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Luís Lima: “80% dos projetos que vão aparecer no Porto são para AL”
Samuel Zeller/Unsplash

"Cerca de 80% dos projetos que vão nascer no Porto nos próximos dois anos terão como destino o Alojamento Local (AL)". Os números foram avançados por Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), que voltou a apelar ao “cuidado” em matéria legislativa. “Uma alteração radical pode matar esses projetos e contaminar todo o mercado”, frisou, salientando a possibilidade de imperar “algum bom senso” nesta matéria.

O responsável, que falou com o idealista/news à margem da sessão de apresentação da 21ª Edição do SIL – Salão Imobiliário de Portugal, que se realizou esta quarta-feira (18 de abril), deu a sua opinião sobre o AL, mas também sobre o pacote legislativo que deverá ser apresentado na próxima semana pelo Governo, a Nova Geração de Políticas de Habitação.

“Sobre o AL frisar que já fui ouvido pelas comissões e pelos partidos, em privado. Têm-me ouvido”, indicou Luís Lima, quando questionado sobre em que ponto está a discussão sobre esta matéria.

“No AL acho que vai imperar algum bom senso”
Luís Lima, presidente da APEMIP

“Não tenho solução para esta dualidade, mas deixo um alerta: se matarem o AL matam isto tudo que estamos a viver, porque o AL é a pedra de toque para tudo. Não iremos, certamente, alcançar o crescimento de 30% que temos previsto, nem nada que se pareça”, salientou. O presidente da APEMIP não tem dúvidas que eventuais mexidas radicais podem afetar o setor, mas mostra-se confiante sobre a possibilidade de se alcançarem consensos. “No AL acho que vai imperar algum bom senso”, rematou.

Novas políticas geram dúvidas 

O responsável não se mostrou tão otimista quanto a algumas medidas que constam da Nova Geração de Políticas de Habitação. “Já na próxima semana teremos novidades e posso adiantar que algo que será apresentado não será do meu agrado”, disse.  

“O meu papel é contribuir para que sejam cometidos menos erros e se evitem consequências negativas”, salientou o líder dos mediadores. “Não podemos ter medidas só a favor dos inquilinos ou só dos proprietários. Não existem um sem o outro. E eu defendo ambos. Tenho noção que na parte do arrendamento possam existir algumas medidas que podem ser mais negativas para os proprietários. Por isso é que defendo os consensos”, afirmou, referindo-se a algumas questões do novo pacote legislativo, sem adiantar do que se trata em concreto.

Luís Lima fala da possibilidade de se vir a verificar algum tipo de “fundamentalismo”, apelando ao cuidado com as “mudanças repentinas”. “O único receio que tenho é que os políticos tomem decisões com base na diabolização errada do setor imobiliário”, disse, dando como exemplo as últimas notícias que foram sendo veiculadas sobre a possibilidade de os investidores estrangeiros estarem a desaparecer de Portugal e a investir noutros países.

“Temos de nos lembrar que há sete ou oito anos Porto e Lisboa eram cidades vazias, sujas, feias. Agora é o contrário”
Luís Lima, presidente da APEMIP

Investimento estrangeiro está para ficar

“Os preços estão elevados, mas não estão ao nível de Paris. Isso é completamente ridículo. O mesmo ativo em Lisboa não valerá o mesmo em Paris. Continua a haver uma grande diferença. E só não é mais porque Paris tem um problema que nós não temos, o da insegurança, caso contrário valeria mais dinheiro”, disse o presidente da APEMIP, que não nega o receio sobre o crescimento dos preços, rejeitando, ainda assim, o afastamento dos investidores. 

“Temos de nos lembrar que há sete ou oito anos Porto e Lisboa eram cidades vazias, sujas, feias. Agora é o contrário”, acrescentou, explicando que o investidor que vem para Portugal procura uma convivência pacífica com os habitantes.

“O investidor não quer vir viver para locais onde não existam portugueses a viver. Mas claro que ninguém tenha dúvidas que nas zonas de eleição vão existir cada vez menos portugueses”. Um cenário que, segundo o responsável, não pode diabolizar o setor. “O exagero tem consequências”, rematou.

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