Duque de Loulé 79 está quase concluído e sai do papel após um investimento de 14 milhões. Na mira estão inquilinos portugueses.
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Oferta de casas para arrendar em Lisboa está a aumentar
Antes e depois do edifício Duque de Loulé 79, em Lisboa Créditos: idealista/news | Immobilo Investmets Ltd

Lisboa continua a dar provas de como fica de cara lavada, cada vez que surge um projeto de reabilitação que devolve a vida a um edificio devoluto e contribui para o aumento da oferta de casas na capital. Em agosto de 2018, como é possível ver na fotografia, o edifício Duque de Loulé 79, localizado na avenida com o mesmo nome, bem perto do Marquês de Pombal, foi vendido. Agora, quase cinco anos depois, o prédio, que foi reabilitado, vai renascer com 34 apartamentos novos que serão colocados no mercado de arrendamento. E o objetivo é atrair inquilinos portugueses, revela ao idealista/news Georges Matar, General Manager da empresa cipriota Immobilo Investments Ltd, responsável pela gestão do imóvel. Foi ali que em tempos, no início do milénio, a Residencial Dom José teve um hóspede especial: Cristiano Ronaldo.

“Temos confiança e acreditamos no mercado imobiliário em Portugal, e achamos que há necessidade de aumentar a oferta de casas bem localizadas para arrendar”, conta Georges Matar ao idealista/news, revelado que a empresa que lidera é apenas a gestora do empreendimento. O promotor imobiliário responsável pelo seu desenvolvimento é a portuguesa Cedars, composta por um conjunto de investidores estrangeiros, explica, salientando que a Immobilo Investments Ltd faz a gestão dos projetos da Cedars no território nacional. 

Antes de abordarmos o futuro do Duque de Loulé 79, importa recuar no tempo e falar sobre o passado do imóvel. Foi ali, no terceiro andar, que durante anos a Residencial Dom José esteve de portas abertas. A pensão não existe desde 2017, mas bem antes, em 2001, foi “a casa” de Cristiano Ronaldo e de outros jovens jogadores do Sporting, que ali viveram durante algum tempo. 

O futebolista português, quando tinha apenas 16 anos, partilhou quarto – o número 34 – na referida pensão com o amigo Miguel Paixão. A Academia do Sporting, em Alcochete, estava na altura a ser construída. “Podia ser melhor, mas para remediar, até irmos para Alcochete, até dá”, disse Cristiano Ronaldo em 2001, numa entrevista à Sport TV

Promotores querem aumentar a oferta de casas para arrendar em Lisboa
Assim será o Duque de Loulé 70 | Georges Matar, General Manager da Immobilo Investments Ltd Créditos: Immobilo Investments Ltd

34 casas para arrendar após investimento de 14 milhões

Voltemos ao futuro do Duque de Loulé 79. Georges Matar adianta que deverá estar concluído até setembro de 2023, após um investimento total no imóvel a rondar os 14 milhões de euros: “É um imóvel totalmente residencial, tendo apenas uma loja no piso térreo. Comprámos este edifício há alguns anos e decidimos reabilitá-lo com o objetivo de o arrendar por unidades, não vender. São 34 unidades”. 

Quando questionado sobre o público-alvo a que se destinam os imóveis, aponta o dedo ao mercado nacional e revela que a aposta passa por oferecer serviços que possam marcar a diferença. “Estamos a criar uma marca e vamos colocar os três projetos que temos em carteira em Portugal (ver em baixo) sob uma marca, sendo que cada um terá serviços específicos. No Duque de Loulé, por exemplo, será arrendamento de longa duração com uma seleção de serviços úteis para as famílias. Haverá, por exemplo, uma app através da qual será possível alugar uma bicicleta. E haverá mais serviços, mas ainda estamos a trabalhar nisso”.

"No Duque de Loulé será arrendamento de longa duração com uma seleção de serviços úteis para as famílias. Haverá, por exemplo, uma app através da qual será possível alugar uma bicicleta. E haverá mais serviços, mas ainda estamos a trabalhar nisso. Os inquilinos podem arrendar os imóveis por um ano, dois anos, mas com serviços incluídos”

Uma coisa é certa, são imóveis destinados ao mercado de arrendamento tradicional, não ao Alojamento Local (AL). “Os inquilinos podem arrendar as casas por um ano, dois anos, mas com serviços incluídos”, conta. 

“O foco deve ser a população portuguesa”

Georges Matar indica que se trata de um ativo “mais direcionado para portugueses”, tendo essa sido sempre a ideia do grupo de investidores. “Concebemos estes projetos a pensar mais na população local, e acreditamos que este é o momento-chave para o fazermos, até devido à pressão política que está a haver para aumentar a oferta de habitação. Acreditamos que o foco deve ser a população portuguesa, tendo em conta o desejo dos jovens profissionais e das famílias de quererem ficar no centro e dentro da cidade”, sublinha.

"O foco deve ser a população portuguesa, tendo em conta o desejo dos jovens profissionais e das famílias de querem ficar no centro e dentro da cidade"

“Este prédio [Duque de Loulé 79], por exemplo, não tem estacionamento. As pessoas com quem falámos dizem que se não tem estacionamento não pode ser arrendado a portugueses, mas não acredito que seja assim. Muitos jovens profissionais querem estar no centro, ter a sua bicicleta elétrica e poderem movimentar-se dentro da cidade por um valor de renda razoável. Esta é a nossa ideia, a nossa filosofia no mercado residencial. Queremos estar no ‘core’ em termos de população, de localização e de preços. Esta é a estratégia que temos em mente”, acrescenta. 

Casas novas para arrendar em Lisboa
Edifício Duque de Loulé 79 em obras idealista/news

Mais dois projetos na calha em Lisboa…

Conforme se lê no site da Immobilo Investments Ltd, a empresa de gestão de ativos imobiliários tem mais dois projetos na calha em Lisboa que serão também desenvolvidos e promovidos pela portuguesa Cedars, o Cedars 2 e o Cedars 3 – o prédio da Avenida Duque de Loulé é descrito como Cedars 1. 

Sobre estes dois projetos, Georges Matar prefere não entrar em detalhes, visto que ainda estão em processo de licenciamento. Adianta, ainda assim, que “um fica no Campo Grande e tem como ‘target’ estudantes, até porque está perto de universidades”. “O outro está localizado em Arroios e, neste caso, a ideia é ser um projeto de coliving. São ambos projetos de reabilitação, tal como o edifício da Duque de Loulé”, detalha.

Atrasos nos processos de licenciamento são um problema

Os atrasos nos processos de licenciamento na Câmara Municipal de Lisboa têm sido, de resto, um entrave ao aumento da oferta de projetos residenciais na capital. Um problema reclamado por vários players do setor há bastante tempo e que também merece críticas por parte de Georges Matar: “Esperamos que com a câmara as coisas possam funcionar de forma mais simples. Este tem sido um dos principais problemas que temos encontrado, e estamos um pouco cansados de tentar encontrar soluções. Todos os projetos são sensíveis ao tempo e as coisas estão a demorar muito em termos de licenciamento. Por isso, quando superarmos esses aspetos será mais fácil seguir em frente”.

Oferta de casas para arrendar em Lisboa tem de aumentar
Edifício Duque de Loulé 79 já em fase mais avançada de obras idealista/news

Continua a ser interessante investir em Portugal?

Aos atrasos nos processos de licenciamento soma-se a conjuntura atual de mercado, marcada por alta taxa de inflação, juros a subir, custos de construção elevados e, paralelamente, perda de poder de compra. Será que continua a ser interessante, perante este cenário, investir em imobiliário em Portugal? 

"[Atrasos nos licenciamentos] Este tem sido um dos principais problemas que temos encontrado, e estamos um pouco cansados de tentar encontrar soluções"

“Há uma necessidade em vários aspetos do mercado residencial em Portugal, e o facto de haver muita gente de fora a querer viver no país, e de as taxas de juro estarem a subir, bem como a prestação dos créditos habitação, faz com que acredite que haja potencial para apostar no mercado de arrendamento em Portugal”, responde Georges Matar.

A juntar a isto estão os fatores positivos, há muito falados, que ajudam a colocar Portugal na rota do investimento, como por exemplo a segurança, ser um país com “muito sol” e uma “identidade única”. “Tudo isso está na linha do que é agora necessário e procurado em termos de qualidade de vida”, sustenta, sublinhando que apesar das contrariedades que existem no país, como a “complexidade de investir” devido a questões burocráticas, acredita “no mercado imobiliário português”. 

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