Rendas continuam a pesar mais nos rendimentos das famílias do que as prestações da casa, mostram dados do idealista.
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Comprar ou arrendar casa
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O acesso à habitação continua difícil em Portugal, numa altura em que os preços das casas continuam a subir a um ritmo muito superior ao dos salários. É por isso que a percentagem do rendimento familiar necessária para levar a cabo a compra ou o arrendamento de uma habitação voltou a aumentar no último ano na maior parte das capitais de distrito portuguesas, de acordo com a análise realizada pelo idealista. No caso do arrendamento, a taxa de esforço aumentou 3 pontos percentuais (p.p.), fixando-se em 84% no terceiro trimestre de 2024. Já na compra de casa, a taxa de esforço nacional aumentou 1 p.p., passando para 69% em setembro deste ano.

Arrendamento: esforço sobe em 12 grandes cidades

Das 20 capitais de distrito analisadas, a taxa de esforço no arrendamento aumentou em 12 cidades no terceiro trimestre de 2024 face ao mesmo período do ano passado. Foi em Ponta Delgada onde a taxa de esforço para arrendar casa mais aumentou no último ano, passando de 52% no terceiro trimestre de 2023 para 70% no mesmo período de 2024 (+18 p.p.).

Entre os maiores aumentos das taxas de esforço para arrendar casa está ainda Bragança (10 p.p.), Faro (7 p.p.), Lisboa (4 p.p.), Santarém (4 p.p.) e Coimbra (4 p.p.). Seguem-se Portalegre (3 p.p.), Viana do Castelo (3 p.p.), Leiria (2 p.p.), Setúbal (2 p.p.), Guarda (1 p.p.) e Vila Real (1 p.p.).

Já em Évora e no Porto, a taxa de esforço no arrendamento não variou durante este período. Por outro lado, o esforço para arrendar casa diminuiu no último ano em Aveiro (-13 p.p.), Funchal (-12 p.p.), Beja (-12 p.p.), Viseu (-2 p.p.), Castelo Branco (-2 p.p.) e Braga (-1 p.p.).

Lisboa é a cidade que requer o maior esforço por parte das famílias para arrendar uma casa, sendo necessário destinar 91% dos seus rendimentos líquidos. Segue-se o Funchal (89%), Faro (75%), Porto (74%), Ponta Delgada (70%), Setúbal (61%), Viana do Castelo (55%), Braga (55%), Évora (54%), Santarém (52%), Aveiro (51%), Leiria (50%), Coimbra (44%), Bragança (43%), Viseu (42%) e Beja (37%).

Já as cidades onde as rendas das casas pesam menos nos rendimentos familiares são Portalegre (28%), Castelo Branco (31%), Guarda (34%) e Vila Real (36%). De referir que todas as capitais de distrito, com a exceção de Portalegre e Castelo Branco, apresentaram taxas de esforço superiores ao recomendado, de 33%.

Comprar casa está mais difícil em 10 cidades

A percentagem de rendimentos que as famílias devem destinar para comprar casa com crédito habitação aumentou em 10 capitais de distrito das 20 analisadas. Foi em Bragança onde a taxa de esforço na aquisição mais aumentou, passando de 28% a 32%, originando um aumento de 4 p.p. Seguem-se os aumentos da taxa de esforço em Leiria (3 p.p.), Lisboa (3 p.p.), Portalegre (3 p.p.), Funchal (2 p.p.), Setúbal (2 p.p.), Castelo Branco (2 p.p.) e Guarda (2 p.p.). As cidades onde a taxa de esforço na compra de casa menos cresceu entre estes dois momentos foram Santarém (1 p.p.) e Viseu (1 p.p.).

Já em Aveiro, Beja e Braga a taxa de esforço não variou durante este período. Por outro lado, a taxa de esforço na compra de casa diminuiu em Faro (-9 p.p.), Viana do Castelo (-7 p.p.), Évora (-6 p.p.), Porto (-5 p.p.), Vila Real (-3 p.p.), Coimbra (-3 p.p.) e Ponta Delgada (-1 p.p.). 

No terceiro trimestre do ano, a cidade com a maior taxa de esforço para comprar casa foi o Funchal (105%), seguida por Lisboa (101%). Nestas cidades, o rendimento líquido médio das famílias não chega para pagar um crédito habitação, que segue características médias em termos de duração e taxa de juro.

As prestações da casa também têm um peso expressivo nos salários nas seguintes cidades: Faro (99%), Porto (74%), Aveiro (70%), Ponta Delgada (63%), Braga (58%), Viana do Castelo (56%), Leiria (54%), Setúbal (49%), Viseu (49%), Évora (45%), Coimbra (44%), Vila Real (38%) e Santarém (33%). 

Por outro lado, verifica-se que há cinco capitais de distrito onde é possível comprar casa com uma taxa de esforço inferior à recomendada de 33% (em que a prestação da casa pesa menos de um terço do rendimento disponível da família): Bragança (32%), Beja (23%), Portalegre (21%), Castelo Branco (21%) e Guarda (19%).

Metodologia

A taxa de esforço é um indicador que mede o impacto do custo da habitação no poder de compra do agregado familiar. No caso do arrendamento, calcula-se a taxa de esforço como a percentagem anual do rendimento líquido médio do agregado familiar destinada ao pagamento do arrendamento de uma casa. Os valores de arrendamento são obtidos diretamente da fonte de dados do idealista, que disponibiliza preços para cada cidade. Por sua vez, os dados do rendimento líquido familiar são fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

No caso da compra de habitação, a taxa de esforço é calculada como a percentagem anual do rendimento líquido do agregado familiar destinada ao pagamento de um crédito habitação que segue características médias em termos de duração e taxa de juro. Recentemente, devido à descida nas taxas de juro, procedeu-se a uma atualização do cálculo com base nos dados publicados pelo Banco Central Europeu (BCE).

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