Continuam a chegar boas notícias para quem está a pagar créditos habitação a taxa variável ou pensa contratar um. As taxas Euribor desceram para novos mínimos dos últimos anos esta sexta-feira, dia 15 de dezembro, ficando os três prazos abaixo de 3%. A tendência é que as taxas diárias da Euribor continuem a descer ao longo do mês, antecipando o novo corte dos juros pelo Banco Central Europeu (BCE) previsto para a reunião de dezembro.
Esta sexta-feira, as taxas diárias da Euribor desceram pela terceira sessão consecutiva, registando novos mínimos dos últimos anos. Assim ficaram as taxas para os três prazos:
- Euribor a 12 meses: baixou para 2,475% esta sexta-feira, menos 0,019 pontos percentuais (p.p.) do que na quinta-feira e um novo mínimo desde 6 de outubro de 2022. De notar que a Euribor no prazo mais longo esteve acima de 4% entre 16 de junho e 29 de novembro de 2022;
- Euribor a 6 meses: a taxa mais utilizada em Portugal nos créditos habitação a taxa variável baixou para 2,748% esta sexta-feira, menos 0,017 pontos do que no dia anterior, registando um novo mínimo desde 3 de janeiro de 2023. Esta taxa esteve acima de 4% entre 14 de setembro e 1 de dezembro de 2023;
- Euribor a 3 meses: esta taxa diária voltou a cair fixando-se em 2,998% na sexta-feira, menos 0,007 pontos do que na sessão anterior e um novo mínimo desde 28 de março de 2023. A Euribor a 3 meses foi mesmo a última taxa diária a baixar do patamar dos 3% com o recuo observado esta sexta-feira.
Estes dados vislumbram boas perspetivas para uma nova descida das taxas médias mensais da Euribor em novembro, à semelhança do que aconteceu nos meses anteriores. Se se confirmar esta tendência – e tudo indica que sim -, isto quer dizer que as famílias que comprarem casa com crédito habitação a taxa variável em dezembro vão pagar menos de prestações da casa. E quem já está a pagar um empréstimo da casa também sentirá uma redução na prestação, se for atualizada no próximo mês, muito embora a dimensão do alívio dependa do capital em dívida, bem como do ano do contrato.
“As boas notícias para o mercado hipotecário continuam, porque vamos continuar a ver como as renovações anuais dos créditos habitação a taxa variável trazem grandes poupanças às famílias”, comentou Miguel Cabrita, responsável pelo idealista/créditohabitação em Portugal.
Por outro lado, há também quem acredite que estas novas reduções das taxas Euribor vão pressionar os bancos a rever as suas ofertas de crédito habitação, hoje muito focadas na taxa mista, tal como explicamos aqui.
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Porque descem as taxas Euribor?
As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário. E refletem as perspetivas de mercado relativamente à evolução das taxas de juro diretoras do BCE.
Estes novos recuos históricos dos três prazos da Euribor antecipam uma nova redução dos juros do BCE na próxima reunião de política monetária que se vai realizar a 12 de dezembro. “Os mercados preveem que as taxas de juro sejam reduzidas em 25 pontos de base em cada uma das próximas reuniões do BCE, pelo menos até meados de 2025. Na ausência de mais notícias, é de esperar que as taxas Euribor evoluam lentamente para valores mais baixos, à medida que nos aproximamos da concretização destas previsões”, indicam os analistas da Ebury Portugal num comentário enviado ao idealista/news.
Também o Painel Funcas - que engloba investigadores de bancos, empresas de investimento e universidades em Espanha - antecipa "uma descida adicional das taxas do BCE, um movimento que se refletirá nos mercados, com a Euribor a 12 meses a fechar o próximo ano em torno de 2,35%". Também o Bankinter admite que a Euribor a 12 meses pode terminar 2024 nos 2,75% e 2025 em 2,5%.
É precisamente a antecipação de novos cortes dos juros do BCE que tem explicado a descida contínua das taxas mensais da Euribor nos últimos meses. De notar que a média mensal da Euribor em outubro desceu a 3, a 6 e a 12 meses, mais acentuadamente do que em setembro e com mais intensidade nos prazos mais curtos. E, em resultado, as prestações da casa ficaram bem mais baratas, como revelamos nestas simulações preparadas pelo idealista/créditohabitação.
Recorde-se que a última reunião do BCE foi realizada no dia 17 de outubro, na qual decidiu cortas das taxas de juro diretoras em 25 pontos base pela terceira vez este ano, perante uma inflação que considera estar “no bom caminho” e a uma atividade económica pior do que o previsto. Esta semana soube-se que o regulador europeu baixou as taxas de juro por unanimidade nessa reunião, por haver poucos riscos associados, e apesar de alguns membros se terem inicialmente oposto acabaram por votar a favor.
“Se o abrandamento assinalado pelos indicadores de atividade económica e a surpresa em baixa da inflação se revelarem temporários, uma decisão de cortar as taxas agora poderia, em retrospetiva, revelar-se como uma simples antecipação do corte de dezembro”, referem as atas do BCE.
De notar que a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA também poderá pesar na atividade económica europeia, que já está fraca. O alerta foi dado pelo vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, ao dizer que o crescimento económico e a inflação na zona euro podem ter de enfrentar um "enorme impacto adverso", se a nova administração de Trump aplicar as tarifas sobre as importações que anunciou.
Muitos analistas acreditam que as novas políticas de Washington poderão forçar o BCE a avançar com novos cortes nos juros diretores, quer em número, quer em intensidade.
*Com Lusa
*Notícia atualizada dia 18 de novembro, às 10h51, com novas previsões da Euribor e impacto da política dos EUA nas decisões do BCE
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