Taxas Euribor tem cada vez menor margem para descer. Ciclo de queda dos juros deverá inverter-se em 2026.
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Crédito habitação em Portugal
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Hoje, quem procura um crédito habitação para comprar casa em Portugal vai encontrar um mercado bem atrativo, com ofertas competitivas e taxas de juro interessantes. Mas tudo indica que este cenário poderá chegar ao fim em breve. Por um lado, as taxas Euribor têm apenas margem de redução no curto prazo. E, por outro, os bancos podem procurar atenuar a redução das suas margens de lucro, aumentando os spreads nos empréstimos da casa, antecipam especialistas ouvidos pelo idealista/news.

O cenário hipotecário no país tem estado animador para contratar novos créditos habitação. As taxas Euribor estão cada vez mais perto dos 2%, baixando as prestações da casa. E os bancos têm lançado campanhas cada vez mais competitivas, quer a taxa mista, quer a taxa variável, com spreads a partir de 0,7%, tal como explicamos neste artigo. A somar a tudo isto, os jovens têm ainda acesso à isenção de IMT e à garantia pública.

Mas esta realidade pode mudar em breve. Com a nova redução em 25 pontos base nas taxas de juro diretoras decidida pelo Banco Central Europeu (BCE) esta quinta-feira (dia 5 de junho), “a curva dos juros vai assumir uma trajetória mais razoável, com os indexantes de curto prazo claramente mais baratos do que os de longo prazo”, analisa Miguel Cabrita, responsável pelo idealista/créditohabitação em Portugal.

O que é que isto quer dizer? Este poderá ser o primeiro sinal de uma inversão do ciclo de descida dos juros. Enquanto a Euribor a 12 meses reflete a expectativa de evolução dos juros no longo prazo, a Euribor a 3 meses indica a evolução das taxas num prazo mais curto. Ou seja, com o indexante no prazo mais curto ficar mais baixo do que a taxa a um ano, significa que os juros têm margem para descer apenas nos próximos meses, mas não num maior horizonte temporal. Esta tendência já é visível: esta quinta-feira, a Euribor a 3 meses desceu para 1,954% ficando abaixo da Euribor a 12 meses (2,044%).

É por isso que Miguel Cabrita não acredita que “esta nova redução das taxas do BCE tenha um efeito positivo sobre os consumidores. É possível que o corte seja transmitido para a Euribor a 12 meses, resultando numa ligeira descida das prestações da casa para quem tem créditos habitação a taxa variável. Mas para quem vai pedir um novo empréstimo para comprar casa, terá pouco efeito”, aponta. 

E explica porquê: “Esta medida [corte dos juros do BCE] reduz o lucro que os bancos obtêm com a não remuneração dos depósitos dos clientes, o que pode significar a manutenção ou até mesmo o aumento dos custos dos novos créditos habitação”. Isto quer dizer que as ofertas de crédito habitação poderão tornar-se menos apetecíveis por via do aumento dos spreads.

Ainda assim, desde o Conselho do BCE dizem que “diminuíram os receios de que a incerteza acrescida e a resposta volátil dos mercados às tensões comerciais em abril conduzissem a um aumento da restritividade das condições de financiamento”. A verdade é que, com a Euribor cada vez mais perto de atingir a taxa mínima, os bancos também a acabam por ter menor margem para melhorar as suas ofertas de crédito habitação.

Euribor a descer em 2025
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Até onde pode descer a Euribor em 2025?

Para já, tudo indica que as taxas Euribor têm alguma margem para descer no curto prazo. Com o novo corte dos juros do BCE, “é provável que a Euribor ultrapasse a barreira dos 2% na sua trajetória descendente, o que não acontece desde setembro de 2022”, revelam os analistas da Ebury Portugal em declarações ao idealista/news. Mas também acreditam que “a Euribor a 12 meses está perto de atingir o mínimo”, uma vez que o ciclo de cortes dos juros do regulador europeu “está perto do fim”.

Quanto às previsões da Euribor a 12 meses, o Painel de Previsões para a economia espanhola reviu em baixa as suas estimativas, apontando agora para que esta taxa se fixe em 1,9% no final do ano, mantendo-se estável nesse nível pelo menos até ao final de 2026 (com uma média estimada de 1,85%). 

As perspetivas são bem mais animadoras para as taxas Euribor nos prazos mais curtos. As curvas 'forward' – que indicam a expectativa do mercado em relação à fixação das taxas futuras - mostram que a Euribor a 3 meses deverá fechar 2025 nos 1,71% e a Euribor a 6 meses deverá cair até 1,79%. No início de 2026, tudo indica que estas taxas deverão manter-se nestes níveis antes de começarem a subir a partir de abril. Ou seja, estima-se que o fim do ciclo de queda da Euribor estará para breve.

Portanto, as condições parecem estar mais interessantes no curto prazo para quem contratar crédito habitação a taxa variável indexado à Euribor a 6 meses – isto se não se verificarem alterações significativas nos spreads. Assim podem variar as prestações da casa, tendo em conta empréstimos habitação a taxa variável de 150.000 euros (com spread de 0,7% e prazo de 30 anos), de acordo com simulações preparadas pelo idealista/créditohabitação

  • se a Euribor a 6 meses cair dos atuais 2,116 % (média mensal de maio) para 2,00% significa que as prestações mensais vão descer de 617 euros para 608 euros (menos 9 euros);
  • se a Euribor a 6 meses descer para 1,85%, as prestações da casa serão de 596 euros, uma redução de 21 euros face a quem contratou o crédito em junho de 2025 (que usa a taxa média mensal de maio);
  • se a Euribor a 6 meses cair para 1,75%, uma família que contratar um crédito habitação nestas condições pagará 588 euros mensais de prestação, menos 29 euros face a quem assinou o empréstimo este mês.

Perante este contexto de mudança, torna-se ainda mais importante que as famílias estejam bem atentas à evolução das condições de mercado hipotecário em Portugal, nomeadamente às eventuais subidas da Euribor e dos spreads, que podem impactar a prestação da casa e o custo total do empréstimo.

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