
A pandemia da Covid-19 veio alterar, e muito, a forma como as pessoas fazem compras, apostando cada vez mais no comércio online. Ainda assim, resiliência é palavra de ordem no setor de conveniência alimentar (retail parks, armazéns para retalho, supermercados e hipermercados) e retail parks em Portugal, que continua a ser “alvo do interesse dos investidores”, refere Alexandra Gomes, Head of Research da Savills Portugal, em comunicado.
“Não obstante o incremento do papel do e-commerce na vida dos consumidores portugueses, os formatos físicos não irão perder o seu papel preponderante, mas antes terão que sofrer transformações físicas e digitais para que consigam ir ao encontro das novas expectativas dos compradores”, acrescenta.
Também citado na nota, José Galvão, Retail Associate Director da Savills Portugal, refere que “os últimos dois anos tiveram um forte impacto no segmento de retalho”, tendo a pandemia acelerado “mudanças nos padrões de consumo – mudança de hábitos e estilo de vida, maior relevância digital, entregas ao domicílio, valorização da sustentabilidade –, exigindo que o mercado se adapte a essas mudanças”.
Segmento de retalho a recuperar
Segundo a Savills, o segmento do retalho na Europa deverá começar a recuperar ainda este ano, sendo que os retail parks foram as preferências dos investidores no ano passado.
Em 2021, o investimento em ativos de retalho na Europa voltou a cair, pelo quarto ano consecutivo, registando um volume total de 32,2 mil milhões de euros, 5% inferior ao registado em 2020 e 27% abaixo da média dos últimos cinco anos (perto dos 50 mil milhões de euros). Esta é uma das conclusões a retirar da mais recente análise da consultora imobiliária Savills, que revela que o investimento em retalho na Europa caiu 5% face a 2020.
No entanto, o segundo trimestre de 2021 registou um investimento de 6,9 mil milhões de euros, um valor 18% superior ao verificado no período homólogo. Os terceiro e quarto trimestres de 2021 também ficaram acima dos períodos correspondentes do ano anterior, com subidas respetivas de 38% e 34%. Nos últimos três meses de 2021, verificou-se um investimento de cerca de 11 mil milhões de euros em ativos de retalho na Europa, conclui a consultora.
Retail parks lideram preferências de retalho em 2021
Os retail parks e instalações de armazenamento dedicadas ao retalho representaram mais de 30% do total de investimento feito no setor em 2021, um aumento face à média de 20% dos últimos cinco anos.
Os investidores, pretendendo reforçar as margens de lucro e minimizar os riscos, olharam para os retail parks e formatos de retalho alimentar de pequena dimensão em 2021 como ativos menos expostos, de forma geral, aos riscos lançados pelas limitações impostas pela pandemia, adianta a consultora.
Entre 2013 e 2019, os supermercados e hipermercados representavam cerca de 7% do investimento em retalho. Contudo, em 2020 e 2021 essa parcela aumentou para 20% e 17%, respetivamente, conclui a Savills, sublinhando que o setor da conveniência na Europa (retail parks, armazéns para retalho, supermercados e hipermercados) captou um investimento de cerca de 14 mil milhões de euros em 2021, representando perto de metade do volume de investimento total no setor, acima dos 23% de 2013.
Centros comerciais em queda
Por outro lado, o segmento dos centros comerciais tem vindo a cair, à medida que o comércio online ganha tração e as incertezas sobre o futuro ainda lançam sombras sobre os formatos físicos de retalho. Em 2013, os centros comerciais representavam 41% do total de investimento, mas em 2021 essa representatividade caiu para 17%.
A consultora antecipa, no entanto, que os centros comerciais devem recuperar nos próximos anos, acompanhando a recuperação económica gradual e o levantamento progressivo das restrições de combate à pandemia.
Para poder comentar deves entrar na tua conta