"Queremos construir 15.000 habitações industrializadas por ano e alcançar as 20.000 numa década", disse Pedro Sánchez.
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Pedro Sánchez, primeiro-ministro espanhol
Pedro Sánchez, primeiro-ministro espanhol Getty images

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou esta quinta-feira (24 de abril de 2025) uma aposta na habitação industrializada como eixo central da sua política de acesso à habitação. No âmbito da feira Rebuild, Sánchez detalhou a criação do Projeto Estratégico para a Recuperação e Transformação Económica (Perte) da Habitação, um projeto estratégico que contará com um investimento público de 1.300 milhões de euros ao longo de uma década, com o objetivo de modernizar o setor, reduzir custos e acelerar os processos de construção.

"Temos de transformar a maneira de construir", assegurou Sánchez na sua intervenção. Segundo o governante, o desafio da habitação requer uma atuação coordenada entre todas as administrações: a central, as regionais e as locais. Nesse sentido, fez um apelo para aplicar de forma decidida a Lei da Habitação.

Industrialização, sustentabilidade e emprego

O programa em causa - o designado Perte da Habitação - assenta em três grandes pilares: o impulso da construção industrializada, a sustentabilidade ambiental e a melhoria do emprego no setor. "Queremos construir 15.000 habitações industrializadas por ano e alcançar as 20.000 numa década", anunciou Sánchez. Este novo modelo permitirá reduzir os tempos de obra entre 20% e 60%, ao mesmo tempo que melhora a eficiência energética e reduz os impactos ambientais.

"Queremos construir 15.000 habitações industrializadas por ano e alcançar as 20.000 numa década"
Pedro Sánchez, primeiro-ministro de Espanha

"A industrialização da habitação é uma prioridade", assegurou, destacando que o projeto visa colocar a Espanha na vanguarda da industrialização da construção. O Perte da Habitação articula-se em torno de três eixos estratégicos: aumentar a capacidade produtiva, promover a eficiência e sustentabilidade, e gerar formação e talento. Em relação ao primeiro eixo, Sánchez explicou que se impulsionará a produção industrializada de habitações, apoiando o financiamento de iniciativas industriais e criando um ambiente regulatório favorável para as grandes empresas espanholas que apostem nesta tecnologia. Ao mesmo tempo, irá promover-se o crescimento das pequenas e médias empresas do setor, financiando o desenvolvimento de novas soluções industriais.

A transformação do setor permitirá construir uma média de 15.000 habitações industrializadas por ano a curto prazo, com a previsão de superar as 20.000 habitações anuais a partir da primeira década.

Isabel Rodríguez destaca a importância da mudança

A ministra da Habitação, Isabel Rodríguez, sublinhou a importância desta abordagem. “A nossa aposta numa habitação industrializada moderniza o setor, incorpora mais mulheres e promove a sustentabilidade”, assegurou. 

"A industrialização é um objetivo determinante para dotar o parque público de habitação que o país necessita", acrescentou. Além disso, destacou que esta mudança ajudará a dignificar o emprego na construção, atraindo mais jovens e mulheres para este setor, que atualmente conta apenas com 11,4% de mulheres.

Aposta na formação e no talento

Uma parte crucial do programa será a criação da Cidade da Industrialização da Construção, que se localizará na Zona de Atividades Logísticas do Porto de Valência, num terreno da SEPES, a Entidade Pública Empresarial de Solo. Este espaço tornar-se-á um polo de formação, inovação e atração de talento para o setor, com um enfoque especial em atrair as novas gerações e as mulheres.

“Assim como devolvemos o prestígio à formação profissional, vamos dignificar a construção dos nossos lares”, sublinhou Rodríguez. Com a Cidade da Industrialização da Construção, pretende-se impulsionar uma formação especializada que esteja alinhada com as necessidades do setor e as novas tecnologias, além de facilitar a colaboração público-privada.

Acesso à habitação e reforma dos solos

Pedro Sánchez reconheceu que o acesso a uma habitação digna continua a ser um desafio em Espanha, onde os preços cresceram em linha com os da Europa, superando os 48% nos últimos anos. Por isso, apresentou duas grandes vias de atuação: baixar o preço dos terrenos e otimizar os processos construtivos.

Nesse sentido, insistiu na necessidade de reformar a Lei do Solo (tal como está a acontecer em Portugal) e pediu às Cortes Gerais que permitam avançar numa normativa que forneça segurança jurídica e facilite o desenvolvimento urbano sustentável. “Todos temos de trabalhar juntos pela cidadania”, salientou.

Habitação como aposta clara no país

O primeiro-ministro espanhol defendeu o papel do Estado na transformação do setor: “Multiplicámos por oito o orçamento de habitação nos últimos sete anos e transferimos dois milhões de metros quadrados (m2) para a empresa pública de habitação”, afirmou. Além disso, recordou que o Perte da Habitação não será apenas uma ferramenta económica, mas também um instrumento de coesão territorial e social.

"Negar a agenda verde não é apenas um suicídio ambiental, mas também uma profunda irresponsabilidade económica"
Pedro Sánchez, primeiro-ministro de Espanha

Finalmente, Sánchez vinculou o acesso aos fundos europeus à capacidade do país para levar a cabo reformas estruturais. “Negar a agenda verde não é apenas um suicídio ambiental, mas também uma profunda irresponsabilidade económica”, sentenciou. Com esta iniciativa, Sánchez afirma que pretende tornar Espanha numa referência europeia em construção industrializada.

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