Pedro Vicente, da promotora Habitat Invest, diz que há cada vez mais investidores nacionais no segmento residencial nacional.
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“Os portugueses estão de novo às compras e em força”
Pedro Vicente, Board Member da Habitat Invest idealista/news

Os estrangeiros investiram em força no mercado residencial nacional nos últimos anos, uma tendência que se deve manter nos próximos tempos, mas a verdade é que há cada vez mais portugueses a comprar casas no país. “Verificamos que o mercado nacional voltou às compras”, diz ao idealista/news Pedro Vicente, administrador da promotora imobiliária portuguesa Habitat Invest. “Constatamos que ao testar produtos direcionados para o mercado nacional, estes desaparecem em duas, três semanas”, acrescenta.

A Habitat Invest colocou à venda cinco projetos no SIL 2019, com o valor global de vendas de 165 milhões de euros. Há mais portugueses a investir? 

As boas notícias são essas. Temos estado no mercado com uma enorme dependência de compradores estrangeiros, primeiro foi o mercado chinês, depois o francês e o brasileiro. A boa notícia é que os portugueses estão de novo às compras e em força. O AlcântaraLofts foi vendido em 73% e só a portugueses [a conversa aconteceu durante o SIL 2019, que se realizou de 10 a 13 de outubro] e no Valrio, que é um produto de classe média-média alta, verificamos que a esmagadora maioria dos compradores é também de origem portuguesa.

Essa é uma aposta da Habitat Invest, direcionar produto para a classe média portuguesa?

Sim, a Habitat Invest está a conseguir fazer isso, colocou 155 unidades do Valrio já para esse mercado. Vamos lançar para o ano o Park West, mesmo ao pé da estação de metro da Ameixoeira. São 165 unidades de classe média e estamos convictos que vai ter o mesmo sucesso que o Valrio. O empreendimento está a aguardar licenciamento.

Fale-nos um pouco sobre o AlcântaraLofts. São 33 casas que vão nascer no antigo Bingo do Atlético...

É um projeto que me é muito caro, porque funcionou para nós como um pequeno laboratório para ensaiar futuros produtos. Há aqui ensaios de macroliving, de co-living, de formas de vida um pouco diferentes, um pouco ajustadas às pequenas dimensões e à ‘affordability’.

"A Habitat Invest afirmou-se nos últimos anos na reabilitação, é uma empresa várias vezes premiada na reabilitação urbana. De qualquer forma, neste momento, estamos muito orientados para a construção nova"
Pedro Vicente, administrador da Habitat Invest 

O sucesso esmagador do projeto veio confirmar que todas estas variantes que pusemos em prática aqui, como pequeno teste para projetos maiores, estão a bater certo. Testámos soluções aqui que vão servir para os nossos próximos produtos. 

Pode dizer-se que o AlcântaraLofts é um projeto de co-living?

Há algum espírito de co-living, na medida em que temos frações residenciais muito contidas e áreas exteriores dentro da pequeníssima dimensão do projeto, bem como áreas de convívio. Todos os apartamentos são orientados para a mesma zona de convívio e todos são envidraçados para essa zona, no sentido de aproximar pessoas e de tornar a área central uma área de convívio e de lazer. É um ensaio, mas como digo, achamos que o produto está perfeitamente alinhado com o mercado. 

Há cada vez mais produto de obra nova no mercado. É também uma aposta da Habitat Invest?

A Habitat Invest afirmou-se nos últimos anos na reabilitação, é uma empresa várias vezes premiada na reabilitação urbana. De qualquer forma, neste momento, estamos muito orientados para a construção nova. Temos projetos como o Páteo de Salema, no Rossio [Lisboa], em licenciamento, que é reabilitação pura e dura, mas a nossa ação estende-se cada vez mais à construção nova. É uma tendência que se está a confirmar. A orientação está a ser essa e o mercado está a responder e a aperceber-se que efetivamente faltava muito produto. 

Há alguma possibilidade da Habitat Invest vir a cotar em bolsa, nomeadamente agora que as Sociedades de Investimento e Gestão Imobiliária (SIGI) são uma realidade?

Não temos planos para isso neste momento, mas estamos a seguir o fenómeno muito de perto e estamos perfeitamente habilitados a acompanhar um parceiro financeiro que queira dar esse passo em Portugal. A demora em aparecer tem a ver com o facto do mercado estar a caminho da maturidade. Não tem a maturidade, por exemplo, e em termos comparativos, do mercado espanhol. E por isso está a demorar a responder. Por outro lado, também é um mercado que reage mais lenta e cautelosamente, e como tal com efeitos perversos mais controlados. Mas estamos em crer que 2020 vai ser o ano em que vamos conhecer algumas SIGI.

Sobre o atual momento do mercado residencial em Portugal, o que nos pode dizer? Continua a estar na moda?

Estamos muito cautelosos, mas não temos como não dizer que o momento é excepcional. Não temos qualquer evidência de que o mercado possa cair. 

"Estamos muito cautelosos, mas não temos como não dizer que o momento é excepcional. Não temos qualquer evidência de que o mercado possa cair"
Pedro Vicente, administrador da Habitat Invest 

Dependemos cada vez mais de um leque mais alargado de proveniências em termos de clientes estrangeiros. Verificamos que o mercado nacional voltou às compras. Verificamos que ao testar produtos direcionados para o mercado nacional, estes desaparecem em duas, três semanas. Não temos, portanto, qualquer evidência que o mercado possa sofrer alguma contração. 

Disse que os portugueses estão mais ativos no mercado. Compram casas para viver/residir, ou para depois as colocarem a arrendar, por exemplo?

Temos a experiência de compra para viver, mas recentemente aquilo que é mais evidente é compra para investimento. Isto tem um efeito interessante mais à frente, que é o de aparecerem muitas frações para arrendar, reforçando o mercado de arrendamento, que é praticamente inexistente, e com produto novo. Tem essa grande vantagem, ou seja, as pessoas estão a investir, a refugiar-se no imobiliário para ter rentabilidades, o que alimenta aos poucos o mercado de arrendamento, que é particularmente frágil. 

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