Taxa de juro está a subir há 5 meses consecutivos, empurrada pela Euribor. Prestação da casa subiu 4 euros em agosto, diz INE.
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Juros a subir no crédito habitação
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Um efeito em cadeia está desenhado no mercado de crédito habitação. A subida das taxas de juros de referência pelo Banco Central Europeu (BCE) gerou um aumento a pique das taxas Euribor para todos os prazos. E como a maioria dos créditos habitação em Portugal são de taxa variável (a 6 e 12 meses, sobretudo), este movimento ascendente da Euribor depressa se refletiu nos juros a pagar aos bancos pelos empréstimos da casa. O Instituto Nacional de Estatística (INE) avançou esta terça-feira, dia 20 de setembro, que os juros nos contratos de crédito habitação chegaram aos 1,011% em agosto, estando assim a subir há cinco meses consecutivos.

“A taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito à habitação foi 1,011% em agosto, subindo 9,9 pontos base (p.b.) face a julho (0,912%)”, lê-se no boletim publicado pelo gabinete de estatística português. É preciso recuar até dezembro de 2019 para encontrar um valor igual.

Os dados do INE também mostram que a taxa de juro implícita no conjunto de créditos habitação em Portugal está a subir há cinco meses consecutivos:

  • em abril, atingiu os 0,805%;
  • em maio, os 0,826%;
  • em junho, os 0,858%:
  • em julho, os 0,912%.
  • em agosto, os 1,011%.

“Para o destino de financiamento aquisição de habitação, o mais relevante no conjunto do crédito à habitação, a taxa de juro implícita para o total dos contratos subiu para 1,027% (+9,9 p.b. face a julho)”, referem ainda. Já nos contratos celebrados nos últimos três meses, a taxa de juro aumentou ainda mais: 23,3 p.b. face ao mês anterior, fixando-se em 1,528%.

O que está por detrás da subida dos juros no crédito habitação e da prestação da casa?

Esta subida dos juros começou a sentir-se logo depois de eclodir a guerra da Ucrânia, o fator que desencadeou uma aceleração da inflação no espaço europeu - hoje está a 9,1%, com Portugal acima da média da zona euro. Para a travar o encarecimento generalizado dos preços e garantir a estabilidade económica, o BCE logo anunciou que iria aumentar as taxas de juro diretoras. E, em reação a este clima de instabilidade nos mercados, a Euribor começou a escalar em todos os prazos. Resultado? Os juros a pagar nos créditos habitação estão mais altos e as prestações da casa mais caras.

Entretanto, o regulador europeu liderado por Christine Lagarde já subiu os juros diretores em 125 pontos base desde o início do ano. E garantiu que, em linha com a estratégia adotada por vários outros bancos centrais, irá subir ainda mais até reduzir a inflação a 2%. Isto quer dizer que a Euribor deverá continuar a subir e a puxar para cima os juros dos empréstimos da casa nos próximos meses - num contexto em que os economistas e as autoridades monetárias cada vez mais antecipam de recessão económica.

E esta subida a pique dos juros nos empréstimos, com vários efeitos imediatos que se fazem já sentir, nomeadamente nos bolsos das famílias, poderá ter também consequências no médio prazo. Segundo os economistas do BCE, "a dinâmica do mercado imobiliário é muito sensível às taxas dos créditos habitação”. Isto significa que se os juros subirem 1 ponto percentual, os preços das casas podem cair até 9% e o investimento imobiliário em 15%, tendo em conta o ambiente anterior de baixas taxas de juro - que marcou uma época de dinheiro barato nos últimos anos, após a crise financeira dos subprime.

Prestação da casa está a ficar mais cara

Havendo mais juros a pagar nos empréstimos, significa que as prestações da casa estão a ficar mais caras. Considerando a totalidade dos contratos de empréstimos habitação em vigor, o valor médio da prestação a pagar ao banco subiu quatro euros, para 268 euros – cerca de 19% diz respeito ao pagamento de juros (51 euros) e 81% a capital amortizado (cerca de 217 euros).

“Nos contratos celebrados nos últimos três meses, o valor médio da prestação subiu 20 euros, para 445 euros”, refere o INE.

  • Para a totalidade dos contratos de crédito habitação, o capital médio em dívida subiu 345 euros em agosto face ao mês anterior, fixando-se em 60.750 euros.
  • Já para os contratos celebrados nos últimos três meses, o montante médio em dívida foi 128.092 euros, mais 414 euros que em julho.
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