Carteiras foram vendidas com descontos e valeram um encaixe de 117 milhões de euros. Rácio de malparado deverá reduzir para 5%.
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Novo Banco vende malparado
Novo Banco

Em menos de uma semana, o Novo Banco vendeu duas carteiras de crédito malparado. Primeiro vendeu o “Projeto Orion”, que contem mais de 12 mil empréstimos não produtivos, a um consórcio de fundos por 64,7 milhões de euros. E, agora, concluiu a venda do “Projeto Harvey”, uma carteira de malparado de grandes devedores, a uma entidade detida por sociedades afiliadas pela AGG Capital e pela Deva Capital por 52,3 milhões de euros. Ambas foram transacionadas por cerca de um terço do valor e, juntas, valeram um encaixe de 117 milhões de euros.

Foi na passada quinta-feira, dia 23 de dezembro de 2021, que o Novo Banco revelou a conclusão da venda do "Projeto Orion" a um consórcio de fundos geridos por West Invest UK Limited Partnership e LX Investment Partners III. Em comunicado, a entidade partilha que o “portefólio compreende mais de 12 mil empréstimos e, a setembro de 2021, o seu valor nominal (outstanding balance) ascendia a 231,3 milhões de euros. O valor de venda do portefólio totalizou 64,7 milhões de euros”, refere ainda.

Agora, mais uma operação de crédito malparado foi concluída. Trata-se do “Projeto Harvey”, “um portefólio de single-names de créditos não produtivos e ativos relacionados, com valor bruto contabilístico (gross book value) de 164,4 milhões de euros a setembro de 2021”, segundo se lê no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) esta segunda-feira, dia 27 de dezembro de 2021. Também esta carteira de malparado foi vendida por cerca de um terço do valor: 52,3 milhões de euros.

O "Projeto Harvey" ficou conhecido por englobar dívidas de grandes empresas, como é o caso do Grupo Lena e a Urbanos de Alfredo Casimiro. Foi colocado no mercado em julho estando inicialmente avaliado em 640 milhões de euros (valor bruto excluindo imparidades), mas de lá para cá houve alterações da constituição da carteira por decisão do Fundo de Resolução, segundo escreveu o Jornal Económico no final de novembro. Nesta operação, houve mesmo créditos que deverão ter saltado fora deste portfólio, o que terá reduzido o valor inicial.

Novo Banco vende carteiras de crédito malparado
Foto de RODNAE Productions en Pexels

Vendas têm "impacto marginal" nos resultados de 2021

Embora ambos os portfólios tenham sido transacionados com descontos, isto não quer dizer que o Novo Banco venha a registar perdas na operação. Isto porque há que ter em conta o valor líquido destes ativos que exclui imparidades, isto é, não engloba as perdas antecipadas ao longo do tempo, escreve o Expresso. É por isso que o Novo Banco dá conta que, no caso da venda do Harvey, “a concretização da transação, nos termos acordados, deverá ter um impacto marginal na posição de capital do Novo Banco e na demonstração de resultados de 2021”. No caso do Orion fala mesmo num "impacto marginal positivo". 

A venda destas carteiras de malparado faz parte da estratégia do Novo Banco para reduzir ainda mais o rácio de Non-Performing Loans (NPL - na sigla inglesa), que se situava nos 8% no final do primeiro trimestre deste ano. A verdade é que os bancos também têm sentido pressões vindas da Europa neste sentido, para assim terem capital disponível para financiar crédito rentável.

Sobre este ponto, o Novo Banco dá nota que a venda do “Projeto Orion” contribuiu para a redução de 168,1 milhões de euros no montante de crédito não produtivo e o “Projeto Harvey” para a diminuição de 162,6 milhões de euros no montante de NPL. E diz ainda que esta último negócio, “juntamente com o 'Projeto Orion', representa mais um marco relevante para o Novo Banco, permitindo ao mesmo tempo executar a sua estratégia de convergência para a média da UE”. Com estas duas operações, o rácio de NPL do Novo Banco deverá reduzir para 5%, escreve o Jornal de Negócios.

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