casa arrendada: viver num t2+1 em campo de ourique, lisboa (fotos)

na rubrica “casa arrendada”, que iniciamos esta segunda-feira, precisamente no dia em que entra em vigor a nova lei do arrendamento, contamos-te histórias de pessoas que optaram por ser inquilinos em vez de proprietários. a crise fechou a torneira do crédito à habitação, tornando quase impossível a compra de casa, o que está a levar cada vez mais gente a procurar soluções no mercado de arendamento

isabel (33 anos) e antónio (29) são tradutores e vivem em lisboa, apesar de terem nascido no norte do país, no porto e em guimarães, respectivamente. habitam numa casa arrendada em campo de ourique, em lisboa (um t2+1), com mais de 50 anos – construída nos anos 1960 –, pela qual pagam cerca de 700 euros por mês 

pergunta - há quanto tempo vivem nesta casa?
resposta - vai fazer três anos em dezembro

p: já tinham vivido numa casa arrendada?
r: sim

p: onde e durante quanto tempo?
r: (isabel) antes desta, já tinha vivido durante três anos noutras três casas arrendadas: alguns meses no forte da casa, em vila franca de xira, lisboa; cerca de ano e meio em santos-o-velho, em lisboa; e cerca de ano e meio na freguesia de santa isabel, perto do rato, também em lisboa
(antónio) desde que fui estudar para a faculdade, em 2001, que vivo em casas arrendadas. primeiro no porto, agora em lisboa, sendo esta já é a segunda passagem por campo de ourique

p: o que vos levou a escolher a casa onde vivem actualmente?
r: o facto de estar em óptimo estado, de ter boas áreas e acesso a transportes, de se encontrar num bairro interessante e de ter vida, que também era essencial

p: como a conseguiram encontrar e quanto tempo demoraram?
r: demorámos cerca de três meses a encontrá-la e foi através de um anúncio num portal imobiliário e posterior contacto com a imobiliária

p: é difícil encontrar uma boa casa para arrendar? porquê?
r: muito difícil. o mercado de arrendamento em lisboa é de alteração rápida, ou seja, quando se encontra um negócio interessante não há muito tempo para decidir. há também muitas casas em péssimo estado e muitos imóveis com anúncios enganadores que fazem perder bastante tempo

p: quanto pagam de renda? parece-vos um valor justo? o que pensam dos valores praticados actualmente no arrendamento? 
r: pagamos cerca de 700 euros por mês. parece-me um valor um pouco elevado. no geral, as rendas são algo elevadas, muito devido ao parco mercado de oferta de arrendamento que existe em lisboa quando comparado com a procura

p: como decorreu a negociação do valor da renda? 
r: as negociações ainda estão em curso, mas dado que a renegociação para um valor mais baixo foi sugerida pelo próprio senhorio tem tudo para acabar em bom porto

p: que conselhos dariam a quem vai negociar a renda?
r: acima de tudo, jogar com o mercado. como em qualquer negociação de preços, apresentar como exemplos outros valores mais baixos para obter uma harmonização das rendas

p: acham que o futuro passa por comprar ou arrendar casa? 
r: neste momento, passa pelo arrendamento. permite uma maior mobilidade. numa casa comprada a mobilidade e a troca para uma casa mais económica também são possíveis, mas o processo é muito mais moroso

p: têm alguma história curiosa que tenha acontecido no processo de arrendamento?
r: (antónio) não nesta casa em particular, mas na casa anterior que arrendei. esteve por arrendar, por opção do proprietário, durante dois anos, porque tinha lá vivido um casal que não pagou renda durante mais de dois anos. uma das pessoas era advogado de profissão, o que acredito que lhe tenha permitido “esticar a corda” até ao limite máximo legal que conseguiu antes de ser levado a tribunal. espero que este tipo de situações venha a desaparecer com a nova lei, que esta agilize os processos e que mais proprietários tenham confiança no mercado de arrendamento. isso seria muito vantajoso para as duas partes