Em entrevista, o diretor de promoção imobiliária da Sonae Sierra explica como foi “natural” expandir o negócio para a habitação.
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Cidades do futuro em Portugal
Pulse Lisboa | Alexandre Fernandes, diretor executivo de promoção imobiliária na Sonae Sierra Sonae Sierra

O futuro das cidades passa pela criação de empreendimentos que juntam habitação, escritórios, lojas, espaços verdes e áreas de lazer. A convicção é de Alexandre Fernandes, diretor executivo de promoção imobiliária na Sonae Sierra: “Os projetos de uso misto promovem uma vivência urbana mais completa e sustentável”, comenta em entrevista ao idealista/news. E estes ativos também se revelam uma boa oportunidade de negócio para investidores por diversificar fontes de rendimento e mitigar riscos, considera a empresa que opera no mercado imobiliário há mais de 30 anos.

A tendência de construir projetos de uso misto já chegou a Portugal, sendo “impulsionada pela necessidade de revitalizar centros urbanos, muitas vezes obsoletos, e criar espaços que respondam às expectativas de um público mais exigente, mais atento e sustentável”, explica o responsável da Sonae Sierra, a multinacional de origem portuguesa que opera no mundo imobiliário e decidiu dar o salto para o segmento residencial (com build to rent e não só). E soma já vários projetos de uso misto no nosso país, como é o caso do República 5, em Lisboa. 

"Para a Sierra, investir no segmento residencial é uma extensão natural da sua atuação (...) na transformação urbana"

A transformação urbana também passa pelos escritórios, segmento que se deve adaptar ao modelo de trabalho híbrido, “que se consolidou como uma preferência global”, defende. Agora, são mais procurados espaços de trabalho flexíveis, que conjugam privacidade, bem-estar e sustentabilidade. “Temos observado uma crescente valorização dos escritórios não apenas como locais de trabalho, mas como hubs de interação, criatividade e cultura organizacional”, sublinha ainda o especialista.

Dentro deste contexto, a empresa considera que é preciso estar de olhos postos nas novas necessidades das pessoas e das cidades para desenvolver projetos imobiliários que “promovam uma regeneração urbana” sustentável. E, é por isso, que esta continuará a ser a estratégia da Sonae Sierra, tal como garante Alexandre Fernandes, diretor executivo de promoção imobiliária na multinacional, nesta entrevista ao idealista/news.

Sierra aposta em habitação
Pulse Lisboa Sonae Sierra

O que vos motivou a dar o salto para o segmento residencial? Fale-nos dos projetos deste tipo que têm em marcha no nosso país.

Alinhada com uma visão de regeneração urbana e inovação, a Sierra tem vindo a reforçar a sua aposta no segmento residencial, desenvolvendo projetos que combinam qualidade, sustentabilidade e impacto positivo nas cidades.

Um dos exemplos mais emblemáticos desta estratégia é o Pulse Lisboa, localizado nas Avenidas Novas, na capital. Este empreendimento de alta qualidade nasce da requalificação de um antigo edifício de escritórios e centro comercial, transformando-o num complexo moderno, com 39 unidades residenciais que vão desde apartamentos T0 a T4, incluindo penthouses e moradias tipo “townhouses”. O Pulse Lisboa integra também serviços, como piscina interior, spa, ginásio, espaço de coworking e jardins privativos, refletindo a estratégia da empresa de criar comunidades urbanas mais sustentáveis e inovadoras.

Além do Pulse Lisboa, a Sonae Sierra está a desenvolver outros projetos residenciais em Portugal que seguem a mesma filosofia de qualidade, sustentabilidade e impacto positivo nas cidades. Estes empreendimentos fazem parte de uma estratégia mais ampla de diversificação da atividade da empresa, focada em desenvolver soluções urbanas diferenciadoras que beneficiem tanto os residentes, como a comunidade local. Para a Sierra, investir no segmento residencial é uma extensão natural da sua atuação como líder na transformação urbana, consolidando o seu papel como referência no mercado imobiliário português.

"A integração de diferentes usos num só projeto aumenta a atratividade para investidores, ao diversificar as fontes de rendimento e mitigar riscos"

Também estão a apostar em projetos de uso misto, como o República 5, em Lisboa. Que vantagens veem nestes tipos de empreendimentos que combinam lojas, casas e escritórios? O que vos levou a dar este passo?

Com mais de 30 anos de experiência no setor imobiliário, a Sonae Sierra tem acompanhado de perto as principais tendências do mercado, sempre com uma abordagem inovadora e orientada para as necessidades emergentes das cidades e das suas comunidades. A aposta em projetos de uso misto, como o República 5, em Lisboa, é um reflexo natural dessa experiência acumulada e do nosso compromisso em criar soluções imobiliárias integradas, que promovem a vivência urbana sustentável e melhoram a qualidade de vida.

Para a Sierra, esta aposta é também um passo estratégico na diversificação das suas áreas de negócio. Projetos de uso misto permitem-nos alavancar a nossa experiência em desenvolvimento urbano, unindo competências nos setores residencial, comercial e de escritórios. Este posicionamento não só reforça a nossa capacidade de responder às expectativas do mercado, como consolida o nosso papel como agentes de transformação urbana. Além disso, a integração de diferentes usos num só projeto aumenta a atratividade para investidores, ao diversificar as fontes de rendimento e mitigar riscos, sobretudo num mercado cada vez mais competitivo.

Projetos de uso misto em Portugal
Projeto de uso misto República 5, em Lisboa Sonae Sierra

Consideram que é tendência investir em projetos de uso misto em Portugal? Porquê?

Estamos perante uma tendência clara não só em Portugal, mas a nível global. Projetos como o República 5, em Lisboa, refletem a evolução do mercado imobiliário, que privilegia cada vez mais a integração de diferentes usos num único empreendimento. Hoje, os projetos de uso misto combinam escritórios, área residencial, espaços comerciais, zonas verdes e áreas de lazer, promovendo uma vivência urbana mais completa e sustentável. Esta tendência não só maximiza a utilização dos espaços urbanos, como também cria ecossistemas que estimulam a interação social e económica das cidades. 

Em Portugal, esta tendência é impulsionada pela necessidade de revitalizar centros urbanos, muitas vezes obsoletos, e criar espaços que respondam às expectativas de um público mais exigente, mais atento e mais sustentável. O futuro das cidades - que na verdade já é o presente - passa por esta abordagem, e a Sonae Sierra continuará a desenvolver projetos inovadores que equilibram funcionalidade, eficiência e impacto positivo nas comunidades onde estão inseridos.

"Temos observado uma crescente valorização dos escritórios não apenas como locais de trabalho, mas como hubs de interação, criatividade e cultura organizacional"

Como é que estão a adaptar os vossos escritórios às novas necessidades da procura? O Viva Offices no Porto já é reflete esta mudança com espaços de trabalho flexíveis? Sentem que está a haver um novo regresso aos escritórios?

A Sonae Sierra tem estado na vanguarda da transformação dos espaços de trabalho para responder às novas dinâmicas do mercado. O Viva Offices, no Porto, é um exemplo concreto dessa adaptação, ao integrar flexibilidade, inovação e sustentabilidade num único projeto. Este empreendimento de última geração foi concebido para responder às exigências do modelo de trabalho híbrido, que se consolidou como uma preferência global, oferecendo soluções flexíveis que equilibram áreas de colaboração e espaços dedicados à concentração e total privacidade. Além disso, o projeto incorpora certificações ambientais rigorosas, como a LEED Platina, e mais de 10.000 metros quadrados de áreas verdes, reforçando o compromisso com o bem-estar dos utilizadores e com a sustentabilidade ambiental.

Como especialistas no setor, temos observado uma crescente valorização dos escritórios não apenas como locais de trabalho, mas como hubs de interação, criatividade e cultura organizacional. Projetos como o Viva Offices e o futuro edifício de escritórios do Centro Colombo, em Lisboa, materializam esta mudança de paradigma. Ambos apostam em tecnologia avançada e designs modernos, que promovem a produtividade e o conforto. Acreditamos que esta nova abordagem tem contribuído para um regresso gradual e consciente aos escritórios, impulsionado pela necessidade de ambientes que estimulem a colaboração e reforcem os laços profissionais, especialmente em setores que valorizam a inovação e o trabalho em equipa.

Na Sonae Sierra, mantemos o compromisso de desenvolver projetos que antecipam as necessidades futuras das empresas, garantindo espaços resilientes, sustentáveis e alinhados com a evolução do mercado imobiliário de escritórios.

Escritórios flexíveis no Porto
Viva Offices no Porto Sonae Sierra

Qual é a estratégia da Sierra este ano no que toca à promoção imobiliária?

No âmbito da promoção imobiliária, a Sierra continuará a seguir os princípios que têm orientado a sua atuação ao longo de mais de 30 anos no mercado: inovação, sustentabilidade e criação de valor para as comunidades. A estratégia continuará a ser o desenvolvimento de projetos que integrem os mais elevados padrões de qualidade, enquanto promovem a regeneração urbana e respondem às novas necessidades das pessoas e das cidades.

"Um cenário de crescimento económico no país e de estabilidade pode tornar Portugal ainda mais atrativo para investidores"

Que fatores económicos e legislativos vão influenciar mais o investimento em habitação e em imobiliário comercial em 2025?

Em Portugal, tal como nos restantes países europeus, o investimento em habitação e em imóveis para fins comerciais tem sido influenciado por diversos fatores económicos e legislativos. A evolução das taxas de juro na zona euro será determinante, sendo que uma eventual descida já iniciada pelo Banco Central Europeu poderá facilitar o acesso ao crédito, impulsionando tanto a aquisição de imóveis para habitação, como o investimento em imóveis comerciais. 

Um cenário de crescimento económico no país e de estabilidade pode tornar Portugal ainda mais atrativo para investidores, sejam eles nacionais ou internacionais, com os setores da hotelaria e retalho a manterem a sua relevância.

No âmbito legislativo, as políticas públicas destinadas a aumentar a oferta de habitação acessível terão um impacto direto no mercado, assim como eventuais alterações na tributação imobiliária. Incentivos fiscais para a reabilitação urbana e benefícios específicos para certos tipos de investimento, poderão influenciar as decisões dos investidores e moldar a dinâmica do setor. 

É também fundamental considerar a regulamentação ambiental, especialmente em termos de eficiência energética e sustentabilidade nos edifícios, que impactam diretamente nos custos de construção e renovação. Este impacto é particularmente relevante, pois os requisitos ambientais são cada vez mais exigentes e determinantes para a viabilidade e valorização dos ativos imobiliários.

Escritórios em Lisboa
Futura torre de escritórios do Centro Colombo, em Lisboa Sonae Sierra

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