Com os juros e a inflação em alta, já há bancos a apostar na redução de spreads dos créditos habitação para atrair famílias.
Comentários: 0
Como ajustar o crédito habitação
Pexels

Mesmo num contexto de alta inflação e de subida dos juros, as famílias continuam a recorrer ao financiamento bancário para comprar casa em Portugal. Quem o diz são os dados do próprio Banco de Portugal (BdP): só nos primeiros sete meses de 2022 foram concedidos 8.630 milhões de euros em novos créditos habitação no país. E quando a procura está em alta e os juros sobem à boleia da Euribor, os bancos usam estratégias para atrair mais clientes. É aí que entra a redução dos spreads. E já houve um banco que deu o tiro de partida nesta corrida, depois da decisão do BCE subir as taxas diretoras: o Bankinter, que oferece agora um spread mínimo de 0,85%.

A chamada "guerra de spreads" entre as instituições financeiras existe desde há anos. Mas num novo contexto de subida de taxas de juro poderá tornar-se mais agressiva. Isto porque com o regresso das taxas Euribor para terrenos positivos em 2022 – depois de cerca de 6 anos no negativo -, os bancos voltam a ganhar dinheiro com os empréstimos da casa e têm uma folga maior para baixar as margens de lucro, ou seja, os spreads.

Desde meados de julho até à atualidade, o Bankinter foi o primeiro banco a lançar uma campanha de redução de spread, a qual vai estar em vigor até 18 de novembro deste ano. Em concreto, esta iniciativa contempla uma nova redução do spread mínimo para 0,85%, menos 0,05% do que já era disponibilizado pelo banco (spread contratado - ver tabela). Isto para financiamentos de 150.000 euros, com Euribor a 3 meses (0,395% em agosto) e prazo de 30 anos.

E no atual contexto marcado pela subida da Euribor para todos os prazos, “é normal começarmos a assistir a mais bancos a reduzir o spread”, analisa Miguel Cabrita, responsável pelo idealista/créditohabitação em Portugal. No entanto, para já, nenhum outro banco tem intenções de reduzir os spreads, segundo refere o Expresso, que fez uma ronda pelo mercado, questionando a CGD, o BCP, o Santander, o BPI, o Novo Banco, o Crédito Agrícola e o Banco Montepio sobre este ponto.

Como assegurar o pagamento da prestação da casa: taxa fixa é mais procurada

Hoje em dia, quem está a pagar o crédito habitação de taxa variável tem uma certeza: a prestação da casa vai refletir a subida das taxas Euribor assim que forem atualizadas, trimestral, semestral ou anualmente. Mas, note-se, que não vão aumentar todas da mesma forma, já que vai depender do capital em dívida.

A boa notícia é que há várias soluções para ajustar a prestação da casa aos orçamentos familiares, sobretudo num momento em que as carteiras das famílias estão a ser pressionadas pela inflação - em Portugal fixou-se em 8,9% em agosto - e evitar o incumprimento. Para ajustar a prestação da casa ao rendimento da família é possível:

  • Renegociar o spread;
  • Transferir o crédito habitação para outro banco;
  • Mudar de taxa variável para taxa fixa;
  • Amortizar o crédito habitação;
  • Alargar o prazo do crédito habitação;
  • Renegociar produtos financeiros;
  • Mudar de seguradora.

Para Miguel Cabrita, o melhor a fazer passa por antecipar qualquer dificuldade em pagar a prestação da casa: “A melhor decisão é atuar em antecipação pelo que pode ser o momento de procurar opções de redução de spread ou alteração para taxa mista/fixa”, diz o responsável, sublinhando que, para isso, as famílias podem pedir ajuda de forma gratuita a intermediários de crédito autorizado pelo BdP.

Negociar o spread com o banco
Pexels
  • Taxa fixa ou mista

Alterar a taxa variável – que sobe ou desce consoante a flutuação da Euribor tornando-se mais instável – para uma taxa fixa ou mista (onde a prestação não altera ao longo do contrato) tem sido uma opção para muitas famílias portuguesas. "Em fases de incerteza, a procura por produtos de taxa mista/fixa cresce”, admite Miguel Cabrita em entrevista ao idealista/news.

E é mesmo isso que está a acontecer neste momento: a contratação do crédito habitação com taxa fixa é agora mais procurada. Segundo o Novo Banco, o CA, o Bankinter e o BCP, as famílias procuram mais informação sobre créditos habitação de taxa fixa, refere o Expresso. Em resultado, a percentagem de novos contratos está a crescer, embora a grande maioria ainda seja de taxa variável (mais de 90%). “A proporção dos empréstimos com taxa fixa tem vindo gradualmente a aumentar desde 2016”, lê-se no relatório de estabilidade financeira de junho de 2022 do BdP.

Com a procura por taxas de juro fixas e mistas a aumentar, há também instituições financeiras que estão a melhorar as ofertas. E neste ponto o Bankinter volta a estar na linha da frente. “Relativamente aos clientes que já tenham crédito habitação contratado e estejam preocupados com a subida do valor da prestação, o banco disponibiliza condições vantajosas de taxa fixa para vários prazos”, lê-se no comunicado enviado às redações. Assim, o Bankinter baixou também as taxas fixas do crédito habitação para 1,75% nos primeiros 2 anos, para 2,25% nos primeiros 5 anos e para 2,50% nos primeiros 10 anos, períodos depois dos quais as famílias passarão a usufruir de um spread desde 0,85%, quando transitarem para a taxa variável.  

  • Transferir o crédito habitação

Quanto à transferência dos créditos habitação para outros bancos, há também instituições com campanhas em curso. Segundo o Expresso, o BCP tem uma campanha até ao final do mês que cobre os custos de transferência (obtenção de documentos, formalização fora de horas e representação no ato) por parte dos clientes. E também o Bankinter suporta o custo de transferência em contratos que pressupõem taxa variável na instituição de origem.

Ver comentários (0) / Comentar

Para poder comentar deves entrar na tua conta