Reposicionar os escritórios ou convertê-los em habitação ou hotelaria podem ser estratégias a adotar pelos proprietários.
Comentários: 0
Escritórios na Grande Lisboa
Foto de Mikhail Nilov no Pexels

As empresas estão a procurar escritórios de melhor qualidade e bem localizados. Estes fatores, a par da pressão da legislação climática, estão a aumentar o risco de o parque de escritórios se tornar antiquado em grandes mercados da Europa Ocidental. Um deles é a Grande Lisboa, onde se estima que 64% dos edifícios de escritórios corra o risco de se tornar obsoleto em 2030. Reposicionar os escritórios ou convertê-los em habitação podem ser estratégias a adotar pelos proprietários.

Esta é a conclusão do relatório RETHINKING European Offices 2030, da Cushman & Wakefield, que estima que só na Grande Lisboa cerca de 2,86 milhões de metros quadrados (m2) do parque de escritórios esteja em risco de se tornarem obsoletos até 2030 – o equivalente a 64% do stock total de escritórios. O centro de Lisboa e as novas zonas de escritórios são as que estão sob maior pressão, concluem em comunicado enviado às redações.

Mas porque é que isto está a acontecer? Além das leis sobre eficiência energética e sustentabilidade nos edifícios estarem a apertar, as empresas também estão a procurar escritórios de melhor qualidade, o que impulsiona a construção de novos espaços de trabalho na capital, prevendo-se que entrem no mercado mais 429.000 m2 de novos espaços nos próximos quatro anos.

“O afluxo de novos projetos representa um risco acrescido para os edifícios de escritórios mais antigos, que podem ter dificuldades em competir. A forte procura pelos melhores espaços e as rendas prime que estes espaços podem alcançar são fatores-chave que contribuem para esta tendência”, comenta Pedro Salema Garção, Head of Offices da Cushman & Wakefield em Portugal, citado no documento.

“O reposicionamento é provavelmente a melhor solução para as localizações no centro da cidade", Isabel Simões Correia, RETHINKING Portugal Lead

A estratégia para estes edifícios de escritórios mais antigos poderá passar por uma remodelação e adaptação às atuais necessidades do mercado. É o que defende Isabel Simões Correia, RETHINKING Portugal Lead, Head of Business Development: “O reposicionamento é provavelmente a melhor solução para as localizações no centro da cidade”. 

Mas não só. Os proprietários de escritórios podem também optar por reconverter os imóveis em espaços dedicados à hotelaria e à habitação, que são “usos alternativos predominantes nestas zonas” mais centrais de Lisboa, acrescenta Isabel Simões Correia. “À medida que passamos de localizações centrais para periféricas aumenta o leque de usos alternativos, incluindo em áreas como cuidados de saúde, instalações médicas, espaços para laboratórios ou centros de dados, dependendo da dinâmica local. Os valores de renda mais baixos dos escritórios face a estas opções e as taxas de desocupação mais elevadas podem fazer com que a reconversão dos ativos nestas localizações seja a estratégia vencedora”, conclui a especialista.

Milão e Barcelona têm mais escritórios em risco

Escritórios na Europa
Milão, Itália Foto de Francesco Ungaro no Pexels

Além de Lisboa, o mesmo relatório analisou os mercados de escritórios de outras 15 cidades europeias, concluindo que até 2030 mais de 170 milhões de m2 do parque edificado (de construção anterior a 2004 e sem intervenção significativa desde então), esteja em risco de obsolescência nestes mercados.

Das 16 cidades analisadas, há uma distinção entre a Europa Oriental, com stock mais recente, e a Europa Ocidental, com um risco de obsolescência mais elevado. As sete cidades que possuem mais stock de escritórios com risco de se tornar obsoleto (superior a 80%) são Milão, Barcelona, Estocolmo, Paris, Madrid, Amsterdão e Londres. Nesta tabela, Lisboa fica em 11º lugar.

Já as cidades que possuem menor percentagem de stock de escritórios com risco de obsolescência até 2030 são Varsóvia, Budapeste e Praga (menos de 50% do total), cidades da Europa de Leste. Isto “significa que grande parte do património edificado nesta região foi construído nas últimas duas décadas, em contraste com os mercados ocidentais, onde menos de um quinto do stock foi desenvolvido durante este período”, destacam no comunicado.

Acompanha toda a informação imobiliária e os relatórios de dados mais atuais nas nossas newsletters diária e semanal. Também podes acompanhar o mercado imobiliário de luxo com a nossa newsletter mensal de luxo.

Ver comentários (0) / Comentar

Para poder comentar deves entrar na tua conta