
O imobiliário comercial em Portugal continua a dar sinais de robustez, tendo atraído mais de 1.230 milhões de euros, no primeiro semestre do ano, o que corresponde a um aumento de 76% face ao mesmo período de 2024. Estas conclusões foram reveladas no WMarket Review Mid-year 2025, uma publicação bianual da Worx Real Estate Consultants, que analisa os vários setores do imobiliário comercial no mercado nacional.
O crescimento deste setor, nos primeiros seis meses do ano, justificam-se com a expectativa de descida mais rápida das taxas de juro e com as perspetivas positivas sobre o nível de rendas e yields no curto prazo. As yields prime tiveram uma redução geral de 25 pontos base desde janeiro, exceto no caso dos centros comerciais prime.
No segmento de escritórios, os valores de capital aumentaram 9%, enquanto no comércio de rua o aumento foi de quase 20%. Estes crescimentos foram alcançados por via de compressão das yields e pelo aumento de rendas.
Escritórios
Em Lisboa, o mercado de escritórios registou um volume de absorção de 98.500 metros quadrados (m2), menos 32% do que nos primeiros seis meses de 2024. No entanto, a procura manteve-se sólida, ainda que o contexto macroeconómico atualmente esteja a prolongar os ciclos de decisão e a tornar os critérios de seleção dos ativos mais rigorosos.
O maior volume de absorção foi registado no CBD (zona 2), com 45%, destacando-se a compra antecipada de dois edifícios, com um total de 32 mil m2, no novo projeto Entrecampos pelo Banco de Portugal. No que respeita a rendas prime, esta situa-se nos 29 euros/m2/mês, mantendo uma trajetória de valorização na Grande Lisboa, sobretudo em ativos com certificações de sustentabilidade e características premium.
Retalho
Dado o crescimento do turismo, a recuperação da confiança dos consumidores e a evolução para conceitos omnicanal, o mercado de retalho conseguiu manter, em todos os segmentos, uma dinâmica positiva nestes primeiros seis meses do ano.
Destaque para os centros comerciais, que prosseguiram com bons indicadores de procura e ocupação, assim como os retail parks, com promotores e investidores a apostarem na abertura de novos projetos.
Entretanto, há que registar o aumento das rendas prime neste setor, para valores superiores aos dos níveis pré-Covid. No comércio de rua em Lisboa, a renda prime é de 140,00 euros/m2/mês, enquanto nos centros comerciais é de 105,00 euros/m2/mês. Já nos retail parks, as rendas situam-se nos 12,50 euros/m2/mês.
A falta de espaços de qualidade e a resiliência da procura são os fatores que sustentam esta tendência de valorização das rendas prime em localizações prime.
Industrial e logística
Durante o primeiro semestre de 2025, o setor industrial e logístico registou mais de 206.500 m2 ocupados, ficando 50% abaixo de período homólogo. No entanto, a atratividade do setor manteve-se, especialmente para projetos build-to-suit e para operadores com estratégias de nearshoring, last mile e centros de distribuição automatizados.
Quanto a rendas prime, no eixo prime Castanheira-Azambuja (zona 1) o valor da renda situa-se nos 5,25 euros/m2/mês, enquanto em Lisboa (zona 3) e no Corredor Oeste (zona 7) registaram-se rendas prime de 6,75 euros/m2 /mês, dada a proximidade da distribuição ao cliente final.
Hotelaria
Até ao passado mês de junho, Portugal acomodou 14,9 milhões de hóspedes, mais 4% em relação ao mesmo período de 2024, com a procura em alojamentos turísticos a atingir 36,4 milhões de dormidas, mais 2% também face a período homólogo.
As receitas e a performance operacional no setor da hotelaria obtiveram crescimentos homólogos de 8%, arrecadando 3 mil milhões de euros de proveitos e um rendimento médio por quarto (RevPAR) de 62,1 euros no período de referência. Impulsionada pela procura dos mercados externos e pelo reposicionamento do produto nacional num patamar de maior valor acrescentado, os principais indicadores operacionais mantêm a tendência positiva.
Residencial
À semelhança dos últimos anos, a tendência da procura e dos valores de venda no mercado residencial manteve-se positiva. Só no concelho de Lisboa foram vendidos 5250 apartamentos durante os primeiros seis meses do ano, com um valor médio de venda de 5.060 euros/m2, o que se traduz em 8% acima do valor de venda do mesmo período de 2024. Já no Porto, foram vendidas 3160 habitações, a um valor médio de 3.570 euros/m2, o que significa um aumento de 12%.
Procura em alta e subida de preços explica resultados
Os resultados deste primeiro semestre apontam para a continuação de níveis de procura sustentados e para a evolução positiva dos preços, com particular valorização em ativos mais diferenciadores e bem localizados.
Pedro Rutkowski, CEO da Worx Real Estate Consultants, comenta os resultados do WMarket Review Mid-year 2025: “Na atual situação geopolítica, a Europa tem vindo a beneficiar da deslocação de alguns tradicionais investidores (e investimentos), sobretudo de países latinos, do mercado americano para o espaço europeu. Portugal, particularmente, beneficia também do facto de, estando na Europa, se encontrar geograficamente mais distante das zonas de conflito bélico e não depender energeticamente da Rússia, fatores que o favorecem como destino de investimento”, explica em comunicado.
O responsável acrescenta que, “em termos prospetivos, o contexto atual é desafiante: a alteração das políticas de emigração poderá estrangular ainda mais a oferta de mão de obra de uma economia que dela muito carece e contribuir para o contínuo decréscimo da população” e que, “em paralelo, Portugal e as demais economias europeias terão de absorver e incorporar os efeitos, ainda imprevisíveis, de um acordo Europa/EUA cujos termos são inquietantes”.
Segundo o CEO da Worx, “o contínuo formalismo e burocracia europeus, mesmo que bem-intencionados, criam custos de contexto que limitam a competitividade das empresas europeias face às suas congéneres norte americanas”. Ainda assim, Pedro Rutkowski esclarece que, “num cenário de tanta incerteza, o mercado imobiliário português demonstrou a sua maturidade e resiliência ao longo de todo o primeiro semestre do ano, havendo razões para acreditar que o mesmo acontecerá por todo o ano de 2025”.
"O mercado imobiliário português demonstrou a sua maturidade e resiliência", Pedro Rutkowski, CEO da Worx
Para o responsável, “é esta a nota de lúcido otimismo que o WMarket Review Mid-year 2025 permite deixar, numa publicação que resulta da N/ convicção, agora mais do que nunca, de que um mercado mais transparente, com dados, perspetivas e tendências devidamente trabalhados e fiáveis, é mais capaz de atrair investidores qualificados”, acrescentando que “níveis de serviço de excelência no setor imobiliário só se conseguem com uma área de Research que acompanhe e trate, a par e passo, o comportamento do mercado e as suas diferentes oscilações, sobretudo em situações tão voláteis como a presente”.
“É isso que fazemos na Worx e essa é a justificação para um percurso de praticamente três décadas num setor progressivamente mais exigente, mas no qual pretendemos continuar a ser um parceiro de referência em toda a cadeia de valor do ciclo imobiliário”, conclui Pedro Rutkowski.
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