
O arrendamento forçado de imóveis, uma das medidas que consta no programa do Governo Mais Habitação – foi debatido e aprovado esta sexta-feira (19 de maio de 2023) na Assembleia da República –, promete continuar a gerar polémica. Os serviços do Parlamento alertaram, tal como já o tinham feito outros players do setor imobiliário, para o facto da medida poder violar o princípio constitucional da proporcionalidade.
Segundo o Público, o presidente do Parlamento, o socialista Augusto Santos Silva, fez uma chamada de atenção para as observações dos serviços – antes do pacote Mais Habitação ter sido aprovado –, salientando que as mesmas devem “ser consideradas no decurso do processo legislativo”.
O arrendamento forçado de imóveis devolutos “parece consubstanciar uma restrição ao direito à propriedade privada” previsto na Constituição, lê-se na nota de admissibilidade e na habitual nota técnica elaborada para todos os diplomas que entram no Parlamento.
É ainda assinalada, escreve a publicação, a possibilidade de o arrendamento forçado estar inserido num conjunto de medidas desenvolvidas pelo Governo para "dar resposta à carência habitacional" e cumprir o dever do Estado de "assegurar o direito à habitação", também ele estipulado pela Constituição.
“Estando em confronto dois direitos constitucionalmente consagrados, entendidos como direitos fundamentais de natureza análoga aos direitos, liberdades e garantias – o direito à propriedade privada e o direito à habitação –, deverá ser equacionado os termos em que o primeiro deverá ceder perante o outro e se se mostra respeitado o princípio da proporcionalidade, previsto no n.º 2 do artigo 18.º da Constituição, que a doutrina tem considerado aplicável quanto a eventuais restrições ao direito de propriedade", referem os serviços do Parlamento.
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