Uma agente imobiliária com dupla nacionalidade portuguesa e alemã foi detida pela Polícia Judiciária (PJ) por liderar um esquema de burla imobiliária no Algarve, com prejuízos superiores a sete milhões de euros e cerca de 30 vítimas identificadas, maioritariamente estrangeiras.
Segundo a PJ, a suspeita aproveitava-se das relações de proximidade — familiares ou de amizade — para angariar clientes, a quem vendia imóveis fictícios, recorrendo a contratos formalmente válidos, mas com conteúdos falsificados. A maioria dos imóveis situava-se no barlavento algarvio.
A operação, batizada de “Chave na Mão”, culminou na detenção de cinco mulheres: a agente imobiliária e quatro solicitadoras, que formavam uma rede altamente organizada. O esquema terá funcionado desde meados de 2022.
“A suspeita usava dados e documentação fornecidos voluntariamente pelos proprietários dos imóveis, a quem prestava serviços de gestão e arrendamento, para simular contratos de compra e venda sem o conhecimento ou autorização destes”, explicou Joaquim Trindade, diretor da PJ de Portimão, em conferência de imprensa realizada em Faro.
Muitos dos lesados — alemães, norte-americanos, franceses, polacos e alguns portugueses — chegaram a comprar os imóveis sem sequer os visitar presencialmente. “Confiavam na agente, em parte pela ligação pessoal, em parte pela partilha de nacionalidade”, referiu Trindade.
A investigação, sob direção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) Regional de Évora, continua em curso. A PJ acredita que o número de vítimas pode ultrapassar as três dezenas, dado o volume de documentação apreendida e a chegada de novas queixas. As suspeitas serão agora presentes a juiz para primeiro interrogatório judicial.
*Com Lusa
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