"Abordagem mais transparente e orientada para o serviço poderá beneficiar muito o mercado", diz Francesc Quintana, da mediadora Vivendex.
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Comissões na mediação imobiliária
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Algo parece estar a mudar no setor da mediação imobiliária na Catalunha (Espanha), principalmente no segmento residencial. Aos poucos, as agências e os profissionais do setor estão a mudar a forma como encaram as comissões cobradas aos clientes, apostando cada vez mais num sistema "flutuante", onde nem sempre o vendedor tem de pagar pelos seus serviços, com o comprador a assumir também uma parte das despesas. Francesc Quintana, CEO da mediadora Vivendex, explica ao idealista/news o seu novo compromisso em relação à distribuição de taxas/comissões, esperando que outras agências imobiliárias se juntem ao mesmo modelo em breve.

A distribuição de taxas entre compradores e vendedores tornou-se uma questão cada vez mais controversa no setor imobiliário. A falta de consenso gerou muito debate entre os profissionais do setor, que muitas vezes questionam se esta distribuição deveria ser adaptada para refletir com maior precisão quem tira benefícios dos serviços prestados.

Quintana destaca que “uma abordagem mais transparente e orientada para o serviço poderá beneficiar muito o mercado e, sobretudo, o utilizador final”. E sublinha que os profissionais do setor imobiliário “devem deixar para trás a sua ‘imobilidade’” e a mentalidade do “sempre foi feito desta forma” e, por se lado, “explicar detalhadamente aos clientes os serviços que serão prestados e quanto será cobrado por cada um”. A responsabilidade, refere o especialista, “é de todos os intervenientes do setor, desde agentes a agências, de comunicar claramente o seu trabalho e as taxas associadas”.

Em termos gerais, quando uma venda é realizada através de uma agência imobiliária, o habitual, na maioria dos casos, é que “o vendedor seja o responsável pela comissão da agência”. No entanto, “não existe uma regulamentação específica que determine a forma como este pagamento deve ser distribuído e a nova Lei da Habitação [espanhola] também não introduziu alterações neste sentido, pelo que a situação permanece indefinida quando nos deparamos com uma venda”, explica Quintana.

O especialista detalha que em Espanha “é comum que as agências imobiliárias cobrem uma comissão apenas ao vendedor, exceto na Comunidade Valenciana e em algumas zonas do sul do país, onde também é cobrado o pagamento de uma taxa ao comprador do imóvel”. “Na maioria dos casos, quando esta cobrança é executada, regra geral, o valor fica próximo de 5% do valor total da compra. Tendo tudo isto em conta, há que acrescentar 21% de IVA”, comenta.

Taxas e comissões na mediação imobiliária
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“A tendência está a mudar”

Nos últimos tempos, “a tendência está a mudar” e muitas imobiliárias exploram a possibilidade de “distribuir e ajustar comissões em função dos serviços prestados a cada cliente”, diz Quintana. Esta abordagem permitiria “maior flexibilidade na estrutura de taxas e proporcionaria aos clientes a capacidade de escolher a agência que melhor os representa”. Isto, por sua vez, segundo os critérios do especialista, “ajudaria a fomentar a colaboração entre os profissionais do setor imobiliário, aliviando as tensões relacionadas com a distribuição de taxas quando a distribuição recai sobre as taxas pagas pelos vendedores”.

Da mesma forma, acrescenta o especialista, na perspetiva das imobiliárias, a possibilidade de estabelecer taxas diferenciadas dependendo do tipo de imóvel também é uma proposta interessante. “Nem todas as propriedades são iguais, a dificuldade e a oferta e a procura variam significativamente. Por exemplo, a venda de uma penthouse pode ser mais simples para o vendedor pela baixa oferta e extremamente complexa para um comprador pela alta procura, o que poderia justificar o ônus das taxas em grande parte para o segundo”, sugere Quintana. “Essa abordagem flexível poderia ser adaptada à realidade do mercado e oferecer oportunidades de comunicação específica, bem como flexibilidade nas taxas”, argumenta.

Quintana conclui a sua visão considerando que “a mudança é inevitável”, sendo “responsabilidade de todos os ‘players’ do setor abraçar essa evolução em benefício do mercado e, principalmente, do usuário final”.

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