
A Irlanda rejeitou o apoio da Europa e do Fundo Monetário Internacional (FMI) e vai regressar aos mercados sem programa cautelar. Cai por terra a estratégia do Governo português de aproveitar as condições de Dublin para negociar o seu próprio programa para o pós-‘troika', uma vez que, como sublinhou ontem o ministro das Finanças irlandês, Michael Noonan, a decisão da Irlanda "não estabelece um precedente" que Portugal possa aproveitar.
No entanto, Maria Luis Albuquerque não descarta a possibilidade de Portugal vir a seguir o mesmo caminho. “Não faz sentido descartar essa possibilidade. Temos sete meses ainda pela frente para concluir o programa. Temos sinais da parte do mercado de que as taxas [de juro] poderão baixar”, afirmou Maria Luís Albuquerque em Bruxelas, no final da reunião do Eurogrupo que decorreu esta quinta-feira.
A diretora geral do Fundo Monetário Internacional saudou a decisão irlandesa de prescindir de um programa cautelar para o regresso aos mercados como um "bom augúrio" para a saída do programa de ajustamento do país, a 15 de dezembro e que estabelece "um forte precedente na implementação de políticas".
Numa declaração oficial, Christine Lagarde disse ainda que "embora permaneçam as incertezas na Europa e na economia global de forma geral, a Irlanda está numa posição forte em termos de rendibilidade das obrigações e constituiu uma reserva em 'cash' considerável", cita o semanário Expresso.
O caso irlandês foi apontado pelo governo português ao longo dos últimos meses como o exemplo a seguir, em particular no que diz respeito à conclusão do programa. A expectativa era que Dublin recorresse a um "programa cautelar" do Mecanismo Europeu de Estabilidade, e a opção escolhida, o chamado "clean exit", não deixou de provocar alguma surpresa. Portugal contava sobretudo com o precedente irlandês na hora de eventualmente negociar o seu próprio programa cautelar, algures em meados do próximo ano.
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