
A Hipoges foi fundada em 2008 em Madrid (Espanha) e “aterrou” em Lisboa no ano seguinte, tendo também já um escritório no Porto. Trata-se de uma plataforma de referência no setor de Asset Management – tem, a nível global, mais de 28 mil milhões de euros em ativos sob gestão – que encara Portugal como uma terra de oportunidades no setor imobiliário. “A falta de produto novo residencial em Portugal é uma realidade. As características geográficas do país, bem como a necessidade de produto imobiliário, levam-nos a acreditar que o mercado residencial vai continuar a ser extremamente atrativo para investimento”, diz ao idealista/news Hugo Velez, General Manager Hipoges Iberia.
Em entrevista, realizada por escrito, o responsável desfaz-se em elogios a Portugal, salientando que “atrair investimento internacional [para o país] não é e nunca foi um problema”. “A Hipoges atua em vários mercados do Sul da Europa (Espanha, Portugal, Itália e Grécia) e pode confirmar que Portugal é certamente o mais competitivo, à data de hoje”, salienta.
Sublinhando que “a operação em Portugal é um sucesso e de uma solidez considerável”, Hugo Velez é perentório ao afirmar que é possível “encarar o futuro com grande otimismo”. Atualmente, os ativos que a Hipoges tem sob gestão a nível nacional são sobretudo “colaterais residenciais, sendo que existe também alguma concentração de terrenos para construção”, segundo detalha.
Sobre a distribuição dos ativos diz que abrange todo o território nacional (continente e ilhas), revelando que, a nível de ativos residenciais, a sua maior concentração é em Lisboa, Porto, Braga, Setúbal e Algarve. Entre NPL e REO são cerca de 7.000 imóveis residenciais”.

Fale-nos um pouco sobre a Hipoges. Foi fundada em 2008, mas nasceu com que objetivo? Qual é o modelo de negócio?
A Hipoges foi fundada na sequência do colapso financeiro da Lehman Brothers, onde os sócios fundadores trabalhavam nesse mesmo banco de investimento e cobriam os mercados do Sul da Europa. A Hipoges tem como objetivo atuar nas áreas de Distressed Assets, sendo o seu core business enfocado em NPLs [Non Performing Loans] e REO [Real Estate Owned]. A Hipoges tem o seu modelo de negócio baseado numa oferta de serviços de ‘advisory’ de investimentos e posterior Asset Management desses mesmos ativos ou portfólios. O seu modelo de negócio tem-se expandido para fora da Península Ibérica, nomeadamente para Grécia e Itália, e numa diversificação de serviços financeiros complementares ao seu ‘core business’.
Quando é que a Hipoges iniciou atividade em Portugal e qual foi o objetivo a alcançar com essa entrada?
A Hipoges iniciou atividade em Portugal em 2009, com a abertura da sede em Lisboa. O objetivo foi ocupar uma necessidade que o mercado financeiro tinha e tem, especificamente os bancos e outras instituições financeiras, na gestão e liquidação de ativos de desinvestimento, trazendo uma gestão muito mais especializada, flexível e sustentada com sistemas de informação desenvolvidos à medida das necessidades do negócio.
Que balanço faz da operação da empresa em Portugal? Está a superar as expetativas?
A operação em Portugal é à data de hoje um sucesso e de uma solidez considerável. Depois de um início mais lento que o esperado, num mercado de pouca concorrência, mas muito forte ao nível da qualidade, a Hipoges, ao fim de mais de 12 anos, lidera o mercado nacional, nas suas diferentes áreas de atuação.
"A operação em Portugal é à data de hoje um sucesso e de uma solidez considerável"
A equipa da Hipoges em Portugal é composta por quantas pessoas? A empresa tem escritório em Lisboa e Porto, certo? Está prevista a expansão para outra cidade?
Somos cerca de 250 pessoas distribuídas entre Lisboa e Porto. A equipa tem vindo a crescer, ano após ano, e é composta por um capital humano que nos permite continuar a encarar o futuro com grande otimismo. Considerando a dimensão do país, acreditamos que as duas cidades nos permitem uma cobertura nacional adequada e a flexibilidade do trabalho permite-nos pensar noutras alternativas, que não a abertura de escritórios em outras cidades.
A pandemia, de alguma forma, atrasou o processo de expansão da empresa em Portugal?
Não sou da opinião que a pandemia tenha atrasado o nosso processo de expansão, mas somos obviamente conscientes de algumas limitações de atuação durante o ano de 2020 e que nos impediram de atingir melhores resultados.
Que ilações e/ou lições há a retirar da pandemia para o negócio da Hipoges? E para o setor imobiliário em geral?
Creio que nos obrigou a testar e comprovar a capacidade das soluções atuais de flexibilidade do trabalho e em que se provou que as perdas de eficiência e eficácia não têm de ser uma realidade. Por outro lado, ao nível do REO, e não só, obrigou-nos a acelerar o plano de investimento tecnológico, nomeadamente ao nível de automatização e projetos de RPA [Residential Purchase Agreement].

A Hipoges vai encerrar o ano com mais de 11 mil milhões de euros em ativos sob gestão em Portugal, certo? Que tipo de ativos são estes?
Globalmente, a Hipoges tem mais de 28 mil milhões de euros em ativos sob gestão. Os 11 milhões de euros para Portugal são um objetivo ambicioso e são compostos maioritariamente por ativos e colaterais residenciais, sendo que existe também alguma concentração de terrenos para construção. Sobre CRE [Commercial Real Estate], temos uma composição de 30-35%, mas de ativos mais granulares.
Em que zonas do país se encontram estes imóveis? No caso do segmento residencial, estamos a falar de quantas casas?
A distribuição dos ativos é nacional (continente e ilhas). Ao nível de ativos residenciais, a sua maior concentração é em Lisboa, Porto, Braga, Setúbal e Algarve. Entre NPL e REO são cerca de 7.000 imóveis residenciais.
A ambição da empresa é aumentar volume de negócios em mais de 50% em 2022, certo? Confiança é, então, palavra de ordem. A que se deve esta ambição?
Estamos neste momento a finalizar o ‘budget’ de 2022 e obviamente que existe um crescimento estimado e não poderia ser de outra forma, olhando para o crescimento da empresa em Portugal, nos últimos seis anos. A confiança tem origem na equipa que construímos e na sua ambição. Por outro lado, são os clientes e outros intervenientes do mercado, que com a confiança que depositam na Hipoges nos fazem acreditar no crescimento futuro em Portugal.
Que negócios tem a Hipoges em vista a curto/médio prazo? Há algum em carteira que nos possa revelar?
Esta é uma fase do ano em que existem vários processos de venda de carteiras e existem outros negócios mais estruturados para saírem ao mercado. Estamos confiantes de que iremos ter sucesso em alguns deles, mas não podemos avançar mais informações.
"Esta é uma fase do ano em que existem vários processos de venda de carteiras e existem outros negócios mais estruturados para saírem ao mercado"
Em setembro, soube-se que a Hipoges fechou a venda de uma carteira residencial no valor de mais de 44 milhões de euros. Que imóveis são estes e quem foi o comprador?
Confirmamos que a Hipoges participou numa operação imobiliária de grande dimensão em Portugal, mas não podemos disponibilizar quaisquer detalhes da mesma.
É possível antever que haverá mais negócios deste género a serem fechados em Portugal em breve?
Reforçamos que o nosso foco é no crescimento, mas não podemos avançar mais informações.
Outra das apostas da Hipoges para 2022 passa pelo desenvolvimento da sua rede de brokers, certo? É uma aposta global ou centrada apenas em Portugal?
Tal como mencionado antes, a Hipoges tem vindo a diversificar a sua área de atuação em serviços financeiros e imobiliários que complementam o seu ‘core business’. A nossa aposta no crescimento da rede de brokers é uma realidade e temos tido uma equipa fantástica no estabelecimento de parceiras por todo o país. O evento nacional de brokers da Hipoges, realizado há três semanas, é um exemplo disso mesmo. É uma aposta para continuar, sendo extensível a Espanha e Grécia. Creio que em Itália virá mais tarde no tempo.
Outra aposta que temos para o ano de 2022 é a constituição de uma plataforma de crédito alternativo para construtores e promotores imobiliários de pequena e média dimensão.
"Outra aposta que temos para o ano de 2022 é a constituição de uma plataforma de crédito alternativo para construtores e promotores imobiliários de pequena e média dimensão"
Quantos brokers tem a Hipoges em Portugal e quantos prevê ter em 2022?
Atualmente temos uma equipa de 581 brokers imobiliários.

Portugal continua a ser um destino atrativo para investir em imobiliário, nomeadamente residencial? Porquê?
A falta de produto novo residencial em Portugal é uma realidade. Dito isto, as características geográficas do nosso país, bem como a necessidade de produto imobiliário, levam-nos a acreditar que o mercado residencial vai continuar a ser extremamente atrativo para investimento.
O que distingue Portugal de outros países? Portugal continuará na mira dos investidores estrangeiros?
A realidade é que Portugal terá sempre a sua limitação de dimensão, mas tendo em conta as áreas de atuação da Hipoges, consideramos que atrair investimento internacional não é e nunca foi um problema. A Hipoges atua em vários mercados do Sul da Europa, e pode confirmar que Portugal é certamente o mais competitivo, à data de hoje.
A Hipoges assegura a gestão de todas as suas atividades graças a uma equipa de mais de 800 pessoas sediadas em 4 países (Portugal, Espanha, Itália e Grécia). Está previsto a Hipoges ter presença em qualquer outro país? Porquê?
O nosso plano estratégico ao nível do crescimento de negócio tem como alguns dos pilares a expansão geográfica e a diversificação de linhas de negócio que sejam complementares ao nosso ‘core business’. Confirmamos que a possibilidade de expansão a um quinto país pode ser uma realidade. Grande parte do nosso negócio é contra cíclico e faz com que a maturidade dos mercados seja rápida, o que nos obriga a “olhar” para fora dos países onde já estamos consolidados.
Para poder comentar deves entrar na tua conta