O impacto da conjuntura económica no financiamento é um dos fatores chave para a tomada de decisões de investimento imobiliário no contexto atual. A Savills, consultoria imobiliária internacional, levou a Madrid o evento ‘Financiamento imobiliário - chaves e desafios', no qual experts da banca e especialistas em financiamento alternativo explicaram a situação e como o mercado está a adaptar-se ao aumento das taxas de juro causado pela alta na inflação.
O evento contou com a presença de Ramón Forcada Gallo, Diretor de Análise Financeira e Mercados do Bankinter, que apresentou dados sobre a atual situação macroeconómica. De acordo com suas previsões, "restam 3 a 6 meses confusos... Estamos numa mudança de contexto que será progressiva e teremos que nos habituar a conviver com taxas de 3% a longo prazo”.
Por seu lado, Andrew McMurdo, co-diretor da Savills Capital Advisors na Savills UK, explicou que “os mercados de dívida continuam a operar normalmente, com foco em financiamento de qualidade, ativos e cash-flow ”. Além disso, “é provável que o aconselhamento sobre dívidas seja cada vez mais procurado à medida que os não-bancos ganham quota de mercado e os mercados se tornam cada vez mais complexos”, concluiu.
A mesa redonda, moderada por Javier Sarrado, diretor financeiro da Savills Espanha, contou com a presença de Jaime Vigón, diretor administrativo chefe de imobiliário, construção e infraestrutura do CaixaBank; Nicole Jürgensen, chefe de clientes internacionais do Münchener Hypothekebank, e Javier Quintela, chefe da iberia da Cheyne Capital, empresa especializada em financiamento alternativo.
Setor não está em risco, defendem especialistas
Os especialistas em financiamento concordaram que ao nível da análise das operações, a atividade continua e não parou. A diferença entre antes do verão e agora, como explicaram, é que se confirmou a necessidade de manter a cautela enquanto se espera algum indicador positivo. Apontaram as operações orientadas à geração cash-flow como as mais bem posicionadas para obter financiamento.
Além disso, todos confirmaram a importância das certificações de sustentabilidade de ativos para agilizar e reduzir o custo das operações. O financiamento verde, como explicaram, está a tornar-se uma questão de capital importância, em muitos casos decisiva.
Da Savills, os especialistas em financiamento na Espanha e na Europa garantiram que, levando em conta a experiência de outras crises, neste momento o setor imobiliário não está em risco, há financiamento, os fundamentos e a procura nos diferentes segmentos imobiliários permanecem sólidos e a adaptação à nova situação é fundamental para que o investimento continue ativo neste novo contexto.
Explosão de juros em setembro: bancos centrais continuam a subir taxas
Setembro foi um mês explosivo no que diz respeito aos juros: mais de 20 bancos centros decidiram aumentar as taxas. A Mongólia foi líder das subidas, com um aumento de 200 pontos base, seguida pelo Chile, Costa Rica, Suécia e Vietname – todos registaram aumentos das taxas diretoras de 100 pontos base.
Subida de juros divide bancos centrais na Zona Euro
A política monetária deu uma volta de 360 graus depois do Banco Central Europeu (BCE) ter subido as taxas de juro diretoras em 125 pontos base. E haverá mais subidas dos juros diretores nas próximas reuniões, de forma a travar a inflação na Zona Euro. A questão agora prende-se com a dimensão da próxima subida dos juros. E sobre este ponto não há consenso entre os bancos centrais.
Investimento imobiliário é refúgio contra subida de juros e inflação
O ambiente atual é marcado pela alta inflação e pela subida das taxas de juro diretoras pelo Banco Central Europeu. Todos estes fatores vão influenciar os mercados e o imobiliário não é exceção. Para já, o mercado de investimento imobiliário continua a ser um refúgio para os investidores nacionais e internacionais. Mas há desafios à vista.
Juros diretores vão subir mínimo de 50 pontos base, diz membro do BCE
O Banco Central Europeu (BCE) já subiu as taxas de juros diretoras em 125 pontos base este ano. E há mais subidas à espreita. Segundo o governador do banco central da Lituânia e membro do BCE, Gediminas Simkus, os juros diretores deverão aumentar pelo menos 50 pontos base na próxima reunião marcada para outubro dada a alta inflação que se faz sentir.
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