Preços médios das casas subiram em todas as regiões do país entre 2022 e 2019. Açores (48%) e Madeira (40%) deram o maior salto.
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Preços das casas a subir
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O imobiliário e, em especial, o mercado residencial mostraram provas de resiliência nos últimos anos. A compra de casas continuou a seguir a bom ritmo mesmo depois do choque da pandemia da Covid-19. E após vários meses marcados pela alta inflação, pela subida das taxas de juro e pelo aumento dos preços das casas, só no verão é que se sentiu uma quebra homóloga na venda de casas (-2,8%). Mas nem por isso o valor captado pelos negócios residenciais caiu – muito pelo contrário, aumentou 9,6%. Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que, agora, vendem-se menos casas, mas 13% mais caras do que em 2021. Face a 2019, antes da pandemia, as casas são vendidas por preços médios 30% mais elevados.

Portugal está a começar a assistir a um abrandamento na compra de casas, até porque o ciclo inflacionista atual está a esmagar os orçamentos das famílias e a tornar os créditos habitação cada vez menos atrativos à medida que as taxas de juro sobem. A somar a tudo isto está ainda o facto de os preços das casas para comprar não pararem de subir – aumentaram 13,1% no terceiro trimestre face ao período homólogo, apontou o gabinete nacional de estatística no boletim publicado esta sexta-feira, dia 23 de dezembro.

O Banco de Portugal já tinha dado nota no Relatório de Estabilidade Financeira de novembro que “a incerteza corrente, a potencial perda de rendimento real das famílias e aumentos adicionais das taxas de juro poderão reduzir a procura por ativos imobiliários”. E, pouco tempo depois, admitiu que “o investimento em habitação abranda significativamente em 2022 (de 12,2% para 0,3%) e reduz-se em 2023, refletindo o impacto da estagnação do rendimento disponível e do aumento das taxas de juro sobre a procura”, explicou o regulador liderado por Mário Centeno no Boletim Económico de dezembro de 2022.

Os dados do INE esta sexta-feira publicados vieram confirmar esta realidade: entre julho e setembro de 2022, transacionaram-se 42.223 habitações, menos 2,8% face ao mesmo período do ano anterior e menos 3,2% em relação ao trimestre anterior. Mas, apesar de o número de habitações vendidas ter caído no verão, o valor deste negócio atingiu 8,1 mil milhões de euros, mais 9,6% que em idêntico período de 2021.

Casas em Portugal passaram a custar, em média, 190 mil euros

Este cenário mostra que no verão de 2022 venderam-se menos casas, mas a preços bem mais elevados do que nos verões passados. Vejamos como estão a evoluir os preços médios das casas em Portugal no terceiro trimestre de 2022 face ao mesmo período de 2021,2020 e 2019:

  • Preços das casas vendidas subiram 13% face a 2021: as famílias gastaram, em média, cerca de 169 mil euros para comprar casa entre julho e setembro de 2021, um valor que sobe para 190 mil euros no mesmo período do ano corrente. Contas feitas, gastaram mais 21 mil euros na compra de habitação;
  • Preço das casas compradas aumentou 25% face a 2020: no nosso país as casas foram compradas pelo preço médio de 152 mil euros no verão de 2020. Agora, pagam mais 38 mil euros;
  • Preço das habitações adquiridas deu o salto de 30% face a 2019: no verão antes da pandemia, uma casa à venda em Portugal custava, em média, 146 mil euros. De lá para cá, as famílias desembolsaram mais 44 mil euros para comprar uma habitação para viver.

Preços das casas para comprar dão salto em todas as regiões do país face a 2019

Os dados de Portugal relativos à evolução dos preços médios das casas vendidas acabam por espelhar a realidade de norte a sul do país. Em todas as regiões, sem exceção, as casas ficaram mais caras no verão de 2022 face aos verões dos anos anteriores.

O que os dados do INE também mostram é que há um antes e depois da pandemia no que ao preço das casas diz respeito, tendo aumentado entre 20% a 48% no território nacional. A subida mais expressiva foi mesmo registada na Região Autónoma dos Açores (48%), seguida da Região Autónoma da Madeira (40%). E a menos expressiva foi observada na região Centro (20%).

Assim evoluíram os preços médios das casas vendidas pelas diferentes regiões do país no terceiro trimestre de 2022 e o mesmo período pré-pandémico (2019).

  • Norte: casas ficaram 31% mais caras

Nesta região as casas custavam, em média, 119 mil euros no verão de 2019, um valor que subiu para 156 mil euros em 2022. Isto quer dizer que as famílias que querem comprar casa na região Norte do país têm de desembolsar, em média, mais 37 mil euros do que antes da pandemia (+31%).

  • Área Metropolitana do Porto: preço das casas está nos 187 mil euros

No Grande Porto, os preços das casas estavam nos valores médios de 137 mil euros em 2019, um montante que subiu para 187 mil euros no verão deste ano. Ou seja, as casas passam a custar, em média, mais 50 mil euros (+36%).

  • Centro: comprar casa custa quase mais 20 mil euros

Nesta região portuguesa, as habitações passaram a custar, em média, 117 mil euros no verão de 2022, um valor 20% superior ao registado no mesmo período pré-pandemia (cerca de 98 mil euros). Houve, portanto, uma subida nos custos de 19,6 mil euros.

  • Área Metropolitana de Lisboa: comprar casa custa 271 mil euros

Na Grande Lisboa, as casas ficaram 35% mais caras, em média, entre o terceiro trimestre de 2019 e o mesmo período 2022, passando a custar mais 70 mil euros. Os preços médios das casas evoluíram, assim, de 201 mil euros para 271 mil euros.

  • Alentejo: a região com as casas mais baratas do país

No território alentejano, as casas custavam, em média, 87 mil euros antes da pandemia. E com o passar do tempo passaram a custar 27 mil euros mais (+31%). No verão de 2022, o preço das casas para comprar no Alentejo fixou-se nos 114 mil euros, sendo este o preço médio mais baixo do país neste período.

  • Algarve: aqui estão as casas mais caras para comprar de Portugal

A região algarvia é a escolha de eleição para a compra de uma segunda habitação tanto para os portugueses, como para os estrangeiros. É onde o turismo no verão está mais dinâmico no país. E também aqui as casas para comprar ficaram 35% mais caras nos últimos quatro anos. Custavam 207 mil euros, em média, no verão de 2019 e passaram a custar 280 mil euros (+73 mil euros) no verão de 2022. O Algarve é, portanto, a região do país onde é mais caro comprar uma habitação.

  • Região Autónoma dos Açores: preços das casas deram salto de 48%

Esta foi a região onde os preços médios das casas mais subiram entre os verões de 2019 e de 2022. Deram o salto de 48% entre estes dois momentos, pelo que uma casa para comprar passou de 98 mil euros para 145 mil euros, em média (+47 mil euros).

  • Região Autónoma da Madeira: casas à venda estão nos 194 mil euros

As casas vendidas neste arquipélago custaram, em média, 194 mil euros no verão deste ano, um valor 40% superior ao registado no verão antes da pandemia (138 mil euros). Ou seja, uma família desembolsa hoje mais 55 mil euros para adquirir uma casa na Madeira.

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