
A inflação parece estar a camuflar a queda real dos preços das casas no Reino Unido. Segundo os dados mais recentes, a queda nominal dos preços das casas terá sido de 2,8% face ao máximo atingido em março de 2022. Mas a queda real dos preços das habitações no Reino Unido é de 13,4%. Por isso mesmo, não surpreende que, depois de ajustar os dados à inflação, os preços médios das casas não excedam os observados no final de 2015, de acordo com a Savills. Importa sublinhar também que a riqueza das famílias britânicas não está melhor do que antes da crise de 2008.
Isto quer dizer que os proprietários que compraram casa antes de dezembro de 2015 viram o preço do imóvel a cair. Mais: em determinadas regiões do Reino Unido a situação está ainda pior, com preços que ainda não recuperaram dos máximos atingidos antes da crise de 2008, como o noroeste de Inglaterra, Yorkshire ou País de Gales.
O norte de Inglaterra viu os seus preços das casas caírem até 27% desde o terceiro trimestre de 2007, enquanto Yorkshire sofreu quedas de 21% e o País de Gales de 18%, de acordo com um estudo da Savills. Ainda assim, a inflação garantiu que estas descidas não sejam tão percetíveis no preço nominal das habitações, valor que não cresceu acima da inflação desde o período que remonta a meados dos anos 90 até 2007.
Foi precisamente a inflação elevada, que atingiu mais de 10% entre setembro de 2022 e março de 2023, que obrigou o Banco de Inglaterra a aumentar as taxas de juro de referência para 5,25%. Esta subida dos juros tem resultado numa queda na procura de habitação no país devido aos elevados custos do crédito habitação e às taxas fixas médias que atingiram os 5,93% face aos 2,55% em outubro de 2021, segundo dados da Moneyfacts.
De notar ainda que as taxas fixas médias de dois e cinco anos caíram pelo segundo mês consecutivo, conforme observado por Rachel Springfall, especialista em finanças da Moneyfacts, o que significa que o novos créditos habitação podem ser contratados por taxas fixas ligeiramente mais baixas nesses prazos. No mesmo sentido, a normalização das taxas de juro esperada para o próximo ano também poderá ajudar a aliviar a pressão sobre os empréstimos bancários e a melhorar o acesso ao crédito habitação, muito embora não haja indícios de que os preços reais das casas voltem a subir neste momento.
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