No imobiliário premium, a inovação tecnológica deixou de ser um extra futurista para tornar-se um verdadeiro fator de valorização.
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A tecnologia está a reconfigurar o mercado imobiliário de luxo. Se há alguns anos bastava uma boa localização, materiais nobres e áreas generosas para atrair compradores de topo, hoje os critérios evoluíram. Conforto, personalização, eficiência e inovação tornaram-se essenciais para uma nova geração de clientes que valoriza tanto a estética como a funcionalidade — e quer viver numa casa tão inteligente quanto elegante e funcional. Vários players do setor partilharam com o idealista/news a sua perspetiva sobre o papel crescente da tecnologia na valorização das casas de luxo.

As casas inteligentes e a inteligência artificial (IA) deixaram de ser uma excentricidade ou um “extra” para se tornarem um fator de valorização real. No segmento de luxo, já são vistas como elementos estruturais, capazes de transformar a experiência de habitar e de elevar significativamente o valor de uma propriedade. Automação residencial, gestão energética, sistemas de segurança avançados e assistentes digitais são, cada vez mais, parte do pacote básico da sofisticação.

Num setor onde cada detalhe conta, a tecnologia oferece uma vantagem competitiva clara — não apenas na vivência do imóvel, mas também no próprio processo de compra. Ferramentas baseadas em IA ajudam a identificar os imóveis mais adequados ao perfil do comprador, antecipam preferências e otimizam tempo. O luxo, neste novo contexto, passa também por conveniência e eficiência.

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Tecnologia valoriza os imóveis de luxo

As opiniões dos especialistas ouvidos convergem num ponto essencial: a tecnologia está a tornar-se um elemento decisivo na valorização de imóveis de luxo. Telmo Azevedo, Co-Head of Residential da JLL Portugal, sublinha que “as casas inteligentes aumentam o conforto, a segurança e a eficiência energética”, servindo uma geração de compradores exigentes, com padrões de vida elevados e altamente digitais.

O responsável refere que a IA já está atualmente a ser utilizada para personalizar experiências e otimizar processos. “Não se trata apenas de uma tendência passageira, mas de uma mudança significativa que responde aos padrões dos clientes do mercado premium, que procuram residências que se adaptem às suas necessidades e estilos de vida dinâmicos”, destaca. 

Daniela Rebouta, Sales Director da Engel & Völkers Lisboa, Oeiras e Setúbal acredita “que este tipo de soluções não só atendem às expectativas, mas redefinem o conceito de luxo no setor imobiliário”. Neste mercado, garante, as casas inteligentes e a Inteligência Artificial são diferenciais estratégicos. Também para os responsáveis da Invicta Park estes fatores “elevam a experiência de morar, oferecendo comodidade e segurança”.

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A domótica e a IA permitem uma personalização sem precedentes, na visão de João Cília, CEO da Porta da Frente Christie’s. Iluminação, temperatura, música, cortinas e sistemas de segurança podem ser controlados remotamente e ajustados automaticamente aos hábitos dos moradores. Além disso, o consultor defende o papel da IA na fase da compra, permitindo uma análise precisa do perfil dos interessados.

“A integração de IA permite também que as ferramentas digitais aprendam os hábitos dos moradores e otimizem o consumo energético e a gestão da casa. No processo de compra, pode desempenhar um papel imprescindível para selecionar os imóveis mais adequados para o perfil de cada comprador”, frisa, acrescentando que estas características contribuem para a valorização de um imóvel, tornando-o mais atrativo.

Uma nova geração, novas exigências

Sara Infante, Partner & Founder da Infante & Riu – Portugal Real Estate, reforça que, os compradores mais jovens, nomeadamente internacionais, face ao cliente de luxo típico tradicional português, têm expectativas claras neste âmbito. “Procuram conforto, automação, eficiência energética e uma gestão personalizada da casa — tudo com base na tecnologia”, explica. Na sua perspetiva, sistemas que aprendem com os hábitos dos utilizadores, ajustando luz ou climatização, são já uma exigência comum. “Estes avanços tornam as propriedades mais atraentes e exclusivas, destacando-as no mercado competitivo do luxo”, diz

Filipe Lourenço, CEO da Private Luxury Real Estate, partilha da mesma visão, explicando que estamos perante uma verdadeira mudança de paradigma, sobretudo, com a chegada ao mercado de um “perfil de cliente diferenciado e mais novo”. “A noção ultrapassada de que basta apenas construir com materiais regulares numa zona caracterizada como de luxo é suficiente, está ultrapassada. Tem de se investir - e muito - em materiais nobres e de elevada qualidade, em tecnologia, em soluções de IA, entre outras”, indica.

As casas tecnológicas são vistas, portanto, como mais modernas, mais sustentáveis e, por isso, mais valorizadas. A IA permite antecipar necessidades, gerir recursos e melhorar a eficiência energética. E tudo isso contribui para um imóvel mais competitivo num mercado cada vez mais exigente, segundo Ana Jordão, Residential Business Development Director da Savills.

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“Em termos de valorização, estas inovações tecnológicas tornam os imóveis mais atraentes, diferenciando-os no mercado, aumentando a sua eficiência e elevando o seu apelo junto a um público que busca não apenas luxo, mas também funcionalidade e um estilo de vida mais conectado e inteligente”, frisa a responsável.

Também na perspetiva da BARNES International Realty, as tecnologias têm um papel determinante na valorização dos imóveis de luxo. Filipa Frey-Ramos, diretora-geral da empresa, sublinha que a conveniência, a segurança e a eficiência energética são hoje fatores-chave na decisão de compra — e que as soluções tecnológicas respondem diretamente a esses critérios.

Mas nem todos os profissionais veem esta tendência já consolidada em Portugal. Jorge Costa, COO da Quintela e Penalva I Knight Frank, reconhece que o impacto da tecnologia será grande, mas ainda não é uma realidade consistente. Já Paulo Trapola, da Exclusive Lisbon Real Estate & Investments, afirma que fatores como o espaço, o conforto e os serviços associados ao edifício — como o concierge — continuam a pesar mais do que a automação ou a IA no momento da decisão.

Ainda assim, há consenso quanto ao rumo: mesmo que não seja (ainda) o principal fator de escolha, a tecnologia já é um diferencial competitivo claro e tenderá a tornar-se uma norma no segmento de luxo. Casas inteligentes, eficientes e adaptáveis não são apenas o futuro — são, cada vez mais, o presente de um mercado que se reinventa para continuar a oferecer exclusividade.

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