
Nos últimos anos, Portugal consolidou-se como um dos destinos mais atrativos para o investimento imobiliário de luxo. A estabilidade económica e social, o clima ameno, a segurança e a qualidade de vida são apenas alguns dos fatores que têm cativado compradores nacionais e internacionais. Mas quem são, afinal, os investidores que apostam neste segmento? De onde vêm? O que procuram? O idealista/news ouviu vários especialistas sobre o tema.
O perfil dos compradores tem evoluído significativamente, tornando-se cada vez mais diversificado. Se há uma década o mercado de luxo era dominado por reformados europeus em busca de benefícios fiscais, hoje assiste-se a um aumento de investidores jovens e cosmopolitas, vindos dos EUA, Brasil, Ásia e Médio Oriente, entre outros. Além da valorização patrimonial, procuram exclusividade, privacidade e um estilo de vida sofisticado, seja numa penthouse em Lisboa, numa ‘villa’ em Cascais ou num refúgio à beira-mar na Comporta.
Acompanhando esta transformação, o mercado imobiliário de luxo em Portugal tem-se adaptado para responder a estas novas exigências, oferecendo projetos inovadores que combinam design moderno, sustentabilidade e serviços personalizados.

Diversificação de perfis e nacionalidades
O perfil do investidor no segmento de luxo tornou-se mais diverso, refletindo uma maior abrangência geográfica e um alargamento das motivações. Segundo Telmo Azevedo, Co-Head of Residential JLL Portugal, assistimos a um aumento da procura por parte de mercados emergentes, como os EUA e a Ásia, sem esquecer a presença constante dos investidores brasileiros e europeus, nomeadamente franceses e britânicos.
“Nos últimos anos, o perfil dos investidores tornou-se mais diversificado, com um aumento de investidores de mercados emergentes, como os EUA e a Ásia, além dos tradicionais europeus (França, Reino Unido), e o mercado mais constante de sempre, o Brasil”, diz o responsável.
Filipe Lourenço, CEO da Private Luxury Real Estate, reforça essa tendência, destacando ainda o crescente interesse vindo de ucranianos e investidores do Dubai. “Nos últimos anos assistimos a uma mudança de paradigma. Exceção feita aos investidores e famílias portuguesas que se mantêm sempre sólidos, de acordo com a nossa experiência. Nos últimos anos, o destaque vai para o crescimento do mercado brasileiro, americano, ucraniano e do Dubai”, indica.

Já Jorge Costa, COO da Quintela e Penalva I Knight Frank, lembra a forte presença dos franceses, suíços e ingleses, que, ao longo da última década, impulsionaram a reabilitação urbana de zonas como a Avenida da Liberdade, o Chiado e o Príncipe Real. “O mercado de luxo em Portugal sempre existiu, no entanto, assistimos, sobretudo a partir de 2014, a uma evolução muito consistente e progressiva que teve a ver com os investidores estrangeiros (na maioria franceses, suíços, americanos, brasileiros, ingleses) que investiram em Portugal e que reabilitaram zonas de Lisboa com uma qualidade ímpar”, lembra o responsável.
A nível de nacionalidades, os portugueses continuam a ser quem mais compra neste segmento em Portugal, segundo João Cília, CEO Porta da Frente Christie’s. Destaca ainda o papel da “comunidade brasileira, que continua a ser muito relevante, em especial em algumas zonas do país como Estoril e Cascais”. Os americanos, por sua vez, são já a terceira nacionalidade, tendo crescido substancialmente nos últimos três anos: “têm um perfil de investimento mais diversificado que os brasileiros, procurando tanto Lisboa, como Porto, Cascais, Comporta, com enfoque tanto em nova construção como edifícios históricos”, explica o responsável.

Também Filipa Frey-Ramos, Diretora-Geral da BARNES International Realty, sublinha a emergência de clientes provenientes da América do Norte e de vários países asiáticos e latino-americanos. “O perfil evoluiu bastante e notamos isso ainda mais após a pandemia. Mesmo em termo de nacionalidades, para além de continuarmos a acompanhar clientes francófonos - franceses, suíços, belgas - temos cada vez mais clientes não europeus, nomeadamente norte-americanos, mas também de uma enorme diversidade de países asiáticos, latino americanos, e da Europa do Norte”, indica.
Uma visão partilhada por Paulo Trapola, Head of Real Estate Investments/Advisor da Exclusive Lisbon Real Estate Hospitality. O responsável destaca os clientes norte-americanos e brasileiros, mas também de outras paragens, como a Turquia.
O que procuram os investidores de luxo?
Se há algo que une os diferentes perfis de investidores no mercado de luxo é a procura por qualidade de vida e segurança. Sara Infante, Partner & Founder da Infante & Riu, destaca que a estabilidade social e política portuguesa é um dos grandes atrativos, assim como a segurança e privacidade/exclusividade. Os responsáveis da Invicta Park acrescentam que os compradores procuram imóveis que combinem design moderno, conforto e localização estratégica. “Portugal, em particular, atrai investidores em busca de segunda residência ou diversificação de portfólio”, dizem.
João Cília acrescenta que a diversidade de ofertas em Portugal permite responder a diferentes tipos de exigência. Enquanto alguns compradores dão prioridade à proximidade a grandes centros urbanos e boas ligações a outros países, outros valorizam um ambiente mais tranquilo junto ao mar. Lisboa, Porto, Cascais, Comporta e Algarve continuam a figurar entre os destinos mais cobiçados. Alguns valorizam a proximidade que Portugal oferece às principais capitais europeias e a existência de voos diretos para os seus países de origem (Brasil e EUA), outros a possibilidade de ter uma vida tranquila junto ao mar a menos de 30 minutos de uma grande cidade como Lisboa”, refere.

Já os portugueses, garante, procuram, acima de tudo, “aproveitar a valorização do mercado imobiliário para fazer crescer as suas poupanças, procurando diversificar os seus investimentos e apostando num setor que tem proporcionado grandes retornos e oferece a possibilidade de deter ativos físicos duradouros, que permitem uma rentabilidade generosa e se mantêm de geração em geração”.
Daniela Rebouta, Sales Director da Engel & Völkers Lisboa, Oeiras e Setúbal, traça um perfil típico de investidor entre os 35 e os 50 anos, que procura Portugal, sobretudo, “pelo clima ameno, a segurança do país, o nível de ensino, o estilo de vida, a proximidade das praias, a gastronomia, o custo de vida moderado, os benefícios fiscais e as ligações com outros países da Europa”, além de uma “grande rentabilidade de investimento comparativamente com outros países”.
Ana Jordão, Residential Business Development Director da Savills, acrescenta que, investidores de países como o Reino Unido, França, Brasil, Israel e os EUA têm procurado propriedades de luxo em Portugal, atraídos pela qualidade de vida, segurança, e as vantagens fiscais, nomeadamente em localizações privilegiadas como Lisboa, Porto, Algarve e Comporta, “com ênfase em características como sustentabilidade, privacidade e espaços amplos”.
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