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Casa arrendada: viver num t3 em Estoi, Faro (fotos)

Na rubrica “casa arrendada”, que iniciámos em novembro do ano passado, quando entrou em vigor a nova lei do arrendamento, contamos-te histórias de pessoas que optaram por ser inquilinos em vez de proprietários. A crise fechou a torneira do crédito à habitação, tornando quase impossível a compra de casa, o que está a levar cada vez mais gente a procurar soluções no mercado de arrendamento.

Marcelo Vindeirinho, 30 anos, é licenciado em ciências da comunicação e está desempregado. Vive com a mulher e com a enteada num t3 localizado em Estoi, uma pequena aldeia localizada nos subúrbios de Faro, pelo qual paga 370 euros por mês. Um valor que considera “aceitável”, tendo em conta que a “dimensão da casa é considerável”, que o preço dos imóveis em Faro é superior e que estes não têm as “mesmas condições” que a sua habitação

Pergunta: Há quanto tempo vives nesta casa? 
Resposta: Desde 2006, ou seja, há sete anos.

P: É a primeira vez que arrendas casa? 
R: Não. Antes desta, já tinha arrendado uma na cidade de Faro.

P: Como a conseguiste encontrar? 
R: A antiga proprietária é amiga e saiu da casa, pelo que nós (eu, a minha mulher e a minha enteada) aproveitámos a vaga.

P: Foi um processo fácil? o que foi preciso fazer? quanto tempo demorou desde que encontraste a casa até à mudança?
R: Foi tudo muito rápido. assim que a antiga proprietária saiu, fizemos obras de remodelação a nosso gosto: uma limpeza de fundo, pinturas, móveis novos, cortinados. Esse processo levou três dias, sem qualquer entrave por parte do senhorio às mudanças. O senhorio arrenda casas semelhantes na zona, por isso elaborar o contrato também foi um processo simples.

P: Quanto pagas de renda? parece-te um valor aceitável? 
R: Pago 370 euros. É um valor aceitável, na medida em que a dimensão da casa – embora dois dos três quartos sejam pequenos – é considerável e que o preço com contrato de casas em Faro (cidade) ronda os 500 euros, sem as mesmas condições: conforto, sossego e confiança no senhorio. É um valor equilibrado para as nossas posses e desde que cá estamos foi diminuído. Só recentemente aumentou, em dez euros.

P: Consideras que o futuro da habitação está no arrendamento? porquê?
R: Defendo a solução da casa arrendada há muito tempo. Para famílias entre a classe baixa e média, é a solução que permite alguma segurança. Os preços não flutuam conforme a época e há sempre a possibilidade de “abandonar” o espaço, caso não haja possibilidade de pagamento. Não é um contrato para a vida inteira. Além disso, e dependendo do senhorio, as preocupações de manutenção são muitas vezes de quem arrenda. Vivo nesta casa há sete anos e sinto-a como minha, mesmo não sendo minha propriedade.

P: Parece-te que a nova lei das rendas (entrou em vigor a 12 de novembro de 2012) trouxe muitas mudanças? porquê? 
R: Pessoalmente não senti diferenças a partir da lei do arrendamento, mas não posso dizer que a conheço com exatidão. A lei terá beneficiado alguns senhorios, mas também os protege, porque muitas vezes quem pode sair prejudicado é o senhorio (maus pagadores, proteção do património). Haverá situações pontuais de inquilinos que podem sair prejudicados em caso de não pagamento, mas também considero que a lei permitiu um maior controlo e negociação entre ambas as partes. Como muitas leis, é também necessário bom senso dos dois lados, e neste caso parece-me que havia uma certa falta de regulamentação.

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