
As novas medidas impostas para travar a pandemia ao longo do passado mês de dezembro surpreenderam o Alojamento Local (AL). Primeiro, passou a ser obrigatório apresentar o certificado digital e, depois do Natal, passou a ser necessário apresentar um teste negativo à Covid-19 para aceder ao AL. Resultado: “Dezembro voltou a ser um mês dramático em termos de cancelamentos no AL”, alerta a Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP). E, por isso, a organização apela ao “reforço urgente das medidas de apoio” que já estão em curso.
Os dados avançados pela ALEP dão conta que, em média, um terço das reservas foram canceladas em dezembro nos principais destinos como Lisboa, Porto e Madeira. “Se se tiver em conta apenas o período mais importante (Natal e Ano Novo), o impacto foi ainda mais duro, chegando a atingir 40% das reservas”, dizem ainda em comunicado enviado às redações.
E, “a agravar a situação, as reservas registam também um abrandamento muito significativo, com a maioria dos alojamentos com os calendários de janeiro e fevereiro quase vazios”, apontam. No caso do Porto, Eduardo Miranda, presidente da ALEP, estima que nos meses de inverno haja quase "paralisia total" no AL.
“Sabemos agora que com a vacinação estamos quase a ver uma luz no fundo do túnel de regresso a alguma normalidade a seguir à primavera, mas o ‘quase’ agora é crítico. Significa que os empresários têm de resistir até lá, só que depois de dois anos em crise profunda muitos não vão conseguir sobreviver estes próximos meses sem apoio”, alerta Eduardo Miranda.

Reforço de apoios ao AL: o que quer a ALEP?
O Natal e o Ano Novo eram vistos com esperança para obter um “balão de oxigénio”. E sem a faturação esperada neste período e com as expectativas de inverno “muito negativas”, a associação diz ser “inevitável o reforço dos apoios para permitir chegar à primavera, quando todos esperam que finalmente a retoma reinicie com alguma estabilidade”.
É neste sentido que a ALEP pede aos governantes que “as atividades mais afetadas não sejam deixadas à sua sorte”. E apela, ainda, ao reforço dos instrumentos que já estão em funcionamento:
- Reforço da linha de tesouraria do Turismo de Portugal para os para os micro e pequenos empresários, com uma componente obrigatório de fundo perdido;
- Continuidade de programas como a retoma progressiva em 2022 para as empresas para manter o emprego;
- Adiar o início do reembolso dos empréstimos das linhas de apoio, na maioria agendado para junho de 2022: para a ALEP é fundamental adiar o período de carência do reinício dos reembolsos por pelo menos mais um ano e sempre a seguir ao verão.
“Pedir aos operadores, depois de dois anos ou mais de crise profunda, que comecem a pagar os empréstimos mesmo antes da temporada de verão será inviável e vamos ter outro problema de tesouraria”, reforça Eduardo Miranda.
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