
Como resolver a crise habitacional que se instalou em Portugal? A resposta a esta pergunta não é fácil de dar, apesar de haver alguns caminhos a seguir para tentar minimizar o problema do acesso à habitação. Um deles passa pela aposta na “construção modular/industrialização da construção”, que poderá ajudar a aumentar a “oferta de casas a preços acessíveis”, sugere Manuela Álvares, presidente do concelho de administração da MatosinhosHabit, em entrevista ao idealista/news.
Segundo a responsável da empresa que faz a gestão do edificado municipal de Matosinhos, “é incontornável que o preço das casas ou do arrendamento em Portugal está desajustado da realidade económica da generalidade das famílias”.
Na visão desta especialista, "um dos instrumentos possíveis para resolver este problema passa por ‘injetar’ no mercado, através da intervenção do Estado, dos municípios, do setor cooperativo e da criação de incentivos adequados ao investimento privado, novas casas a preços acessíveis, aumentando a respetiva oferta disponível”.
Manuela Álvares revela, de resto, que o município de Matosinhos tem colaborado com o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) “na construção de habitação para arrendamento acessível no concelho, através da cedência de terrenos municipais para a construção de habitação destinada ao mercado do arrendamento acessível”.
E concretiza com exemplos: "Está em curso um procedimento promovido pelo IHRU, num terreno cedido para o efeito pelo município, para a construção de 205 novos fogos a afetar a este mercado. Além disso, o município tem vindo consistentemente a desenvolver esforços no sentido de estimular o investimento privado, de forma a interessá-lo neste segmento do mercado de arrendamento habitacional, e continua a estudar outras respostas no campo da habitação acessível”.

A importância de apostar na construção modular
Quando questionada sobre como é possível promover habitação acessível e de qualidade em Portugal, a presidente do concelho de administração da MatosinhosHabit considera que a médio, longo prazo “a intervenção pública neste domínio acabará por criar condições de proteção do próprio mercado do arrendamento habitacional, dotando-o de racionalidade, ajustando a oferta à procura e contribuindo para que este continue a ser um segmento atrativo ao investimento privado”.
Para Manuela Álvares, é “essencial e da mais primordial importância o envolvimento do setor cooperativo, que tanto sucesso teve no passado, e do setor privado” na estratégia e necessidade de aumentar a oferta de habitação, nomeadamente acessível.
“A adaptação do mercado às necessidades sentidas, como por exemplo o surgimento da construção modular/industrialização da construção, poderá vir a ser também uma via para o aumento da oferta de habitação a preços acessíveis, atendendo ao processo construtivo mais célere, ainda que, pelo menos por agora, não necessariamente mais económico”, analisa.
“É nos espaços urbanos que se joga, em grande parte, o desafio da sustentabilidade”
No que diz respeito à necessidade de apostar na sustentabilidade e na eficiência energética, nomeadamente no setor imobiliário, a responsável deixa um alerta: “A sustentabilidade é um tema que perpassa transversalmente a generalidade das áreas de atividade humana, como um requisito urgente e um terreno em que se joga, sem sofismas, o futuro da própria humanidade. A todos (entidades públicas e privadas) cabe fazer a sua parte no sentido de assegurar uma existência digna e sustentável às gerações vindouras”.
Manuela Álvares vai mais longe nas palavras, sublinhando que “é nos espaços urbanos, principais consumidores energéticos e produtores de resíduos, que se joga, em grande parte, o desafio da sustentabilidade e o sucesso das medidas que o concretizam”. “No âmbito da política de habitação, Matosinhos cumpre, a este respeito, com as suas responsabilidades”, conclui.
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