
“O aumento do preço dos materiais, do combustível e a inflação acentuada irá necessariamente provocar o aumento dos preços dos imóveis de nova construção. Por outro lado, isto tornará a venda de imóveis usados mais competitiva, mantendo o mercado dinâmico e a procura diferenciada”. A garantia é dada por David Carapinha, CEO & Founder da Home Tailors Real Estate (Home Tailors), em entrevista ao idealista/news, na qual aborda, entre outros temas, o impacto da pandemia no setor da mediação imobiliária, a subida das taxas de juro e os novos limites na concessão de crédito habitação em Portugal.
A história da Home Tailors é bem recente. A mediadora nasceu há apenas cinco anos, em 2017, depois de uma viagem de David Carapinha a Londres. Agora, e mesmo perante uma pandemia que teima em não dar tréguas e uma guerra – conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia – inesperada e que parece ter vindo para ficar, a imobiliária mantém sinais de otimismo. O negócio da compra e venda de casas está ao rubro e a Home Tailors, que está de olhos postos no segmento de luxo, ambiciona chegar mais longe, estimando ter até final do ano 12 lojas, o dobro das que tem atualmente.
Em 2021, a título de exemplo, a mediadora transacionou quase 400 imóveis (mais de um por dia), o que representou um aumento de quase 30% face a 2020, conta ao idealista/news David Carapinha, que deu os primeiros passos no setor imobiliário em 2010. Entre os imóveis vendidos estão, por exemplo:
- Um palacete no Príncipe Real (Lisboa) por 3,8 milhões de euros;
- Uma moradia na Estrela (Lisboa) por 3,5 milhões de euros;
- Um edifício residencial na Lapa (Lisboa) por 3,5 milhões de euros;
- Um apartamento na Avenida da Liberdade (Lisboa) por 3 milhões de euros;
- Uma moradia no Restelo (Lisboa) por 2 milhões de euros;
- Um loft no Braço de Prata (Lisboa) por 1,2 milhões de euros;
- Um edifício para reabilitação em São Bento (Lisboa) por 1,2 milhões de euros.
Na entrevista, que pode ser lida em baixo na íntegra, David Carapinha adianta que apesar do core business da Home Tailors ser o segmento mais alto, a empresa não deixa “de encontrar soluções e comercializar imóveis de valores mais baixos”. “Em 2021 vendemos imóveis dos 22.000 aos quatro milhões de euros. A nossa estratégia comercial passa por tratar qualquer imóvel como se de luxo de tratasse. (…) O luxo está de facto no serviço prestado ao cliente”, defende.

A Home Tailors é uma empresa 100% nacional, de angariação e mediação imobiliária, que nasceu há apenas cinco anos. Como surgiu a ideia de criar a empresa?
A criação do projeto surgiu da procura de um fator diferenciador para uma nova marca, e encontrou a necessidade de um serviço de confiança, um processo administrativo rápido, uma promoção de qualidade e um acompanhamento personalizado.
O nome da marca Home Tailors surgiu numa viagem a Londres, durante uma visita ao Camden Market. Passando umas horas no local, observando todos aqueles artistas que desenvolvem peças únicas, percebi que era exatamente no conceito “à medida” que se encontrava o fator de sucesso do meu negócio até então, o personalizar o atendimento à necessidade de cada cliente.
Depois, tendo atenção às lacunas que identifiquei na oferta existente no setor imobiliário, desenhei um projeto onde todos os consultores têm acesso a uma bolsa individual de formação anual com mais de 600 horas de formação em diversas áreas, onde todos os recursos de promoção são disponibilizados aos seus consultores. Onde existe um plano de carreira com base no mérito, contando com comissões evolutivas e também prémios de produtividade.
"Sendo o core business da Home Tailors o mercado mais alto, não deixamos de encontrar soluções e comercializar imóveis de valores mais baixos. Em 2021 vendemos imóveis dos 22.000 aos quatro milhões de euros. A nossa estratégia comercial passa por tratar qualquer imóvel como se de luxo de tratasse. (...) O luxo está de facto no serviço prestado ao cliente"
O processo de venda de um imóvel passa por formar consultores motivados e dedicados, capazes de acompanhar o processo do início ao fim. Passando pela análise e preparação com recurso a tecnologias que complementam o seu serviço, o objetivo é libertar o cliente de burocracias e alcançar uma venda rápida e segura pelo preço justo de mercado.
Fale-nos um pouco sobre o seu percurso, até chegar ao cargo de CEO da Home Tailors.
Iniciei a minha carreira profissional no Departamento de Comunicação do Instituto Piaget, no qual permaneci por seis anos e até terminar a licenciatura e posterior mestrado em gestão estratégica.
O meu percurso no setor imobiliário começou em 2010 quando fruto da crise que se fazia sentir acabei desempregado. Como sempre acreditei na máxima “a necessidade aguça o engenho”, após algumas tentativas fracassadas em outras áreas profissionais, decidi abraçar o desconhecido do mercado imobiliário com uma dose certa de ingenuidade e força de vontade.
Os primeiros meses na atividade de consultor imobiliário foram duros. Faltava-me conhecimento e os recursos para investir. Mas estava determinado a ter sucesso. Tinha principalmente uma enorme “vontade de vencer”. E, após os primeiros seis meses a minha carreira como consultor imobiliário começou a ganhar forma e os resultados dispararam. Nesta fase já acreditava que podia ser um projeto para a vida.

O que começou por ser um acaso, tornou-se uma paixão. Depois de alguns anos a trabalhar como consultor imobiliário, senti a necessidade de desenvolver algo diferente. Desde o início que tinha um plano a curto prazo, a cinco anos, que me permitia desenvolver a atividade como consultor imobiliário, mas também fazer o outro caminho que queria, que era ter o meu negócio próprio.
Enquanto consultor imobiliário, identifiquei algumas questões que achava que não funcionavam tão bem, tentei identificar como melhor satisfazer o cliente e o próprio consultor imobiliário, e quando criei a Home Tailors foi com o objetivo de colmatar esses pontos menos positivos que tinha encontrado.
Que balanço faz da atividade do ano de 2021, marcado, a par do de 2020, pelo aparecimento da pandemia?
2020 foi o ano em que alcançámos o nosso melhor resultado, com um crescimento superior a 200%. Já em 2021, apresentámos em plena pandemia um crescimento na ordem dos 21%
As nossas equipas são muito estáveis, temos uma equipa que nos acompanha praticamente desde o início, que tem vindo a crescer connosco, que está muito bem preparada para dar resposta independentemente da situação em que se encontre. Temos todos os serviços informatizados, portanto trabalhamos já com um processo digital muito bem organizado e permitiu-nos reagir de forma rápida.
Quantos imóveis venderam em 2021? Mais ou menos que em 2020?
2021 foi o ano de maior volume de negócios e também do maior número de vendas pela Home Tailors, com quase 400 imóveis transacionados. Representou um aumento de quase 30% face a 2020.
Que tipo de imóveis mais venderam (moradias, apartamentos, palacetes etc.) e em que zonas do país?
Cerca de 65% dos imóveis vendidos foram apartamentos localizados nos centros urbanos dos distritos de Lisboa e Setúbal. No entanto, representando as quintas, herdades e palacetes apenas 20% das unidades vendidas pela Home Tailors correspondem a mais de 50% no volume de faturação, por serem imóveis de valor superior, normalmente situados nas periferias próximas aos centros urbanos. Lisboa, Cascais, Oeiras, Mafra e Sintra são os concelhos com mais transações.

Estamos a falar de imóveis direcionados sobretudo para a classe alta? Quem são os clientes “tipo” da Home Tailors?
Sendo o core business da Home Tailors o mercado mais alto, não deixamos de encontrar soluções e comercializar imóveis de valores mais baixos. Em 2021 vendemos imóveis dos 22.000 aos quatro milhões de euros. A nossa estratégia comercial passa por tratar qualquer imóvel como se de luxo de tratasse. Encontrar por exemplo soluções de remodelação, decoração ou home staging, acrescentando real valor a cada imóvel. O luxo está de facto no serviço prestado ao cliente.
Em termos de valor bruto de vendas de imóveis, atingiram em 2021 cerca de 78 milhões de euros, certo? Foi o melhor ano de sempre?
2021 foi o melhor ano de sempre da Home Tailors. Com um crescimento de 21% no volume de vendas face a 2020. Este crescimento em plena pandemia superou as nossas expectativas.
Entre os imóveis vendidos em 2021 estão, por exemplo, um palacete no Príncipe Real, por 3,8 milhões de euros, e uma moradia na Estrela, por 3,5 milhões de euros. De que nacionalidades são os principais clientes da Home Tailors?
Curiosamente os compradores dividiram-se de forma muito próxima entre nacionais e internacionais. Os compradores portugueses representaram 52% das nossas vendas, com especial destaque para as famílias e dos pequenos investidores, que procuraram vender imóveis no centro da cidade e procurar soluções nas periferias, aumentar a área de habitação e com grande preocupação em aquisições com espaço exterior.
Quanto aos compradores internacionais, podemos destacar brasileiros, norte-americanos e franceses. Com maior procura nas principais avenidas de Lisboa e Cascais e, normalmente, com compras de maior valor.
Como está a correr o ano 2022? Quantos imóveis já venderam até à data?
Este ano ultrapassamos já os 100 imóveis vendidos, numa tendência de crescimento face aos anos anteriores para o mesmo período. Também no que a valores diz respeito existiu um aumento significativo. Tudo faz prever um ano de crescimento, em linha com o que se passou em 2021.
"Com a pandemia os critérios de procura sofreram ajustes, o que se fez sentir principalmente durante o primeiro trimestre de 2021. Características como ter um escritório, varanda ou jardim passaram a ter mais predominância. A procura de imóveis com maior área, zonas sociais mais amplas ou uma assoalhada extra são agora critérios comuns".
O que mudou com a pandemia no setor imobiliário, nomeadamente no segmento residencial? Que casas procuram agora as pessoas, nomeadamente os clientes portugueses? Casas maiores, mais preparadas para o teletrabalho etc.?
Com a pandemia os critérios de procura sofreram ajustes, o que se fez sentir principalmente durante o primeiro trimestre de 2021. Características como ter um escritório, varanda ou jardim passaram a ter mais predominância. A procura de imóveis com maior área, zonas sociais mais amplas ou uma assoalhada extra são agora critérios comuns.
As famílias deram início a esta mudança e os investidores acompanharam a tendência, tentado dar resposta à nova realidade e necessidades do mercado.
Quantas lojas tem a Home Tailors e onde estão localizadas? O plano de expansão para 2022/2023 prevê a existência de mais lojas e colaboradores?
A Home Tailors tem neste momento seis lojas em funcionamento. As agências do Areeiro e Telheiras (Lisboa) foram as primeiras. Já em regime de franchising, surgiram desde 2019 as lojas de Sesimbra, Mafra e Ericeira. Abrimos em março a primeira unidade a norte, em Braga. Temos prevista a abertura ainda este ano de mais seis lojas, reforçando a nossa posição em Lisboa e Margem Sul do Tejo.
Para 2023 consta no nosso plano de expansão a abertura de 10 novas unidades, chegando a todo o país. Todas em regime de franchising, para o qual temos candidaturas abertas e propostas em análise.

O que distingue a Home Tailors da concorrência?
A forma de comunicar será este um dos nossos pontos fortes. A adaptação da comunicação de cada imóvel, tratando-o como um imóvel de luxo independentemente do preço. A procura de soluções de promoção inovadoras e adequadas. Um verdadeiro serviço “à medida” de cada imóvel e cada cliente.
Por outro lado, o alto nível de qualificação das equipas. A aposta na formação é constante, como a academia de formação a disponibilizar mais de 600 horas anuais de conteúdos, nas mais diversas áreas. Desde técnicas de vendas, home staging, fotografia, avaliação imobiliária. De forma 100% financiada para os nossos colaboradores.
O facto das equipas serem bastante estáveis permite também prestar um serviço cuidado e de confiança. Esse grau de maturidade no negócio permite encontrar soluções de rentabilidade elevada para investidores e soluções adequadas às famílias.
Acredita que os preços das casas vão continuar a subir em Portugal?
O aumento do preço dos materiais, do combustível e a inflação acentuada irá necessariamente provocar o aumento dos preços dos imóveis de nova construção. Por outro lado, isto tornará a venda de imóveis usados mais competitiva, mantendo o mercado dinâmico e a procura diferenciada.
A eventual subida das taxas de juros, a par das regras mais apertadas do Banco de Portugal na concessão de crédito habitação, são temas que o preocupam? Que impacto poderão ter estas e outras medidas no negócio da compra e venda de casas?
Até ao momento as novas regras na concessão de crédito não tiveram impacto no nosso negócio. A procura para aquisição de habitação tem aumentado todos os meses.
Acompanhamos com tranquilidade a evolução do mercado financeiro e tentamos sempre encontrar soluções equilibradas para as famílias, investidores nacionais e internacionais.
2 Comentários:
Problema com falta de casa arrendamentos pode ser solucionado,com aumento dos juros,vender e comprar so aos portugueses e residentes em Portugal.Simples mas effective contra os especuladores
Só para agradecer ao moderador deste pequeno pasquim, que ao ter censurado o meu comentário que coloquei de manhã, apenas confirma a minha total e absoluta garantia que todos os pindéricos especuladores, sanguessugas do mercado imobiliário como o idealista e outros "middle men" e moços das mijas em geral, como o vosso convidado nesta notícia, estão borradinhos com o futuro e vivem exclusivamente da sua bolha de aparências. Muito grato.
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