O modelo de trabalho híbrido e a aposta na tecnologia e na sustentabilidade serão tendências, segundo a consultora imobiliária Savills.
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Como serão as cidades no pós-pandemia? Cinco fenómenos a ter em conta
Imagem de larahcv por Pixabay

Como serão as cidades no pós-pandemia Covid-19? O que mudará no funcionamento e no ‘modus operandi’ das metrópoles com a aprendizagem adquirida no último ano, marcado por períodos de confinamento, teletrabalho, ensino à distância etc.? O modelo de trabalho híbrido e a aposta na tecnologia e na sustentabilidade estarão na ordem dia, seguramente. Mas há mais novidades a ter em conta que podem influenciar a vida quotidiana das pessoas. 

Segundo um artigo publicado no blog da consultora imobiliária britânica Savills, são cinco as tendências emergentes que moldarão as cidades no pós-pandemia. “2021 trouxe consigo uma sensação de otimismo de que o pior da pandemia já terá passado, e o regresso a alguma forma de normalidade já não parece tão distante”, lê-se no artigo.

Mostramos em baixo, forma resumida, as cinco tendências a ter em conta no futuro das cidades, segundo a Savills. “O ponto central [a perceber] será a eficácia com que as cidades se poderão posicionar para abraçar e moldar as tendências urbanas emergentes, incluindo o trabalho híbrido, a cidade de 15 minutos, o reaproveitamento sustentável e tecnologias de cidades inteligentes”. 

1 – Modelo de trabalho híbrido

Antes da pandemia, só 5,7% das pessoas trabalhavam em casa, um número que aumentou para mais de 40% em abril de 2020. As empresas investiram pesadamente em infraestrutura digital remota e algumas anunciaram políticas permanentes de trabalho em casa. Isso levou alguns analistas a afirmar que as aglomerações urbanas já não são os motores cruciais do valor económico.

A proximidade física continua a ser, no entanto, importante para o crescimento e para a inovação, tanto dentro como entre as empresas. Nas cidades, muitas ideias e colaborações são geradas não só nos escritórios e salas de reuniões, mas também em espaços como cafés, bares e eventos.

Nos próximos meses, deverá assistir-se a um equilíbrio entre a situação pré-pandémica e o trabalho remoto total, ou seja, o modelo híbrido tenderá a ganhar força. Segundo estudos recentes, 65% dos trabalhadores queriam ter uma divisão “clara” entre a casa e o escritório. Estes, tendo em conta que os funcionários passam mais tempo em casa, serão reconfigurados, devendo haver mais “salas de zoom” e espaços colaborativos. O modelo híbrido também impactará os padrões de gastos nas economias urbanas, particularmente aquelas sem grandes populações residenciais no centro de cidades.

A Savills considera ainda que o teletrabalho levou ao rejuvenescimento de muitos bairros locais. O conceito de cidade de 15 minutos, por exemplo, está a ser promovido por várias cidades, incluindo Milão e Paris. Trata-se de um modelo de urbanismo no qual os residentes podem ter a maior parte do que precisam para morar e trabalhar a uma curta distância de casa.

2 – Regresso às ruas

A diminuição no tráfego de veículos e a necessidade de distanciamento social também deram às cidades a oportunidade de experimentar mais a vida de rua, bem como a partilha do espaço público. 

Uma tendência importante notada na primavera e no verão de 2020 foi o aparecimento generalizado de ciclovias temporárias, ruas de uso pedestres, espaços vazios e experiências relacionadas com a arte urbana. Muitos moradores consideram que essas intervenções tornaram os ambientes urbanos mais atraentes e saudáveis e melhor bem conectados. 

3 – Cidades mais limpas, mais verdes e mais inteligentes

O primeiro confinamento levou a uma redução dramática da poluição do ar e lembrou-nos da importância dos espaços verdes urbanos. Há agora um ênfase renovado nas estratégias de recuperação urbana para tornar as cidades mais saudáveis e verdes no futuro. 

Paralelamente, com o uso generalizado de sistemas de monitoramento de saúde, a implementação do 5G e o crescimento contínuo da “computação” na nuvem e do ‘big data’, é provável que haja uma aceleração contínua das tecnologias de cidades inteligentes. E assim a infraestrutura urbana será mais sustentável e estará mais conectada.

4 – Declínio do retalho

A pandemia levou a que no ano de 2020 acelerasse a tendência de compras online, formando novos hábitos entre os consumidores que dificilmente serão revertidos. Isto levou ao colapso de grandes marcas, ao excesso de oferta de espaços de retalho e a investimentos contínuos em espaços de logística e entregas de última hora.

5 – Agenda política 

Um cenário de políticas eficazes será crucial para perceber e orientar como as cidades respondem aos desafios e crescem a partir das oportunidades. Em Inglaterra, por exemplo, houve mudanças legislativas e políticas em 2020 relacionadas com o sistema de planeamento urbano. 

O Livro Branco do Planeamento para o Futuro também propôs em Inglaterra, por exemplo, a introdução do zoneamento e um forte ênfase em como a tecnologia digital pode aprimorar o processo de planeamento.

Será crucial haver um sistema de políticas urbanas mais ágil, que possa também compreender e utilizar a quantidade cada vez maior de dados em tempo real gerados por tecnologias de cidades inteligentes.

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