Há mais pessoas a receber menos de 600 euros por mês que no ano passado. No terceiro trimestre, havia mais 43.000 trabalhadores por conta de outrém, públicos e privados, com salários mensais entre 310 e menos de 600 euros face ao período homólogo. No total, há agora mais de 1,11 milhões de pessoas a ganhar os salários mais baixos da tabela, quase um terço dos 3,7 milhões de trabalhadores empregados no país. Em causa estão dados do Inquérito ao Emprego do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Segundo o professor da Universidade do Minho e especialista em política salarial, João Carlos Cerejeira da Silva, uma das razões que explicam esta situação é o facto de os novos empregos terem remunerações mais baixas do que os que já existem com as mesmas funções. Mas esta não é a principal razão. “Tem muito a ver com o facto de as pessoas que estão desempregadas há mais tempo e cujos subsídios estão a acabar decidirem aceitar empregos com salários muito abaixo do que aceitariam. Ou porque ainda não encontraram nada melhor ou porque a expectativa de vir a encontrar não é boa”, disse, citado pelo Dinheiro Vivo.
O responsável adiantou que este cenário “é válido tanto para os mais velhos como para os mais novos, mas está a fazer com que Portugal comece a ter uma mão de obra mais barata mas qualificada”.
Para João Cerejeira da Silva, estes números explicam porque é que os números do emprego estão a crescer mais que os da economia. Um cenário que pode ser bom para as empresas exportadoras, porque têm menos gastos e por isso podem vender mais barato e mais, mas que a médio-longo prazo não é bom para a economia.
Os dados publicados pelo INE permitem ainda concluir que no terceiro trimestre havia mais 78.000 pessoas a receber entre 900 e menos de 1.200 euros. Ao todo, há agora 470.000 pessoas neste escalão que, dos oito que são analisados, foi o que mais cresceu em comparação com o mesmo trimestre do ano passado.
Gastos em que se vai o ordenado sem te dares conta
Quando chega o fim do mês nunca sabemos em que nos foi o dinheiro. A planificação das finanças pessoais é uma das tarefas pendentes da maior parte dos cidadãos. Mas há uma série de gastos em que habitualmente nos escapa o ordenado e que não costumamos ter em conta. Abusar do cartão de crédito, tomar o pequeno almoço fora de casa e não renegociar as tarifas de telemóvel ou internet são alguns deles.
Salário mínimo nacional sobe hoje para 505 euros
Cerca de meio milhão de trabalhadores em Portugal vão beneficiar, a partir de hoje, de um aumento no salário mínimo nacional, que sobe de 485 euros para 505 euros. Este valor está em vigor até ao final do próximo ano.
Radiografia do dia: Taxa de desemprego em Portugal por região
O desemprego está a diminuir em Portugal. No terceiro trimestre, a taxa de desemprego baixou de 13,9% para 13,1%, atingindo 688,9 mil pessoas. Trata-se de uma queda de 0,8% face ao segundo trimestre e de 2,4% face ao período homólogo. Como podes ver na imagem, o desemprego é maior nos Açores (15,7%). Seguem-se a região Norte (14,3%) e Lisboa (14%).
Mais de 2.700 pessoas com subsídio de desemprego anulado
No primeiro semestre do ano, 2.754 beneficiários perderam o direito ao subsídio de desemprego por incumprimento de obrigações perante os centros de emprego, menos 21% que no período homólogo. Trata-se de uma situação que já era esperada pelo IEFP, devido às alterações informáticas que ocorreram nesse período, no sentido de facilitar as convocatórias aos centros de emprego.
Quanto custa às empresas em Portugal cada hora de trabalho?
Em 2023, as empresas portuguesas gastaram, em média, 17 euros por cada hora trabalhada – incluindo custos salariais e outros gastos, como impostos e contribuições sociais –, segundo dados divulgados recentemente pelo Eurostat. Trata-se de um valor muito inferior ao registado na média da União Europeia (UE) e da Zona Euro: 31,8 e 35,6 euros, respetivamente. Portugal é, de resto, um dos países onde o valor é mais baixo (o 10º entre os Estados-membros da UE).
Custos das empresas com salários sobem 5,5% em Portugal no 4º trimestre
No quarto trimestre de 2023, os custos do trabalho por hora aumentaram 3,4% na Zona Euro, 4% na União Europeia (UE) e 5,7% em Portugal, face ao período homólogo, segundo dados do Eurostat. De referir que há duas grandes componentes nesses custos: os salários e os outros encargos. Relativamente aos ordenados, subiram 3,1% na Zona Euro e 3,8% no conjunto da UE em termos homólogos. Em Portugal, o crescimento foi ligeiramente superior: 5,5%.
Livro verde sobre relações laborais: o que é
O nosso quotidiano, enquanto sociedade, está muito diferente do que era noutras décadas, nomeadamente no século passado. A revolução digital tem-se sentido nos últimos anos. Atualmente, a inteligência artificial e a automação estão a transformar o mercado trabalho.
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