Ricardo Farinha, administrador do grupo AFA, analisa impacto da pandemia no mercado imobiliário, construção e turismo.
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"A oferta de habitação nova continua a ser escassa e a procura mantém-se a um nível elevado"
Administrador, Ricardo Farinha. Grupo AFA

Apesar das expetativas "relativamente frágeis" sobre o mercado imobiliário, o grupo AFA mantém o foco e a aposta no mercado de luxo, visível na marca Savoy Residence, um conceito imobiliário de gama superior associado à marca Savoy Signature na hotelaria. Em entrevista ao idealista/news, Ricardo Farinha, administrador do grupo sediado na Madeira e com presença a nível nacional e no mercado externo, faz um balanço do ano de pandemia nos resultados, revela novidades na área residencial - nomeadamente o  empreendimento do Cais do Ginjal, em Almada, e projetos de gama superior na Madeira, cuja promoção será feita sob a marca AFA Real Estate - e analisa o mercado de imobiliário e construção, enfatizando o facto de a oferta de habitação nova continuar a ser escassa a nível nacional e a procura manter-se elevada, em particular, por parte das famílias de classe média-alta, nacionais e internacionais.

O grupo AFA engloba várias áreas que incluem a construção, imobiliário e hotelaria. O que se destaca em cada uma delas?

Estes são efetivamente os três pilares que sustentam a atividade do nosso grupo. Na área da construção, destaco a evolução contínua, aquisição permanente de novas técnicas e especializações e o crescimento do âmbito geográfico.

Ao longo do tempo, fomos sempre evoluindo ao nível da formação dos nossos quadros e implementação de novas formas de trabalho com inovação e visão, mesmo que isso não se tenha refletido no imediato no volume de negócios. Temos sempre considerado essa aposta como um investimento no futuro.

No imobiliário, realço a criação da marca Savoy Residence, com a definição de um conceito imobiliário de gama superior associado também à marca Savoy Signature na hotelaria.

"A oferta de habitação nova continua a ser escassa e a procura mantém-se a um nível elevado"
Saccharum hotel Grupo AFA

Na hotelaria, sublinho o trabalho que foi desenvolvido na criação de um portefólio de seis unidades, no mesmo destino, com conceitos, produtos e ofertas diferenciados, todos com uma grande preocupação de estética, design e arquitetura, aliando o savoir faire da experiência de anos e anos no sector da construção com a experiência do grupo AFA na hospitalidade, não só desde o Calheta Beach, mas também pela herança que recebemos com a integração dos hotéis do antigo grupo Savoy.

O volume de negócios no setor da construção não teve um impacto negativo tão grande como teve, por exemplo, na hotelaria/turismo.

Tendo em conta a situação de pandemia, como está a decorrer a atividade?

O surto pandémico, que vivemos desde março 2020, tem tido e terá graves consequências económico-financeiras para o país. São tempos de contenção e ponderação em todos os segmentos.

O volume de negócios no setor da construção não teve um impacto negativo tão grande como teve, por exemplo, na hotelaria/turismo. Na construção, tivemos, em 2020, uma paragem forçada de 2 a 3 semanas, na Madeira, mas sem consideráveis impactos económicos na nossa atividade.

Por sua vez, na hoteleira, o efeito tem sido devastador dado que os nossos ativos estão todos localizados na Madeira, destino que apresenta grande dependência de mercados emissores com grandes restrições a viagens turísticas. Sem turismo e com este contexto desfavorável nos mercados emissores não se perspetiva a recuperação desejada num futuro próximo.

Em relação ao imobiliário, qual é a expetativa?

As expetativas relativamente ao mercado imobiliário são relativamente frágeis, mas mantemos o foco na nossa aposta no mercado de luxo. A oferta de habitação nova continua a ser escassa e a procura mantém-se a um nível elevado, em particular, por parte das famílias de classe média-alta, nacionais e internacionais.

Nos novos projetos que estamos a desenvolver, estamos atentos às alterações no mercado assim como às exigências dos compradores decorrentes das novas e diferentes necessidades de habitabilidade.

Atualmente, o consórcio já se encontra a desenvolver o projeto Varino 6, na Avenida João Crisóstomo, com uma localização fenomenal, em Lisboa.

O grupo AFA estabeleceu parcerias na área do imobiliário, como é o caso da Varino. Como está a decorrer?

A parceria com a Socicorreia nos projetos Varino tem sido um sucesso nos vários empreendimentos. O primeiro, Varino 1, está totalmente vendido, e o Varino 2 apresenta vendas na ordem dos 90%.

Esta parceria, que começou em Lisboa em 2016 (onde também se localizam o Varino 3 e 4), tem dado frutos e já se estendeu até ao Funchal com o desenvolvimento do projeto Varino 5 – parte integrante do empreendimento ‘Dubai’ na Estrada Monumental.

Atualmente, o consórcio já se encontra a desenvolver o projeto Varino 6, na Avenida João Crisóstomo, com uma localização fenomenal, em Lisboa.

No caso do empreendimento Ginjal, em Almada, quando se prevê o seu avanço?

Neste momento, após aprovação pelos serviços municipais, o processo segue os trâmites normais e aguarda a conclusão dos processos dos registos prediais. É um projeto que se prevê iniciar ainda este ano e no qual estamos envolvidos há mais de duas décadas.

Aproxima-se, deste modo, o início da requalificação daquele território maravilhoso que beneficia de características únicas com vistas privilegiadas e com a contiguidade com o rio. Será definitivamente uma revitalização profunda da zona ribeirinha, com cerca de um quilómetro de frente, conhecida não só como a ‘porta de entrada fluvial de Almada’, mas também como o melhor miradouro sobre a cidade de Lisboa.

Considera que a promoção de habitação para classe média e para o arrendamento pode tornar-se uma operação rentável?

Nesta fase, não prevemos a aposta em projetos de arrendamento, quer nos empreendimentos existentes quer nos futuros.

O empreendimento Ginjal, em Almada, é um projeto que se prevê iniciar ainda este ano e no qual estamos envolvidos há mais de duas décadas.

Qual é o peso dos mercados internacionais na atividade do grupo AFA?

Na construção, temos mercados internacionais com muito peso e importância acrescida no desenvolvimento da nossa atividade no setor. Angola é precisamente o mercado que mais se destaca tendo representado, em alguns anos, 70% da faturação da construtura, a AFAVIAS. Temos ainda, sucursais na Guiné Equatorial, Colômbia e obras feitas na Mauritânia e Senegal, mas com menor peso no todo da nossa atividade ao longo destes anos.

A nossa expansão tem demonstrado resultados muito positivos ao longo dos anos e é uma aposta que pretendemos manter. Além do crescimento da empresa, a internacionalização diminui a nossa dependência em determinados mercados. Em 2020, por exemplo, o volume de negócios na Madeira não atingiu 50% do total da nossa faturação.

"A oferta de habitação nova continua a ser escassa e a procura mantém-se a um nível elevado"
Savoy Residence Grupo AFA

A nível dos projetos imobiliários, apesar de se localizarem todos em Portugal, temos uma grande variedade na proveniência e na nacionalidade dos compradores, sem nenhum país específico a destacar, mas com uma forte presença europeia.

No que concerne à hotelaria, os nossos ativos são todos na Madeira e os nossos mercados principais são o Reino Unido, a Alemanha e o mercado nacional.

A nível dos projetos imobiliários, apesar de se localizarem todos em Portugal, temos uma grande variedade na proveniência e na nacionalidade dos compradores, sem nenhum país específico a destacar, mas com uma forte presença europeia.

Qual foi o volume de negócios do grupo AFA e o contributo de cada área de negócio?

Em 2020, os valores do volume de negócios rondam os 120 milhões de euros no setor da construção, 35 milhões no imobiliário; e 30 milhões na hotelaria.

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