Governo atirou a decisão para as “mãos” das autarquias. Se não avançarem, ficarão impedidas de aplicar as taxas agravadas de IMI.
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casas devolutas
Foto de Yasin Hoşgör no Unsplash

O arrendamento forçado de casas devolutas é uma das medidas mais polémicas do programa Mais Habitação apresentado pelo Governo. Depois do período de consulta pública, e na nova proposta de lei que será discutida no Parlamento a 19 de maio, o Executivo de António Costa decidiu passar a gestão do tema para as “mãos” das autarquias, que serão responsáveis por avançar com o arrendamento deste tipo de imóveis. Se não o fizerem, ficarão impedidas de aplicar as taxas agravadas de IMI.

O arrendamento coercivo só vai ser aplicado em apartamentos e em zonas de alta densidade, tal como o idealista/news noticiou. E só serão abrangidos "os imóveis que, há,pelo menos dois anos, estejam classificados pelos municípios como estando em situação de devoluto". Quer isto dizer que, depois de dois anos de um imóvel estar a pagar IMI agravado por o município o ter considerado devoluto, as autarquias têm duas hipóteses:

  • Notificar o proprietário e propor o arrendamento da casa, cujo valor pode ir até 30% acima do preço mediano daquela tipologia no respetivo concelho;
  • Não notificar o proprietário de que a habitação está devoluta, perdendo o direito de aplicar o IMI agravado, tal como escreve o jornal Público. Nestes casos, os municípios deverão comunicar a situação ao Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), que ficará encarregue de avançar com o processo de arrendamento se não forem necessárias obras de conservação.

“Se os municípios não pretendem identificar devolutos, se não pretendem arrendar, então também não se justifica terem o IMI agravado. E a receita do IMI agravado deve, então, reverter para o Fundo do IHRU, de forma a financiar o conjunto das políticas públicas de habitação”, explicava na altura o primeiro-ministro, em resposta alguns autarcas, como os de Lisboa ou Porto, que já tinham avisado que não pretendiam aplicar o arrendamento forçado de casas devolutas nos respetivos territórios.

O presidente da autarquia de Lisboa, Carlos Moedas, diz mesmo que o arrendamento coercivo de imóveis devolutos para os municípios é um “presente um pouco envenenado”, e não acredita neste caminho para resolver o problema da habitação. O autarca da Câmara Municipal do Funchal também já veio dizer que a medida “nunca será implementada” naquele território, nem que para isso seja necessário recorrer aos tribunais. Já para Isaltino Morais, o arrendamento forçado “não tem qualquer hipótese” de funcionar.

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