
O setor imobiliário parece estar a viver momentos de incerteza, quer devido à atual conjuntura económica mundial, que está também a deixar marcas em Portugal – alta taxa de inflação, taxas de juro a subir, custos de construção a aumentar etc. –, quer devido à instabilidade causada pelo polémico Programa Mais Habitação do Governo, que não reúne consenso entre os vários players do mercado. A verdade é que continuam a comprar e vender-se muitas casas. Será que o Home Staging tem contribuído para dar força a esta tendência? “Num mercado acelerado, as casas que têm Home Staging são as que se vendem primeiro”, diz ao idealista/news Rita de Miranda, presidente da APHS - Associação Portuguesa de Home Stagers.
Segundo a responsável, que fundou a APHS em 2021, em plena pandemia, para, de certa forma, “proteger o trabalho do home stager”, o mercado nacional “está a reagir muito bem” a esta “técnica de marketing interno do imóvel”, sendo este um conceito que nasceu há 51 anos nos EUA pela mão de Barb Schwarz.

Comparativamente com outros países, os dados mais recentes da associação – relativos a 2022 – indicam que, apesar do Home Staging ter começado mais tarde em Portugal, 86% dos imóveis preparados com esta técnica foram vendidos nos primeiros dois meses. “Comparando com o mercado estrangeiro, não é o tempo que eles têm a mais que lhes dá qualidade, porque temos muita qualidade no nosso mercado e pessoas que trabalham muito bem, tal como há os que se aproveitaram. Mas o mercado está cada vez mais a reagir a essa qualidade, mais seletivo. A questão é ainda não ter a consciência de onde ir buscar o profissional certo, essa é a única coisa que ainda falta ao mercado”, alerta Rita de Miranda.
Quando questionada sobre como é que isso vai acontecer, sobre como e quando haverá essa consciência, responde sem hesitar: “Vai ser tentativa-erro, é seleção natural. As pessoas vão contratar pessoas que não tem certificação e vão aperceber-se que a expectativa que tinham não era aquela. O que temos como visão é que daqui a uns anos, não agora, qualquer consultor imobiliário, promotor, investidor ou proprietário vá à associação escolher [um home stager]”, porque saberá que é aí que “estão as pessoas certas”.

Quanto custam os serviços de um home stager?
A presidente da APHS cita Barb Schwarz e afirma que o custo dos serviços de um home stager é o que menos interessa, “porque cada cêntimo investido em Home Staging tem retorno”. “O investimento é sempre inferior à redução de preço, e quando as pessoas entendem isso percebem que não há um custo”, explica, salientando que a “grande maioria das pessoas acha que o investimento em Home Staging é muito grande”.
“O investimento é sempre inferior à redução de preço, e quando as pessoas entendem isso percebem que não há um custo. A grande maioria das pessoas acha que o investimento em Home Staging é muito grande”
Mas estamos a falar, na realidade, de que valores? “Temos a média de não passar 1%/2% do valor do imóvel, a não ser que necessite de obras específicas. Se o imóvel está ótimo e tem tudo o que precisa, só se faz o pagamento da consultoria. O home stager prepara-o, muda as coisas de sítio e não houve investimento em nada específico. É o olho clínico de observar se as coisas estão bem dimensionadas no espaço, se estão no sítio certo. São os detalhes que podem fazer toda a diferença. Aquilo que fazemos sempre é explicar que o Home Staging é um trabalho contínuo até ao momento em que se diz: ‘Vai para a internet’. Depois já é o trabalho do consultor. O trabalho do home stager é fazer com que a pessoa, através das fotografias, queira visitar o imóvel”.
Para ajudar a exemplificar como uma casa pode ser vendida de forma rápida após um trabalho profissional de Home Staging, Rita de Miranda conta uma história recente e real que se passou consigo: “Tivemos um caso de um consultor que trabalha connosco há alguns anos e que nos pediu ajuda. Ligou-nos numa terça-feira, fomos lá na quarta-feira e passámos o dia todo na casa, mudámos quase tudo de sítio. Ele tirou fotografias e a casa foi para o mercado na quinta-feira de manhã, às 11h00. Às 14h00 ligou a dizer que já tinha oito vistas marcadas. Um imóvel que tinha estado à venda durante cerca de seis meses”.

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