
A inflação está a mexer diretamente com as carteiras das famílias por diferentes vias. De forma direta, a inflação sente-se, desde logo, na subida dos preços do supermercado e dos produtos energéticos. E a um nível indireto, está a fazer subir os juros dos créditos habitação, aumentando as prestações da casa. O clima de instabilidade financeira está aí e, agora, há uma maior pressão nas carteiras das famílias para pagar as contas. E este cenário poderá desencadear ansiedade financeira no seio de muitas famílias. Explicamos como lidar com a perda do poder de compra alimentado pela alta inflação.
A inflação está a subir desde o início do ano, tendo acelerado depois de eclodir a guerra na Ucrânia. Em Portugal atingiu os 8,9% em agosto, um dos níveis mais elevados das últimas três décadas, confirmou o INE esta segunda-feira. E na Zona Euro a inflação fixou-se em 9,1% no mês passado, segundo os dados provisórios do Eurostat.
O conflito armado desencadeado pela Rússia na Ucrânia mexeu, desde logo, com os preços dos alimentos, já que travou a exportação de cereais destes dois países para o mundo, e com os preços dos produtos energéticos, uma vez que a Rússia é um dos maiores exportadores de petróleo do mundo. O INE indicou que desde fevereiro até agosto, houve em Portugal um aumento de 14,7% nos preços dos produtos energéticos e de 12,0% nos produtos alimentares.
Não foi só nas contas do supermercado, da luz ,do gás e dos combustíveis que as famílias viram os preços subir. Também as prestações da casa estão a ficar mais caras desde março. Porquê? Porque para travar a inflação o Banco Central Europeu (BCE) apontou desde cedo que uma das medidas que iria adotar passaria por subir as taxas de juro diretoras, o que mexe diretamente com as taxas Euribor e estas, por sua vez, mexem com os juros dos créditos habitação de taxa variável e mista. A decisão foi avante pelo regulador europeu: em julho subiu os juros em 50 pontos base e em setembro em 75 pontos base. Em resultado, a Euribor está a escalar para todos os prazos, encarecendo ainda mais as prestações da casa das famílias.
Para ajudar os agregados familiares a lidar com o aumento do custo de vida nas diversas frentes, o Governo anunciou na semana passada um pacote de medidas, entre as quais se destaca:
- Cheque de 125 euros aos trabalhadores;
- Apoio de 50 euros a famílias com filhos
- Apoio extraordinário aos pensionistas;
- Travão à subida das rendas em 2023 de 2%;
- IVA da luz desce para 6%;
- Redução da tarifa do gás.

4 dicas para lidar com a ansiedade financeira
Mas, ainda assim, as famílias vão continuar a fazer uma ginástica financeira para conseguir pagar todas as contas. Perante este cenário, há riscos para a saúde mental dos trabalhadores, podendo gerar a designada ansiedade financeira. Para lidar com este stress a nível financeiro deixamos-te 4 dicas de especialistas, que se resumem no seguinte, segundo o Expresso:
- Concentra-te em ti mesmo: define prioridades em cada mês para conseguires gerir melhor o teu orçamento. Só conseguirás colocar as finanças em ordem quando conheceres exatamente as tuas despesas e as tuas prioridades.
- Evita o isolamento: para que a família e amigos não percebam que estás ansioso com as tuas finanças, poderás ter a tendência para te isolares a nível social. Mas, segundo os especialistas, isso agrava o nível de ansiedade. Por isso, o melhor mesmo é partilhar o que estás a passar, para encontrar soluções em conjunto.
- Analisa os teus gastos: há que identificar bem onde gastas o dinheiro. Há despesas que são fixas e que refletem compromissos de longo prazo (como a prestação da casa) e essas devem ser prioritárias. Depois, analisa quais são as despesas variáveis e que podes cortar para reduzir gastos.
- Cria o teu próprio orçamento: depois de analisares bem as tuas despesas mensais prioritárias e variáveis, podes elaborar um orçamento de forma a limitar os gastos e a poupar dinheiro.
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