
Arrendar casa está cada vez mais caro em Portugal. Os dados provisórios dos Censos 2021 mostram que 8,5% das rendas das casas têm valores iguais ou superiores a 650 euros mensais. E ainda que 29,5% têm valores iguais ou superiores a 400 euros por mês.
Foram contabilizados um total de 922.921 alojamentos familiares em regime de arrendamento e, destes, “o escalão do valor mensal da renda com maior representatividade é o dos '200 a 399,99 euros' com 40,4% dos alojamentos ocupados por arrendatário", lê-se no boletim publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) na passada quinta-feira, dia 16 de dezembro de 2021 e entretanto corrigido. Cerca de 2,2% dos alojamentos têm rendas mensais de 1.000 euros ou mais. Já o escalão de rendas mais baixas (menos de 20 euros) tem um peso de 4,0%.
O INE informou esta quarta-feira, dia 22 de dezembro de 2021, que os primeiros dados divulgados no dia 16 de dezembro relativos aos alojamentos arrendados, por escalão da renda, apresentavam uma "incorreção por lapso" na composição do Destaque relativo aos Resultados Provisórios dos Censos 2021 (páginas 27 e 28). Dessa forma, a informação de que mais de 60% das rendas eram superiores a 650 euros - o primeiro título da notícia, produzido tendo por base esses dados - não correspondia à realidade.
Os dados recolhidos entre abril e junho desde ano mostram que, hoje, há mais pessoas a arrendar casa em Portugal. O número de alojamentos clássicos de residência habitual arrendados ou subarrendados (922,9 mil) cresceu cerca de 16% face aos registos de 2011. E, hoje, representam cerca de 22,3% do total de alojamentos familiares clássicos de residência habitual – que totaliza 4.143.043, segundo o INE.
Já o parque edificado português pouco ou nada cresceu em 10 anos. Entre abril e junho deste ano foram contabilizados 3.573.416 edifícios, apenas mais 0,8% do que em 2011 - data do último recenseamento. O número de alojamentos situou-se nos 5.981.485, registando um aumento de 1,7% em relação a 2011.
Comprar casa: proprietários com menos dívidas
Em 2021, a maioria dos alojamentos de residência habitual é ocupada pelo proprietário (70%), embora esta percentagem tenha vindo a decrescer ao longo das últimas décadas, refere o INE. Isto porque a taxa agora apurada é inferior às registadas há 10 e 20 anos: 73,2% em 2011 e 75,7% em 2001.
O que também foi possível saber nos Censos 2021 é que ao nível dos alojamentos ocupados pelo proprietário, 61,6% não tem encargos financeiros resultantes da aquisição da habitação. “Para os alojamentos em que existem encargos por compra, o valor do escalão mensal de encargos mais representativo é o dos ‘200 a 299,99 euros’ com 11,1% e o dos ‘300 a 399,99 euros’ com 9,2% do total de alojamentos ocupados pelo proprietário. O escalão mais baixo ‘menos de 100 euros’ mensais e o mais elevado ‘1 000 euros ou mais’ representam apenas 1,2% e 1,1%, respetivamente”, descreve o instituto no boletim.

Agregados encolhem e há mais pessoas a viverem sozinhas
O agregado familiar tem agora, em média, menos pessoas. “Em 2021 a dimensão média dos agregados domésticos privados é de 2,5 pessoas, valor que se reduziu em 0,1 face ao valor de 2011”, mostram os dados. E esta foi uma tendência registada em todas as regiões do país.
Há outra conclusão a retirar: na última década aumentou o número de pessoas que vivem sozinhas. Em 2021, um em cada três agregados domésticos privados é composto por duas. E os agregados unipessoais representam 24,8%, tendo o seu número aumentado na última década cerca de 18,6%.
Em contrapartida, os agregados de maior dimensão têm vindo a perder expressão. Os agregados com 4 pessoas representam 14,7% e os agregados com 5 pessoas têm um peso de apenas 5,6%, quando, em 2011, representavam 16,6% e 6,5%, respetivamente. “Estas alterações ao nível da dimensão das estruturas familiares são resultado das tendências verificadas ao nível dos padrões de fecundidade, nupcialidade e divórcio que concorrem para agregados domésticos mais pequenos”, explicam deste o gabinete de estatística nacional.

*Notícia atualizada no dia 22 de dezembro de 2021, às 12h58, com os dados entretanto corrigidos pelo próprio INE sobre os valores de renda mensal.
2 Comentários:
E a culpa é em grande parte das imobiliárias que acabam por directa ou indirectamente
incentivar os senhorios a arrendar cada vez mais caro.
Sim isso já se sabe mas nada foi feito para quem ganha o ordenado mínimo ou pouco mais! O que fazer, e onde morar por mesmo na proximidade de ficar sem casa, habitação acessível, rendas condicionadas e habitação social não dá resposta e não se consegue comprar!
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