Número de casas vendidas no país sobe 25,8% nos primeiros 3 meses de 2022 e movimenta 8,1 mil milhões de euros, aponta o INE.
Comentários: 0
Preço das casas em Portugal
Pexels

Não há dúvidas: os preços das casas estão em alta e continuam a subir em flecha. Este é um cenário confirmado pelos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados esta quinta-feira, dia 23 de junho: os preços das casas subiram 12,9% no primeiro trimestre de 2022, mais 1,3 pontos percentuais (p.p.) que no trimestre anterior.

E este é “o aumento de preços mais expressivo” registado desde o início da série do Índice de Preços da Habitação, ou seja, desde o primeiro trimestre de 2010. E nem isto trava o número de transações: entre janeiro e março de 2022, foram compradas 43.544 casas no país (ou seja, mais 25,8% do que em igual período de 2021). E, juntas estas vendas, representam negócios na ordem dos 8,1 mil milhões de euros, mais 44,4% face ao ano anterior.

O ritmo de subida dos preços das casas também voltou a acelerar. Entre janeiro de março de 2022 deram o salto de 3,8% face ao último trimestre de 2021, altura em que a variação trimestral dos preços das casas foi de 2,7%, mostram os dados oficiais do gabinete de estatística português.

Olhando para as categorias de habitação, o INE dá conta que, em termos homólogos, “os preços das habitações existentes aumentaram a um ritmo superior ao das habitações novas, 13,6% e 10,9%, respetivamente”. Em relação ao trimestre anterior, os preços das casas usadas aumentaram 4,4%, um crescimento também acima do observado nas casas novas (1,8%).

Número de casas vendidas sobe 25,8% e investimento aumenta 44,4%

Só entre janeiro e março deste ano foram compradas um total de 43.544 habitações, o que representa um aumento de 25,8% face a idêntico período do ano anterior (17,2% no trimestre anterior). Foi em fevereiro que se registou “o crescimento homólogo mais intenso” (33,7%), enquanto em janeiro e março os aumentos foram 26,2% e 20,0%, respetivamente.

Analisando as categorias das casas vendidas neste período temos:

  • Casas existentes: foram transacionadas 35.941 unidades, representando um aumento de 25,2% face ao trimestre homólogo;
  • Casas novas: foram vendidas 7.603, observando-se uma subida de 28,7%

Ainda assim, venderam-se menos casas no início do ano do que na reta final de 2021. “O número de transações diminuiu 5,1% entre o quarto trimestre de 2021 e o primeiro trimestre de 2022”, aponta o INE indicando ainda que, neste período, “as transações de habitações existentes apresentaram uma redução mais significativa do que as habitações novas (taxas de variação de -5,8% e -1,4%, respetivamente)”.

E quanto é que valeram os negócios das casas? As casas vendidas só nos primeiros três meses do ano movimentaram um total de 8,1 mil milhões de euros, representando um aumento de 44,4% face ao mesmo período de 2021. “O aumento homólogo mais expressivo no valor das vendas observou-se em janeiro, 50,7%, seguindo-se fevereiro (49,3%) e março (36,5%)”, referem.

A maioria deste valor – em concreto 75,5% do total – diz respeito aos negócios de casas usadas. Mas o valor das transações das casas novas (53,4%) subiu mais do que o das casas existentes (41,8%) face ao ano anterior.

“Relativamente ao trimestre anterior, o valor das habitações transacionadas, no primeiro trimestre de 2022, decresceu 1,7% (-8,3% no 1º trimestre de 2021). Por categoria, observou-se um aumento de 4,5% no valor das transações das habitações novas e uma taxa de variação de -3,6% no indicador relativo às habitações existentes”, explicam ainda no documento.

Quem está a comprar mais casas em Portugal?

A maioria das casas está a ser vendida às famílias portuguesas, representando 37.840 unidades (86,9% do total) e registou um aumento de 23,6% face ao mesmo período do ano anterior. Estes negócios imobiliários totalizaram 7,0 mil milhões de euros (86,1% do total). De notar ainda que, no primeiro trimestre de 2022, 5,9% do número total de transações (2.556 habitações) envolveram compradores com um domicílio fiscal fora do território nacional, percentagem que sobe para os 10,4% se se considerar o valor transacionado.

E qual é a origem do investimento estrangeiro em casas em Portugal? De acordo com os dados do INE, a análise às casas transacionadas no primeiro trimestre a compradores a viver fora de Portugal divide-se no seguinte:

  • Compradores de casas de países que pertencem à União Europeia: compraram 1.435 casas (3,3% do total), o que representa um aumento de 72,3% face ao mesmo trimestre de 2021;
  • Compradores de casas dos restantes países: adquiriram 1.121 habitações (2,6% do total), observando-se uma subida de 79,1% face ao período homólogo.

Onde é que se vendem mais casas em Portugal?

E assim se distribui o número e do valor de transações de casas pelo território nacional no primeiro trimestre de 2022, de acordo com os dados do INE:

  • Área Metropolitana de Lisboa: continua a ser registadas o maior número de casas vendidas - 13.464 casas, ou seja, 30,9% do total. Mas o instituto aponta que “pelo segundo trimestre consecutivo esta região registou uma redução, relativamente a período idêntico do ano anterior, do respetivo peso relativo, -0,9 p.p”. Em termos de valor, esta região movimentou quase 3,4 mil milhões de euros (42% do total).
  • Norte: foram transacionadas 12.371 casas (28,4% do total e -0.9 p.p que em 2021). As transações de habitações localizadas na região Norte totalizaram 1,9 mil milhões de euros (23,6% do total). Inserida na região Norte, na Área Metropolitana do Porto foram vendidas 8.721 casas totalizando um investimento superior a mil milhões de euros;
  • Centro: número de casas vendidas foi de 8.721 (20,0% do total e -0,2 p.p que no ano anterior). Representaram negócios de cerca de mil milhões de euros (12,5% do total);
  • Algarve: as transações de habitações totalizaram 4.129 unidades (9,5%). “Esta foi a região que mais cresceu em termos de peso relativo regional, mais 1,5 p.p.”, refere o gabinete. O Algarve registou um valor de transações de 1,1 mil milhões de euros, correspondendo a 13,8% de quota regional;
  • Alentejo: os alojamentos transacionados ascenderam a 3.113 (7,1%) e o valor das transações (340 milhões de euros) correspondeu a 4,2% do total;
  • Região Autónoma da Madeira: aqui foram vendidas 1.024 casas (2,4%), movimentando 205 milhões de euros, ou seja, cerca de 4,2% do total;
  • Região Autónoma dos Açores: número de casas vendidas foi de 722 (1,7%) e o valor captado foi de 98 milhões de euros.
Ver comentários (0) / Comentar

Para poder comentar deves entrar na tua conta

Publicidade