A associação Relais & Châteaux (R&C) “é uma grande família composta por mais de 580 casas espalhadas pelo mundo, hotéis e restaurantes independentes, que na sua maioria são conduzidos há gerações pelas mesmas famílias”. Em entrevista ao idealista/news, Gonçalo Narciso dos Santos, delegado da R&C para Portugal e Espanha, revela alguns dos segredos destes espaços. “Cada propriedade tem a sua identidade e história, mas todas partilham a mesma vontade de oferecer experiências verdadeiras, onde o luxo se mede pela emoção e não pelo excesso”, confidencia.
A delegação ibérica conta com 34 membros na R&C, 22 em Espanha e 12 em Portugal (11 hotéis e um restaurante). Estes são os espaços com o selo da associação a nível nacional:
- Bela Vista Hotel & Spa;
- Belcanto (restaurante);
- Casa da Calçada;
- Casa Velha do Palheiro;
- Fortaleza do Guincho;
- Herdade da Malhadinha Nova;
- Quinta Nova Winery House;
- The Yeatman;
- Valverde Lisboa Hotel & Garden;
- Valverde Santar Hotel & Spa;
- L’AND Vineyards;
- Hotel Vermelho.
“Tornar-se membro da R&C é um processo rigoroso e seletivo. Mais que cumprir critérios técnicos, é essencial que cada casa partilhe os valores e a filosofia da associação – autenticidade, excelência, hospitalidade com alma e respeito pela cultura local”, explica Gonçalo Narciso dos Santos.
Sem rodeios, o delegado da R&C para Portugal e Espanha afirma que a hospitalidade portuguesa é “discreta, calorosa e verdadeira”, fatores que continuam “a conquistar viajantes de todo o mundo, incluindo os mais exigentes”. Em causa estão “hóspedes que valorizam a personalização, o serviço atento e a autenticidade das experiências”, reconhecendo a importância de “viajar com propósito e alma”. São pessoas que “procuram experiências autênticas e memoráveis”, atesta.
A R&C faz este ano 71 anos, tendo sido fundada em França em 1954. Foi criada com que objetivo?
A R&C nasceu do sonho partilhado por um pequeno grupo de hoteleiros e chefs que acreditavam que viajar podia ser muito mais que mudar de lugar – poderia ser viver uma emoção, um encontro, uma memória. Queriam unir casas com alma, onde a gastronomia, a hospitalidade e o sentido de lugar se conjugassem de forma genuína. 71 anos depois, essa essência continua a ser o coração da associação: criar momentos únicos, conduzidos pela paixão de quem recebe e pela beleza do que é autêntico.
A R&C já integra, penso, mais de 580 membros – hotéis e restaurantes em todo o mundo geridos por proprietários independentes, na maioria famílias –, estando presente em 68 países. Quem são estas pessoas e que hotéis e restaurantes são estes? O que os distingue da concorrência?
A R&C é uma grande família composta por mais de 580 casas espalhadas pelo mundo, hotéis e restaurantes independentes, que na sua maioria são conduzidos há gerações pelas mesmas famílias. São pessoas apaixonadas pelo que fazem, guardiãs de um certo “art de vivre” que valoriza o detalhe, a autenticidade e o vínculo humano.
"Cada propriedade tem a sua identidade e história, mas todas partilham a mesma vontade de oferecer experiências verdadeiras, onde o luxo se mede pela emoção e não pelo excesso"
O que nos distingue é precisamente essa alma: cada propriedade tem a sua identidade e história, mas todas partilham a mesma vontade de oferecer experiências verdadeiras, onde o luxo se mede pela emoção e não pelo excesso. Em Portugal e Espanha, temos a sorte de contar com membros extraordinários que refletem a diversidade e a riqueza cultural da Península Ibérica.
Quantos membros tem a R&C na Península Ibérica? 12 encontram-se em Portugal (11 hotéis e um restaurante, o Belcanto), certo? O que é necessário ter e/ou fazer para ser membro da associação? Já houve interessados em Portugal em pertencer à R&C que não conseguiram por algum motivo?
A delegação conta com 34 membros – 12 em Portugal e 22 em Espanha. Destes, dois são restaurantes: o Belcanto (**Michelin), do Chef José Avillez, em Lisboa, e o COQUE (**Michelin), dos irmãos Sandoval, em Madrid.
Tornar-se membro da R&C é um processo rigoroso e seletivo. Mais que cumprir critérios técnicos, é essencial que cada casa partilhe os valores e a filosofia da associação: autenticidade, excelência, hospitalidade com alma e respeito pela cultura local. Cada candidatura é cuidadosamente avaliada pela ‘network commission’ que visita e analisa diversos aspetos, desde a gastronomia à qualidade da experiência humana. Naturalmente, nem todas as candidaturas chegam a ser aceites, não por falta de mérito, mas porque é fundamental garantir uma coerência e uma identidade comum dentro da nossa coleção. Em Portugal, há sempre interesse e diálogo, o que demonstra o interesse e o prestígio que a marca tem.
Está na calha a entrada de mais membros em breve em Portugal?
Há sempre um interesse crescente em Portugal, o que nos deixa muito felizes, pois demonstra o reconhecimento da qualidade e autenticidade da hospitalidade portuguesa. No entanto, a R&C é extremamente seletiva na escolha dos seus membros, pois cada nova entrada é o resultado de um processo cuidado, que avalia não apenas a excelência do serviço e da gastronomia, mas também a alma do lugar e o alinhamento com a nossa filosofia.
"Existem projetos inspiradores em análise [em Portugal, para integrar a R&C], mas mais do que o 'quando' ou o 'onde', importa que cada nova propriedade venha acrescentar valor e coerência à nossa coleção"
Posso apenas dizer que existem projetos inspiradores em análise, mas mais do que o “quando” ou o “onde”, importa que cada nova propriedade venha acrescentar valor e coerência à nossa coleção.
Qual é o público-alvo destes 11 hotéis, quem são os clientes “habituais”, que perfil têm? São sobretudo pessoas com muito dinheiro? Há muitos hóspedes portugueses?
Os hóspedes das propriedades R&C em Portugal vêm de diferentes partes do mundo, mas partilham uma característica comum: procuram experiências autênticas e memoráveis. São viajantes que valorizam a gastronomia, a cultura e o sentido de lugar, mais do que o luxo no sentido material.
Temos uma forte presença de clientes norte-americanos, que encontram em Portugal uma combinação ímpar de hospitalidade, autenticidade e excelência culinária. Também recebemos muitos europeus: franceses, britânicos, alemães e espanhóis e, felizmente, um número crescente de hóspedes portugueses. Os 12 membros portugueses refletem bem esta diversidade: desde o charme das propriedades costeiras ao encanto dos refúgios rurais e das experiências gastronómicas de autor, todos traduzem, à sua maneira, a alma da hospitalidade portuguesa dentro do universo R&C.
E há muitos turistas portugueses a viajar para outros países e a pernoitar em hotéis membros da R&C? Qual é o principal país que escolhem e porque optam por estes hotéis e não outros?
Temos vindo a notar um interesse crescente dos viajantes portugueses pela R&C em todo o mundo. São hóspedes que valorizam a personalização, o serviço atento e a autenticidade das experiências – e que reconhecem nos nossos membros uma forma de viajar com propósito e alma.
As escolhas variam muito, mas destinos como França, Itália e Espanha continuam a ser particularmente apreciados pela proximidade cultural e pela riqueza gastronómica. Mais do que escolher um hotel, os nossos hóspedes escolhem uma forma de estar: lugares onde se sentem acolhidos, inspirados e ligados ao verdadeiro espírito de cada destino.
Há vantagens financeiras (descontos, por exemplo) em escolher hotéis membros da R&C?
Mais que vantagens financeiras, o verdadeiro benefício de escolher uma propriedade R&C está na confiança e na garantia de uma experiência autêntica, personalizada e de excelência. Ainda assim, a associação oferece um programa de fidelização, o Guest Recognition Program: Les Amis & Always Be Expected. Mas, acima de tudo, quem escolhe a R&C procura algo que vai além do valor monetário – procura uma hospitalidade com alma, feita de detalhe, generosidade e sentido de pertença.
Dados recentes indicam que os membros da R&C registaram, em 2024, um volume de vendas de 3,2 mil milhões de euros, representando um crescimento de 8% face a 2023, certo? O que esperar de 2025?
Não disponho de dados concretos sobre esses números, mas é inegável que a R&C tem vindo a registar um dinamismo muito positivo a nível global. Este crescimento reflete o reconhecimento crescente de uma nova geração de viajantes, que valoriza autenticidade, sustentabilidade e experiências com propósito.
Notamos que 2025 continua nesse caminho – um ano de consolidação, em que a procura por destinos com alma e por uma hospitalidade mais humana continua a ganhar força.
São muitos os turistas que continuam a escolher Portugal como destino de férias, acredita que a tendência se vai manter? Porquê e porque continua o país a ser atrativo, nomeadamente para pessoas com elevada capacidade financeira?
Sim, acredito que Portugal continuará a ser um destino de eleição. O país combina autenticidade, excelência gastronómica e um estilo de vida genuíno que encanta quem procura experiências com alma. A hospitalidade portuguesa – discreta, calorosa e verdadeira – é o que continua a conquistar viajantes de todo o mundo, incluindo os mais exigentes.
O facto de haver cada vez mais personalidades ou pessoas conhecidas a investir em imobiliário em Portugal poderá contribuir também para o sucesso da A&R? Alguns dos hóspedes tradicionais são estas celebridades que “aterram” no país com o objetivo investir?
Portugal tornou-se, nos últimos anos, um país muito atrativo para quem procura qualidade de vida, autenticidade e uma ligação genuína à cultura local, e isso reflete-se naturalmente também na hotelaria de excelência. É verdade que várias personalidades internacionais têm escolhido Portugal para viver ou investir, o que reforça a visibilidade e o prestígio do destino. No entanto, na R&C, preservamos sempre a confidencialidade dos hóspedes. O que posso dizer é que muitos procuram exatamente o que as nossas casas oferecem: privacidade, discrição e uma hospitalidade genuína, onde se sentem em casa, estando longe de casa.
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