
Com os juros a subir à medida que crescem as taxas Euribor, as prestações da casa estão a ficar mais caras. É mesmo isso que mostram os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados esta terça-feira, dia 20 de setembro: a prestação da casa dos últimos 12 meses atingiu os 388 euros em agosto, a mais elevada desde fevereiro de 2009. Já as prestações dos últimos três meses alcançaram o maior valor alguma vez registado, de 445 euros.
Como a inflação está a afetar as prestações da casa?
A inflação está a marcar a agenda económica europeia e mundial. E, com efeito, as reações do Banco Central Europeu (BCE) para a travar têm ecoado no mercado de crédito habitação. A Euribor começou a aumentar logo no início do ano, refletindo a subida anunciada das taxas de juro diretoras – que já aumentaram 125 pontos base entre julho e setembro e deverão continuar a crescer, segundo anunciou a própria Christine Lagarde, presidente do regulador europeu.
Em resultado, os juros nos contratos de crédito habitação estão a subir há cinco meses consecutivos. Segundo o INE, a taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito habitação foi de 1,011% em agosto, subindo 9,9 pontos base (p.b.) face a julho (0,912%). Esta é a taxa mais elevada desde dezembro de 2019.
Quem acaba por sentir este aumento dos juros são as famílias que têm créditos habitação de taxa variável, que veem as suas prestações da casa subir dezenas de euros. E são os contratos mais recentes que vão sentir os maiores aumentos das prestações, tal como explicamos aqui. Por outro lado, com os preços das casas a subir mês após mês, também as famílias têm de pedir créditos habitação mais elevados para conseguir comprar casa, puxando as prestações para cima.
Considerando a totalidade dos contratos de empréstimos habitação em vigor, o valor médio da prestação a pagar ao banco subiu quatro euros entre julho e o mês passado, fixando-se em 268 euros em agosto, aponta o INE. Este é o maior valor registado desde maio de 2012, quando a prestação da casa, em termos médios, se fixou em 272 euros.
Como sobem as prestações da casa nos últimos 12 meses? E nos últimos 3 meses?
Olhando para os períodos de celebração dos contratos de crédito habitação, verifica-se que as prestações da casa estão, hoje, nos níveis mais elevados desde 2009, altura em que o país enfrentava a crise económica e as taxas Euribor estavam a começar a descer depois de, em 2008, terem atingido os 5%.
No caso dos contratos assinados nos últimos 12 meses terminados em agosto, a prestação média da casa fixou-se em 388 euros mensais, mais dez euros do que em julho. E é preciso recuar a fevereiro de 2009 para encontrar uma prestação da casa tão alta – foi nesse mês que a prestação média dos últimos 12 meses se sitiou nos 404 euros.
Já no universo dos contratos celebrados nos últimos três meses – ou seja, entre junho e agosto -, a prestação da casa situou-se, em média, nos 445 euros (mais 20 euros do que em julho). E este é mesmo o valor mais elevado desde que há registos contabilizados pelo INE (ou seja, desde janeiro de 2009).
Isto quer dizer que as famílias estão a aceitar pagar prestações da casa bem mais elevadas do que as praticadas ao longo da última década. E quem contratou um crédito habitação este verão (últimos três meses) ou no último ano está a pagar bem mais do que o valor médio de prestação da casa calculado para a totalidade dos contratos (268 euros):
- Quem contratou entre agosto de 2021 e agosto de 2022 está a pagar mais 136 euros;
- Quem contratou entre junho e agosto está a pagar mais 177 euros.
Além das prestações da casa estarem nos valores mais elevados desde que há registo, também o capital médio em dívida, de 60.750 euros é o mais elevado desde que há dados do INE, espelhando, também, a subida dos preços das casas.
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