
Sustentabilidade é um dos grandes pilares do Fuse Valley, o empreendimento que vai criar uma nova centralidade em Matosinhos (Porto) e cuja primeira pedra vai ser lançada já no próximo ano. Contam-se mais de 8,6 mil hectares de espaços verdes deste ‘smart valley’, sendo que alguns situam-se mesmo nas coberturas dos 24 edifícios que vão estar conectados entre si. Promovido pela gigante tecnológica da moda Farfetch e pelo Castro Group, o Fuse Valley candidata-se a ser o empreendimento mais sustentável de Portugal e um dos mais sustentáveis da Europa.
O futuro vale tecnológico vai nascer junto ao rio Leça e apresenta-se como um espaço de fusão entre comunidade, inovação e sustentabilidade, que abrirá à comunidade cerca de 12,6 hectares de espaços exteriores. Mas não só, já que nele vão poder instalar-se vários de espaços comerciais em 5.000 metros quadrados (m2), como áreas de restauração, ginásio e SPA. E haverá ainda um anfiteatro ao ar livre disponível para receber mostras de arte, palestras e workshops, revelaram os responsáveis pelo projeto na apresentação pública que decorreu na tarde desta sexta-feira, dia 24 de setembro de 2021.

Também do lado do projeto desenvolvido pelo Castro Group vão nascer 62.809 m2 de espaços de escritórios, praças em 70.076 m2, um hotel com 75 quartos e 42 apartamentos. E só aqui vão encontrar-se cerca de 11.873 m2 de coberturas ajardinadas e terraços. “O Fuse Valley será muito mais que um espaço de trabalho, será um local de fusão entre empresas, pessoas, cultura, arte e comunidade”, disse Paulo Castro, CEO do Castro Group, em entrevista ao idealista/news a propósito da apresentação.
No outro lado, vão ser construídos os novos escritórios da Fartfetch (60.888 m2) e ainda praças em 32.786 m2. É aqui que a equipa de CEO e presidente da Farfetch, vai continuar a reunir-se, algo que João Neves considera “importante” para estimular a “criatividade e criar uma cultura forte” dentro da empresa, disse na apresentação que decorreu na Casa da Arquitetura, em Matosinhos.

Embora considere que “futuro do trabalho vai ser diferente com mais flexibilidade e mais trabalho remoto”, o CEO do unicórnio tecnológico da moda defende que “será importante haver um equilíbrio entre trabalho presencial e remoto”. E neste novo espaço de trabalho promete dar condições para promover o bem-estar de todos, criando uma creche para os filhos dos colaboradores, uma academia focada no bem-estar e também salas para a prática de meditação, ioga e exercício, promovendo a saúde física e mental.
Conta-se quase 140.000 m2 de área construída que se distribui por 24 edifícios. Numa primeira fase do projeto, que vai arrancar já em 2022, vão ser desenvolvidos apenas 14 – sete edifícios do lado do Castro Group e outros sete do lado da Farfetch. E a sua conclusão está prevista para o último trimestre de 2025, segundo avançou na ocasião Paulo Castro.

Visão futurista voltada para o meio ambiente
Quem deu forma às ideias desta dupla que vai promover o Fuse Valley, foi o arquiteto finlandês Bjarke Ingels, responsável por desenhar grandes projetos internacionais para a Lego, Google e Nasa. “A sua visão futurista e a forma como pensa a sustentabilidade como um fator potencializador da qualidade de vida, reflete o cuidado com que o BIG [Bjarke Ingels Group] idealiza os espaços de modo a que coexistam no mesmo ecossistema pessoas, natureza e inovação”, salientou na mesma entrevista o CEO do Castro Group.

Foi inspirando-se na paisagem, no meio urbano envolvente, na natureza, no rio Leça que o famoso arquiteto desenhou o Fuse Valley, um lugar onde “todos os edifícios estão a beijar os edifícios vizinhos”, resume Bjarke Ingels na Casa da Arquitetura, enfatizando a conexão que foi criada para que pudesse existir um “enorme jardim no topo dos edifícios”. E não é só entre eles que há relação: “Os edifícios estão conectados criando ligações entre eles e a natureza”, disse ainda.

São vários os traços deste complexo que unem a tecnologia e inovação em prol do meio ambiente e do bem-estar dos trabalhadores. Na apresentação Bjarke Ingels destacou alguns: 85% dos postos de trabalho possuem iluminação natural e têm vistas para o exterior. Tudo foi pensado para que os “trabalhadores estejam sempre em contacto como exterior”, salientou ainda, destacando que o projeto “ tira o melhor partido do meio envolvente, que é a natureza”.

O Fuse Valley é “um exemplo como as cidades do futuro devem ser”, disse Pedro Siza Vieira, ministro da Economia e da Transição Digital, que esteve presente no evento. “Acredito que é a combinação desta tecnologia inteligente com a sustentabilidade (...), que reside aquilo que pode ser o futuro das cidades, onde se quer concentrar o talento e atividades económicas assentes na inovação”, afirmou ainda. E rematou dizendo que tudo isto gera “produtividade no talento”, um vetor essencial para o “crescimento da economia”.

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