Concursos de obras públicas grande dimensão coloca construtoras estrangeiras em vantagem. Portuguesas não conseguem concorrer.
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Obras públicas do PRR
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Os prazos para executar as obras financiadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) são curtos. Os projetos imobiliários propostos devem estar concluídos até 2026, sob pena de perderem o financiamento da bazuca europeia. A corrida às obras públicas está instalada. Mas o setor teme que o atraso no planeamento dos projetos abra caminho para o lançamento de concursos de grande dimensão, que estão fora do alcance das construtoras portuguesas.

Quem o diz é Manuel Reis Campos, presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN): “Há riscos de, com os atrasos no planeamento, entenderem que não temos tempo para fazer estas obras e, para não perdermos fundos, entregarmos as obras em concursos maiores ou até chave na mão”, afirma citado pelo Jornal de Negócios.

Isto quer dizer que em vez de ser lançado um concurso público para a construção de um lote, poderão surgir concursos para a construção de 5 ou mais lotes. “Há o risco de serem lançados concursos de grande dimensão a que as empresas portuguesas não conseguem concorrer”, diz Manuel Reis Campos, explicando que esta situação abre a porta a que concorrentes estrangeiros, como os espanhóis, adjudiquem as obras em vez das empresas portuguesas.

Para evitar que esta situação se confirme, o presidente da AICCOPN afirma que  “os concursos [dos grandes projetos] devem ser fracionados para os pôr à nossa dimensão”. Senão “existe o risco” das empresas portuguesas assumirem um papel de subempreiteiros nos investimento previstos nos próximos anos no PRR, PT2020 e PNI 2030, afirma ainda Manuel Reis Campos na mesma publicação.

De notar que o volume de concursos de empreitadas de obras públicas caiu 19% nos primeiros seis meses do ano, face ao mesmo período de 2021, “refletindo, em grande medida, o impacto da ausência do Orçamento de Estado para 2022 [OE2022], o qual só entrou em vigor no passado dia 28 de junho”, dizem desde a AICOOPN no barómetro das obras públicas enviado às redações.

Os contratos celebrados de empreitadas de obras públicas no mesmo período representam 1.045 milhões de euros, um valor que é 51% inferior ao apurado para o período homólogo de 2021. O elevado preço dos materiais e matérias-primas, que deixou concursos desertos, a par da ausência do OE 2022 explicam esta queda nas contratações, explicou Manuel Reis Campos ao mesmo jornal.

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