Esforço para comprar casa subiu em 10 cidades e foi em Setúbal, Beja e Évora onde se agravou mais, diz estudo do idealista.
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Taxa de esforço para comprar casa
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O desnível entre os valores das casas para comprar e os salários dos portugueses está cada vez maior. Isto porque os preços das casas estão a subir a uma maior velocidade que os rendimentos. E, em resultado, as famílias têm de fazer um maior esforço financeiro para pagar a casa, sobretudo num contexto em que a inflação e a subida dos juros à boleia das taxas Euribor está a pressionar ainda mais o poder de compra.

A verdade é que a taxa de esforço para comprar casa aumentou em 10 cidades portuguesas entre o primeiro trimestre de 2022 e o mesmo período do ano passado. E a liderar as subidas estão Setúbal, Beja e Évora, segundo um estudo realizado pelo idealista que cruzou os preços de venda de março de 2022 com a estimativa* de rendimentos líquidos familiares durante o mesmo período.

Esforço para pagar a casa
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Taxa de esforço para comprar casa: em que capitais de distrito mais subiu?

Contam-se 10 capitais de distrito que registaram uma subida a taxa de esforço para adquirir uma habitação. E é em Setúbal onde as famílias têm de fazer uma maior ginástica financeira para pagar a casa, já que a taxa de esforço passou de 21,7% do rendimento familiar no primeiro trimestre de 2021 para 24,7% no primeiro trimestre deste ano. A segunda maior subida foi registada em Beja (de 13,4% a 14,4%), seguido de Évora (de 19,6% a 20,5%), Funchal (de 24,8% a 25,6%), Lisboa (de 52,3% a 53%), Faro (de 24,3% a 24,9%) e Braga (de 20,9% a 21,4%).

Por outro lado, a taxa de esforço para comprar casa desceu em 9 capitais de distrito e manteve-se inalterada em Castelo Branco, nos 13,6%. O maior alívio financeiro com a habitação foi sentido em Portalegre, onde a taxa de esforço passou de 12,8% no primeiro trimestre do ano passado a 10,9% no primeiro trimestre deste ano, ou seja, caiu 1,9 pontos percentuais. Segue-se Coimbra (de 24% a 22,2%), Viana do Castelo (de 19,5% a 17,8%), Vila Real (de 17,7% a 16,3%), Santarém (de 14,6% a 13,6%) e Porto (de 32,5% a 31,9%).

Onde é que pagar casa representa maior gasto?

Lisboa é a cidade que onde é necessário um maior esforço para comprar casa, já que os seus habitantes precisam de destinar 53% do seu rendimento familiar para pagá-la. Entre as cidades onde as famílias têm de fazer um maior esforço financeiro para pagar a casa está o Porto (31,9%), o Funchal (25,6%), Faro (24,9%), Setúbal (24,7%), Aveiro (23,6%), Coimbra (22,2%) e Braga (21,4%).  

Já a menor taxa de esforço para adquirir uma habitação foi registada em Portalegre (10,9%), Bragança (11,8%), Guarda (13,2%), Santarém (13,6%), Castelo Branco (13,6%), Beja (14,4%) e Vila Real (16,3%), revelam os dados.

Comprar casa: qual a taxa de esforço nos distritos e ilhas?

Olhando para os distritos e ilhas de Portugal, salta à vista que a taxa de esforço das famílias para comprar casa aumentou em 8 locais e desceu em 17. O maior aumento da taxa de esforço foi registado na Ilha do Faial, que passou de 10,8% no primeiro trimestre de 2021 a 13,2% no primeiro trimestre de 2022. Segue-se Setúbal (de 23,6% a 25,2%), Lisboa (de 38,1% a 39,1%), Vila Real (de 15,4% a 16,3%), Ilha do Pico (de 16,7% a 17,1%), Aveiro (de 19,9% a 20,1%), Porto (de 28,4% a 28,6%) e Porto Santo (de 21,3% a 21,5%).   

Do lado das descidas destaca-se Beja, sendo este o distrito onde mais diminuiu o esforço para comprar casa, passando de uma taxa de 14,1% do rendimento familiar no primeiro trimestre de 2021 para 11,5% no primeiro trimestre deste ano. Segue-se nas descidas da taxa de esforço Évora (de 16,3% a 14,6%), Coimbra (de 18,8% a 17,1%), Viana do Castelo (de 17,1% a 15,7%), Faro (de 31,3% a 30,3%), Guarda (de 12,5% a 11,5%), Santarém (de 14,9% a 13,9%) e Viseu (de 15,5% a 14,7%).

E onde é que é preciso maior esforço financeiro para comprar casa?

É no distrito de Lisboa, já que é necessário destinar 39,3% do rendimento familiar para adquirir uma habitação. Segue-se Faro (30,3%), Porto (28,6%), Setúbal (25,2%), Ilha da Madeira (23,1%), Ilha de Porto Santo (21,5%) e Aveiro (20,1%).

Em sentido contrário, a menor taxa de esforço para comprar casa encontra-se em Portalegre, onde apenas 10,8% do rendimento familiar é destinado à aquisição de um lar. Segue-se Beja (11,5%), Guarda (11,5%), Bragança (12,2%) e Castelo Branco (12,2%).

*Metodologia da Estimativa do Rendimento Líquido Familiar e Taxas de Esforço

A taxa de esforço mede o peso da habitação sobre o poder de compra da casa, por isso os nossos cálculos são feitos a partir do valor da habitação, seja para venda ou arrendamento, juntamente com as nossas estimativas de rendimento líquido familiar. No caso do arrendamento, em particular, medimos a taxa de esforço como a parcela anual do rendimento líquido da família destinada ao pagamento do arrendamento.

Da mesma forma, no caso da venda, a taxa de esforço é calculada como a quota anual de rendimento líquido do agregado familiar que se destina ao pagamento de uma prestação de crédito de habitação "típica", no sentido em que é estipulada com características médias em termos de duração e taxa de juros.

Os valores de venda e arrendamento vêm diretamente da fonte de dados idealista, que possui preços médios para cada cidade. Por outro lado, no caso do rendimento líquido familiar, na ausência de dados oficiais atualizados para cada cidade, utilizamos a nossa série de modelos de aprendizagem automática, que combinam informações de várias métricas socioeconómicas de diferentes fontes (públicas e idealista). Os nossos modelos de machine learning são essencialmente do tipo random forest e com gradient boosting (CatBoost), e são treinados com dados acessíveis ao público (INE e PORDATA).

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