Casas estão cada vez mais caras nas duas principais cidades do país. Lisboa é "rainha" dos preços altos e o Porto segue-lhe as pisadas.
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Lisboa e Porto no olho do furacão: preço das casas dispara e alimenta fim dos vistos gold
Photo by Nuno Silva on Unsplash

Viver em Lisboa ou no Porto é cada vez mais caro. A capital continua “imparável” na maratona do preço das casas – a subida foi de 11% no terceiro trimestre do ano passado, para 3.205 euros por m2 –, mas a Invicta está a acompanhá-la na escalada. No Porto, os preços dispararam 18,2% (mais que em Lisboa) e o m2 custa 1.802 euros. E há freguesias a registar aumentos de 30% e 40%, numa altura em que se discute a polémica retirada dos vistos gold destas grandes cidades.

Entre julho e setembro do ano passado, a variação homóloga do preço mediano de alojamentos vendidos em Portugal foi +7,1%, passando de 984 euros por m2 no 3º trimestre de 2018 para 1.054 euros por m2 no 3º trimestre de 2019. Lisboa apresentou o preço mediano de alojamentos familiares mais elevado, 3.205 euros, entre as sete cidades com mais de 100 mil habitantes. A cidade de Braga destacou-se por registar, pela primeira vez, desde o 1º trimestre de 2016, o maior crescimento face ao período homólogo (+22,6%) – foi acompanhada pela Amadora (+22,1%) e por Vila Nova de Gaia (+20,3%).

Lisboa continua assim a ser o município mais caro do país para viver. Duas das 24 freguesias registaram preços superiores a 4.500 euros por m2, nomeadamente Santo António (4.889 euros por m2 ) – que inclui a Avenida da Liberdade e áreas adjacentes – e Misericórdia (4.574 euros por m2 ) – que agrega a área do Bairro Alto e do Cais do Sodré. 

Entre as 24 freguesias, destaque ainda para Marvila, que voltou a “brilhar”. Foi nesta freguesia que os preços mais subiram, 47,6% para 2.845 euros por m2. As freguesias de Santa Clara, Carnide e Lumiar registaram, por outro lado, preços e taxas de variação inferiores aos da cidade de Lisboa: 2.090, 2.382 e 2400 euros por m2, respetivamente. O Lumiar destacou-se ainda como única freguesia a registar uma evolução negativa do preço: os valores caíram 1,3%.

Apesar do m2 continuar a ser mais barato no Porto, a cidade vê crescer os preços a um ritmo acelerado. A União de freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde é a mais cara para comprar casa, e o m2 já custa 2.414 euros, tendo registado uma subida de 7,3%. Mas foi no Bonfim que os preços mais cresceram: subiram 39,4% para 1.839 euros por m2.

Retirada dos vistos gold de “pedra e cal”

O tema da habitação, com os preços a subir e a falta de oferta no mercado - em parte gerada por incentivos a um novo perfil de procura - está na ordem do dia. O PS fez chegar ao Parlamento uma proposta de alteração ao Orçamento do Estado para 2020 (OE2020) que pretende pôr fim à concessão de vistos gold nas cidades de Lisboa e Porto, direcionando o investimento estrangeiro para o interior do país. A medida fez soar os alarmes no setor, mas o Governo parece determinado na sua concretização.

“Temos nas grandes cidades um setor imobiliário fortemente aquecido com preços muito longe daquilo que é a realidade que o povo português pode pagar", considera o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, citado pela Lusa, defendendo ser a altura de “retirar esses instrumentos nessas cidades e tentar que possam beneficiar outras regiões do país", uma vez que neste momento os vistos gold “não resolvem o problema da população portuguesa na cidade de Lisboa e no Porto”.

O presidente da Associação dos Profissionais das Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), Luís Lima, é uma das vozes que mais tem alertado para os eventuais impactos desta medida. Recentemente veio dizer que "agir para travar a procura é um crime de lesa-pátria, cujas consequências não estão a ser avaliadas", e o ministro não se escusou de comentar estas declarações.

"Eu diria que o crime de lesa-pátria são os preços que hoje são praticados no mercado imobiliário em Lisboa e no Porto, em que a esmagadora maioria do povo português não consegue sonhar com uma terra onde nasceu ou cresceu, nomeadamente nos grandes centros urbanos", argumentou Pedro Nuno Santos.

Benefícios mantêm-se para quem já recebeu vistos gold

O primeiro-ministro também já tomou posição sobre o assunto. No final das Jornadas Parlamentares do PS, em Setúbal, António Costa garantiu que “todos aqueles que já obtiveram o visto gold não o perderão”, deixando uma mensagem para os investidores interessados em vir: “todos bem-vindos desde que invistam onde o investimento é necessário e não onde já não é necessário", declarou o chefe do Governo socialista, também citado pela agência de notícias.  

Não estamos a proibir os vistos gold, mas devemos reorientar o seu investimento. Os vistos gold podem e devem contribuir para reforçar o investimento produtivo, designadamente em fundos empresariais", referiu ainda, sublinhando que, “felizmente já não é mais necessário no centro das maiores cidades, mas continua a ser necessário nas regiões autónomas ou nos territórios de baixa densidade”.

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