Espaços de trabalho estão a ser repensados e transformados de acordo com as novas necessidades dos trabalhadores e empresas.
Comentários: 0
Futuro dos escritórios
Foto de Jopwell en Pexels

O mundo do trabalho ficou do avesso com a chegada da pandemia. Muitos profissionais passaram a trabalhar a partir de casa e, ao longo do tempo, foram provando os benefícios deste regime laboral. E a verdade é que a maioria dos trabalhadores afirmou querer continuar em teletrabalho. E o que muda nos escritórios neste cenário? Agora assiste-se a uma onda de readaptação dos espaços às novas necessidades das empresas e dos próprios trabalhadores, onde as áreas colaborativoas e sociais saem reforçadas.

O teletrabalho invadiu a vida de mais de um milhão de pessoas no arranque da pandemia, em março de 2020. E, um ano depois, a maioria dos portugueses que estava a trabalhar a partir de casa disse querer continuar em teletrabalho - cerca 80,4% -, segundo concluiu um estudo levado a cabo pelo Observatório da Sociedade Portuguesa, da Universidade Católica em Lisboa, que foi divulgado em maio de 2021. Agora o teletrabalho deixou de ser obrigatório, mas são muitas as empresas e colaboradores que decidiram adotar, em definitivo, este regime de trabalho.

E o que acontece ao mercado de escritórios? Haverá quebra de procura? Os dados mais recentes em termos de ocupação mostram-nos o contrário. Os níveis de arrendamento em Lisboa e no Porto estão em linha com os de 2020. Em concreto, em 2021 foram ocupados cerca de 137 mil metros quadros (m2) em Lisboa e ainda cerca de 40 mil m2 no Porto, segundo os dados Cushman & Wakefield divulgados no início de janeiro de 2022.

No que diz respeito ao investimento imobiliário foram os escritórios que voltaram a liderar a procura de ativos de rendimento, tendo representado 40% dos quase 2.000 milhões de euros transacionados, tal como noticiou o idealista/news. E as espectativas é que os escritórios manter-se-ão nos principais focos dos investidores. Mas há novos desafios na calha "a falta de produto de qualidade tem motivado a definição de uma nova tendência: o investimento em imóveis devolutos e a sua reabilitação", sublinhou a Savills. Como vão ser, afinal, os escritórios do futuro?

Adaptação dos escritórios Covid
Foto de RODNAE Productions en Pexels

Teletrabalho e os escritórios no pós-pandemia

Agora, são várias as empresas que estão a fazer obras nos escritórios para readaptar os espaços às novas necessidades de trabalho. “Nos escritórios, a massificação do teletrabalho levou muitas empresas a repensarem o seu modelo de ocupação. Tem-se comprovado que estas mudanças não correspondem necessariamente a uma redução de área, mas à transformação da mesma com maior diversidade de espaços com mais zonas colaborativas e sociais”, nota Mariana Rosa, head of leasing market advisory da JLL em comunicado.

Sem a presença obrigatória dos trabalhadores nos escritórios, os espaços fixos de antes estão a ser substituídos por áreas de trabalho comuns. “São residuais as empresas que não obrigam a uma presença, ainda que reduzida, no escritório. Isto faz com que as empresas tenham de ter condições para acolher pontualmente todos os colaboradores e que tenham mais zonas de colaboração e reunião”, resume Carlos Oliveira, director da área de escritórios da Cushman & Wakefield, citado pelo Público.

Transformação dos escritórios
Foto de Anthony Shkraba en Pexels

Os espaços antes ocupados a trabalhar tendem a ser transformados em zonas de convívio e de reuniões, tal como explica Joana Fonseca, Head of Strategic Consultancy & Research da JLL em comunicado: “Há uma maior aposta em áreas sociais, de lazer e colaborativas, no sentido de transformar o espaço de trabalho num local mais apetecível que o conforto do home office”.

“Os novos espaços vão passar a ter menos postos de trabalho, mas a área que é libertada é compensada por espaços de reuniões, criatividade e inovação, salas polivalentes – que tanto servem para uma conferência como para uma aula de yoga – e espaços exteriores. O escritório será, mais do que nunca, um fator de atratividade e retenção de talento “, comenta André Almada, responsável pela área de escritórios da CBRE Portugal, citado pelo mesmo meio.

Uma das tendências antecipadas para 2022 no que diz respeito aos escritórios – e ao imobiliário em geral – passa por garantir a eficiência energética dos edifícios. Nos escritórios “a importância da adoção de políticas de sustentabilidade é cada vez mais presente e exigida pelos investidores”, realça Gonçalo Santos, Head of Capital Markets da JLL, destacando que ”Portugal tem a vantagem de praticar rendas muito competitivas face a outros mercados europeus para uma oferta de grande qualidade”.

Ver comentários (0) / Comentar

Para poder comentar deves entrar na tua conta