, nesse momento e até à conclusão da obra, à taxa normal de 0,3%”, sem prejuízo de lhe ser posteriormente aplicado o Estatuto dos Benefícios Fiscais.

A recomendação foi aprovada com os votos contra do BE, Livre, PEV, PCP, PSD, MPT e PPM, a abstenção de um deputado independente do Cidadãos por Lisboa (eleito pela coligação PS/Livre) e da Aliança, e os votos a favor do PS, PAN, IL, CDS-PP e Chega.

Na apresentação da recomendação, a deputada da IL Angélique da Teresa disse que a cidade de Lisboa é toda ela uma ZPU - zona de pressão urbanística - e, por isso, é aplicado um IMI agravado a todos os imóveis que se encontram devolutos, independentemente de estarem em ruínas ou não.

“No caso dos edifícios em ruínas, que é o objeto desta recomendação, o primeiro passo para avançar com a reabilitação e para, posteriormente, pôr esses edifícios - sem qualquer condição de habitabilidade - de volta ao dispor das pessoas é dar entrada do processo de licenciamento, processo de licenciamento esse que pode demorar em média dois a três anos”, declarou a deputada da IL, referindo que os atrasos nos licenciamentos urbanísticos “é um problema que se arrasta há já demasiado tempo”.

“Como todos sabem esta demora encarece o preço final, tanto de venda como no arrendamento”, referiu Angélique da Teresa, alertando que, independentemente de a responsabilidade dessa demora ser da Câmara Municipal de Lisboa, quem espera pelo licenciamento vê o seu IMI agravado a cada ano que passa.

A favor da recomendação, o deputado do PS Pedro Roque considerou que pode ser “um balão de oxigénio” para os proprietários que pretendam investir na reabilitação dos imóveis em ruínas.

Casas devolutas e em ruínas em Lisboa
Imagem de Paola Sanchez por Pixabay

Apesar de considerar que “há bondade nesta proposta”, o deputado do PS Luís Newton defendeu que a prioridade deve ser investir na celeridade dos processos de licenciamento urbanístico, propondo que a recomendação da IL fosse remetida à comissão municipal respetiva para apreciação antes de ser votada, por considerar que o segundo ponto da proposta, que acabou por ser rejeitado, representava “uma dupla penalização”.

Para que a medida fosse “completamente proibitiva aos oportunistas”, a IL recomendou que a câmara preveja que, no caso de incumprimento por parte do proprietário na reabilitação do imóvel devoluto sobre o qual pediu licenciamento de obras, “ser-lhe revogada a suspensão do agravamento da taxa de IMI, com efeitos à data em que a mesma foi suspensa, e reposta a taxa agravada”, a que acresce “uma penalização suplementar de 25% sobre o montante do IMI a pagar, em cada um dos anos em que usufruiu da suspensão do agravamento”.

Esse ponto foi rejeitado com os votos contra do BE, Livre, PEV, PCP, PSD, CDS-PP, Chega e MPT, a abstenção de um deputado independente, PPM e Aliança, e os votos favoráveis do PS, IL e PAN.

"Um incentivo à reabilitação"

A deputada da IL reforçou que a recomendação pretende ser “um incentivo à reabilitação e um assumir sério que a Câmara Municipal de Lisboa tem um problema com os licenciamentos e que o está a resolver, mas enquanto não o resolve assume a sua parte de responsabilidade”.

A vereadora do Urbanismo, Joana Almeida (independente eleita pela coligação 'Novos Tempos' PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), referiu que, no âmbito dos tempos que a câmara demora, “50% das vezes” é porque os processos são mal instruídos pelo requerente, revelando que “em média 75% dos processos que entram na câmara voltam para trás, estão mal instruídos, alguns na especialidade chegam a 90%”.

A recomendação vai ser remetida à apreciação das comissões da Assembleia Municipal de Lisboa, assim como às Ordens dos Arquitetos, dos Engenheiros e dos Advogados, e às associações APPII e AICCOPN.

Ver comentários (0) / Comentar