Em causa está um crescimento homólogo de 50%, segundo dados revelados pela consultora Cushman & Wakefield.
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Covid-19 faz mossa mas investiram-se 1.670 milhões em imobiliário comercial até junho, um recorde
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O mercado imobiliário português sentiu o impacto da pandemia da Covid-19 nos primeiros seis meses do ano, tendo havido uma “suspensão generalizada dos processos de tomada de decisão” no segundo trimestre. Mas nem tudo são más notícias, já que foram investidos em imobiliário comercial 1.670 milhões de euros entre janeiro e junho de 2020, um novo máximo histórico semestral. Em causa estão dados que constam no último “Market Update” da Cushman & Wakefield (C&W).

“O primeiro semestre de 2020 registou um novo máximo histórico semestral – até junho foram transacionados 1.670 milhões de euros em imobiliário comercial (um crescimento homólogo de 50%) distribuídos por 27 operações. Para este resultado contribuiu particularmente a venda de 50% da ‘joint-venture’ Sierra Prime pela Sonae Sierra e APG à Allianz Real Estate e Elo, por cerca de 800 milhões de euros, e que desta forma compensou a quebra de 88% registada no segundo trimestre, para os 87,5 milhões de euros”, refere a consultora imobiliária, em comunicado.

Segundo o relatório, a percentagem de investimento estrangeiro diminui para 71%, refletindo praticamente um triplicar do capital nacional face ao mesmo período de 2019, para 491 milhões de euros.

“O setor de retalho atraiu 56% do capital investido, seguido por escritórios (21%) e hotelaria (18%). Em escritórios, destaque para a venda do portfolio PREOF pela Finsolutia à Cerberus por um montante entre 150 a 170 milhões de euros e a recente aquisição (para ocupação própria) das Natura Towers pela Cofidis por 46 milhões de euros”, conclui a C&W, acrescentando que “as estimativas de volume total de investimento para o final do ano situam-se na ordem dos 2.500 milhões de euros, o que representaria uma quebra homóloga de 20%”.

"Para o final do ano, antecipa-se uma quebra generalizada na atividade imobiliária face a 2019, que será particularmente sentida nos setores atualmente mais afetados, nomeadamente retalho e hotelaria"
Andreia Almeida, associate e diretora de Research & Insight da C&W

Para Andreia Almeida, associate e diretora de Research & Insight da C&W, “a atual conjuntura abrandou fortemente o crescimento que o mercado imobiliário nacional vinha a registar ao longo dos últimos anos, com a maioria dos operadores ou intervenientes no mercado a adotar uma atitude cautelosa”. 

“Para o final do ano, antecipa-se uma quebra generalizada na atividade imobiliária face a 2019, que será particularmente sentida nos setores atualmente mais afetados, nomeadamente retalho e hotelaria”, antecipa a responsável, citada no documento.

Segmentos à lupa

Numa análise por segmentos, a consultora considera que, no caso dos escritórios, a absorção foi bem diferente em nas duas principais cidades do país. 

Na Grande Lisboa, o volume de absorção no primeiro semestre registou uma quebra homóloga de 23%, a qual foi ainda assim atenuada pela conclusão de algumas transações de grande dimensão iniciadas no período pré-Covid-19. Foram transacionados 84.400 metros quadrados (m2), distribuídos por 57 negócios, e atingiu-se um novo record histórico de área média transacionada: 1.480 m2. De referir que o Prime CBD (Zona 1) concentrou 26% do volume total, tendo-se registado nesta zona o maior negócio do semestre, o pré-arrendamento de 16.400 m2 no Edifício Monumental pelo BPI. Destaque ainda para a aquisição, por parte da Cofidis, das Natura Towers (10.400 m2), onde se instalará.

Já no Grande Porto, a concretização de transações que já se encontravam numa fase avançada de negociação no primeiro trimestre contribuiu para uma absorção semestral de 28.400 m2, um crescimento de 38% face a 2019. Com 24 negócios, a área média transacionada aumentou para os 1.180 m2, sendo de destacar os arrendamentos pela Concentrix de 5.900 m2 e pela PwC de 2.400 m2 no Porto Office Park.

Relativamente ao retalho, a C&W adianta que celebrou no primeiro semestre cerca de 150 negócios, menos 64% que no período homólogo. Uma quebra que se sentiu sobretudo no segundo trimestre, tendo havido apenas 40 aberturas (-82%). 

“O comércio de rua representou 69% da procura, seguido pelos conjuntos comerciais com 18% das novas aberturas. Impulsionado pelo crescimento que o turismo vinha a registar, o setor da restauração foi o mais ativo, com 62% do número de operações, seguido por Outros e Lazer & Cultura, cada um com 10%”, revela o “Market Update” da C&W.

Quanto so segmento Industrial & Logística, a consultora adianta que a atividade de ocupação demonstrou uma ligeira redução da procura no primeiro semestre: foram transacionados 64.400 m2, menos 9% que nos mesmos seis meses do ano passado. Com 13 negócios, a área média por operação situou-se nos 5.000 m2, para o qual contribuíram alguns negócios de dimensão relevante – as ocupações próprias pela Hotelar dos 22.000 m2 da renovada Fábrica de Fiação e Tecidos do Rio Vizela (Santo Tirso) e pela Hovione dos 11.400 m2 do seu novo edifício em Loures.

“Em termos de projetos futuros, a atual escassez de oferta de espaços de qualidade deverá ser colmatada com a construção de novos projetos, entre os quais se destaca a Plataforma Logística Lisboa Norte (Castanheira do Ribatejo) da Merlin Properties, com uma área total de 225.000 m2 e cujo primeiro armazém (45.000 m2) se encontra em construção”, conclui a C&W.

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