As ilhas portuguesas, rodeadas pelo oceano Atlântico, têm atraído muitos portugueses a comprar casa. E também os estrangeiros têm-se deixado seduzir pela sua beleza natural, gastronomia, qualidade de vida e clima, apesar de terem atualmente menos incentivos fiscais para avançar com negócios imobiliários. Os dados mais recentes do idealista/data revelam que os cidadãos que vivem no estrangeiro já representam cerca de metade da procura de casas à venda em várias ilhas dos Açores. Também na ilha da Madeira e em Porto Santo, pelo menos, três em cada 10 pessoas que procuram habitação vivem lá fora.
A procura de casas para comprar em cada território do nosso país é, sobretudo, dominada pelos portugueses, representando mais de metade das interações registadas nos anúncios do idealista durante outubro de 2024. Mas há uma exceção: na ilha de Santa Maria, nos Açores, a procura internacional por casas à venda (58,8%) superou mesmo o interesse nacional.
Analisando a origem da procura de casas à venda em cada território, verifica-se que os estrangeiros têm um peso expressivo em todas as ilhas portuguesas. No caso da Região Autónoma dos Açores, além de os estrangeiros dominarem o interesse em comprar casa na ilha de Santa Maria, também pesam quase metade da procura de habitação nas ilhas do Pico, Flores, Corvo e da Graciosa. E nas ilhas de São Jorge, Faial, São Miguel e da Terceira, o peso da procura internacional representa mais de um terço do total. É a partir dos EUA, da Alemanha e do Canadá que surgem mais pesquisas de casas para comprar nas ilhas açorianas.
Na Região Autónoma da Madeira, a procura internacional de casas à venda é expressiva, mas não tão intensa como nos Açores. Cerca de três em cada 10 pessoas que procuram casa na ilha de Porto Santo, fazem-no desde o estrangeiro. E na ilha da Madeira o interesse internacional representou mesmo 42,5% do total registado em outubro. Nestas ilhas, as pesquisas são feitas sobretudo desde a Alemanha e do Reino Unido, revelam os dados do idealista/data.
A par das ilhas portuguesas, a procura de casas à venda desde o estrangeiro também é expressiva no distrito de Faro, representando 35,8% do interesse total. Já Lisboa e o Porto estão no fundo da tabela, uma vez que o interesse internacional representa apenas 12,1% e 13,7% do total da procura de casas em cada um dos distritos, respetivamente.
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Procura de habitação por estrangeiros em Portugal está a recuperar
Os estrangeiros continuam, assim, a dinamizar o mercado habitacional, sobretudo, nas ilhas portuguesas, apesar de terem hoje menos benefícios fiscais para viver, trabalhar ou fazer negócios imobiliários em Portugal. Recorde-se que o antigo Governo de Costa colocou um ponto final aos vistos gold para investimento imobiliário em outubro de 2023 em todo o país, apesar de os governos regionais tanto dos Açores, como da Madeira se terem manifestado contra. E, no início do ano, também terminou com o regime de Residentes Não Habituais (RNH), tendo sido substituído por um novo mais restrito.
O que se tem sentido em Portugal nos últimos meses é que os houve uma recuperação do interesse dos estrangeiros em comprar casa no país, depois de a procura ter caído a pique entre dezembro de 2023 e julho de 2024, muito por culta do fim destas vantagens fiscais. Se em junho deste ano os estrangeiros pesavam apenas 13,5% da procura total de casas à venda em Portugal, em outubro os cidadãos internacionais passaram a pesar 18,8% do total (+5,3 pontos percentuais).
Agora, a procura internacional por habitação tem origem, sobretudo, na França, no Reino Unido e nos EUA, por esta ordem. Este é o top3 depois de se ter sentido uma mudança de nacionalidades a partir de outubro de 2023, data em que o fim dos vistos gold entrou em vigor com o Mais Habitação - até então a procura desde os EUA estava em primeiro lugar.
Depois da tempestade, os estrangeiros deverão estar a acomodar-se às novas regras fiscais em Portugal, que não se alteraram com o novo Governo de Montenegro. Agora, aguarda-se a regulamentação do recente Incentivo fiscal à investigação científica e inovação (IFICI+), que vem substituir o antigo regime de RNH. Além disso, foi ainda criado o visto gold solidário que canaliza investimento privado para projetos de apoio a imigrantes vulneráveis.
A par de tudo isto, importa lembrar que os fundamentos do imobiliário em Portugal não se alteraram, continuando a ser um país atrativo para comprar casa e investir neste setor. E muitos estrangeiros continuam atraídos pela qualidade de vida, segurança, baixos preços e clima que o nosso país oferece, o que estimula a procura por habitação, que já é bem alta e superior à oferta. É por este e outros fatores que se antecipa que os preços das casas vão continuar a subir em 2025.
*Notícia atualizada dia 28 de novembro, às 9h11, com a alteração do período temporal de recolha de dados para outubro, em vez dos últimos três meses terminados em outubro